A CerradinhoBio iniciou a safra 2025/26 com crescimento expressivo nas receitas e no lucro, sustentado pela consolidação do etanol de milho e pela entrada da produção de açúcar VHP em seu portfólio, mesmo diante de uma queda relevante na moagem de cana-de-açúcar e na produtividade agrícola. Os resultados divulgados ao mercado são do primeiro trimestre da safra, com destaques para o crescimento dos resultados e da rentabilidade, além da redução da alavancagem financeira, impulsionados pelo bom desempenho do negócio de milho e pela consolidação da produção de açúcar.
O lucro líquido consolidado foi de R$ 72,4 milhões, revertendo o desempenho praticamente nulo do mesmo período anterior, enquanto a relação entre dívida líquida e EBITDA recuou para 1,57 vez, reforçando o processo de desalavancagem.
De acordo com o último relatório da companhia, a moagem total (cana mais milho convertido em equivalente-cana) somou 3,68 milhões de toneladas, redução de 6,2% frente ao 1T24/25. A cana respondeu por 1,71 milhão de toneladas, recuo de 9,8%, impactada por chuvas acima da média em abril e junho e pela queda na produtividade — o TCH caiu 26,8%, para 78,5 t/ha, e o ATR recuou 2,8%, para 123,5 kg/t. Já a moagem de milho avançou 4,3%, atingindo 379 mil toneladas, beneficiada por maior eficiência industrial na planta de Maracaju (MS).
Açúcar foi destaque
A produção total de etanol foi de 226 mil m³, queda de 28,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O etanol de cana sofreu retração de 64,2%, devido à menor disponibilidade de ATR e à destinação de parte da matéria-prima para o açúcar. Em contrapartida, o etanol de milho cresceu 4,6%, alcançando 169 mil m³ (hidratado e anidro convertidos para equivalente hidratado), com melhora no rendimento de conversão para 452,1 L/t.
O açúcar VHP, novidade no portfólio, somou 118 mil toneladas no trimestre, resultado da expansão industrial concluída em junho de 2025, que elevou a capacidade para 500 mil t/safra. O faturamento foi de R$ 222,8 milhões, com preço médio líquido de R$ 2.219/t.
Nos coprodutos do milho, a produção de DDG (farelo de milho) atingiu 96 mil toneladas, alta de 11,3%, e a de óleo chegou a 7,5 mil toneladas, crescimento de 45,4% sobre um ano antes. As vendas renderam R$ 101 milhões (+43%) com DDG e R$ 39 milhões (+87,2%) com óleo, impulsionadas pelo aumento de volume e pela adoção de novas tecnologias de extração.
A energia elétrica também contribuiu para os resultados: foram exportados 120 GWh, alta de 29,7% sobre o mesmo período do ano passado, considerando tanto o fornecimento à planta de milho quanto as operações no mercado spot. A receita líquida com energia somou R$ 41,7 milhões, alta de 49,3%.
A receita líquida consolidada da CerradinhoBio atingiu R$ 1,02 bilhão, alta de 52% sobre o 1T24/25, puxada pelo açúcar, pelo etanol de milho (+51,4%) e pela energia. O etanol de cana registrou queda de 41,3% na receita, para R$ 129,3 milhões, mas com aumento de 9,7% no preço médio, para R$ 2.657/m³.
No desempenho financeiro, o EBIT ajustado consolidado avançou 217,3% e somou R$ 196,2 milhões, com destaque para o segmento milho, que saltou 238,9% e alcançou R$ 181,3 milhões. O EBITDA ajustado total foi de R$ 332,2 milhões, alta de 120,4%, sendo R$ 129,8 milhões no negócio cana (+57,6%) e R$ 202,4 milhões no milho (+196,2%).
Nos custos, o etanol de milho apresentou redução de 12,6% no custo caixa por m³, para R$ 1.876, influenciado pelo menor preço do milho e pelo maior aproveitamento dos coprodutos. No etanol de cana, o custo caixa ficou praticamente estável, em R$ 2.248/m³, enquanto no açúcar o custo caixa foi de R$ 1.714/t.
O trimestre foi marcado ainda pela redução de 9,5% na dívida líquida frente a março, encerrando junho em R$ 2,07 bilhões, com 81% do saldo no longo prazo e 100% indexado à moeda local. O Capex somou R$ 116,2 milhões, queda de 35,1% após a conclusão da fábrica de açúcar.
Segundo Renato Pretti, CEO da CerradinhoBio, os resultados confirmam a eficácia da estratégia adotada. “Mantemos nosso foco no fortalecimento das nossas operações e consolidação dos nossos movimentos de diversificação. Nesse trimestre, iniciamos a operação da nossa 2ª fase do açúcar, que nos proporciona desde então mix de produção na operação de cana de até 70% de açúcar. Esses dois elementos dão mais competitividade e flexibilidade para a companhia e, consequentemente, reforçam a nossa capacidade de investir de forma sustentável e gerar valor aos acionistas.”
Natália Cherubin para RPAnews