Na primeira quinzena de junho, as usinas da região Centro-Sul processaram 38,78 milhões de toneladas ante a 49,40 milhões da safra 2024/2025 – o que representa uma queda de 21,49%. No acumulado da safra 2025/2026 até 16 de junho, a moagem atingiu 163,58 milhões de toneladas, ante 190,94 milhões de toneladas registradas no mesmo período no ciclo anterior – retração de 14,33%.
Na primeira quinzena de junho, quatro unidades deram início à safra 2025/2026. Ao término da quinzena, estão em operação 255 unidades produtoras na região Centro-Sul, sendo 236 unidades com processamento de cana, dez empresas que fabricam etanol a partir do milho e nove usinas flex. No mesmo período, na safra 2024/2025, operaram 258 unidades produtoras, sendo 240 unidades com processamento de cana, nove empresas que fabricam etanol a partir do milho e nove usinas flex.
O diretor de Inteligência Setorial da UNICA, Luciano Rodrigues, explica que “a safra no Centro-Sul já opera praticamente em plena capacidade, com 95% das unidades ativas nesta quinzena. Ainda assim, a moagem registrou um recuo nos últimos 15 dias, impactada por condições climáticas desfavoráveis à colheita. As chuvas, concentradas principalmente nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e nas regiões de Araçatuba e Assis em São Paulo, prejudicaram o ritmo do trabalho no campo, fazendo com que o volume processado ficasse abaixo da média das últimas safras.”
Em relação à qualidade da matéria-prima, o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na primeira quinzena de junho atingiu 128,66 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, contra 134,55 kg por tonelada na safra 2024/2025 – variação negativa de 4,37%. No acumulado da safra, o indicador marca 119,60 kg de ATR por tonelada, registrando retração de 4,54% na comparação com o valor observado em igual posição no último ciclo.
Produção de açúcar e etanol
A produção de açúcar nos primeiros quinze dias de junho totalizou 2,45 milhões de toneladas, registrando queda de 22,12% na comparação com a quantidade registrada em igual período na safra 2024/2025 (3,15 milhões de toneladas). No acumulado desde o início da safra até 16 de junho, a fabricação do adoçante totalizou 9,40 milhões de toneladas, contra 11,02 milhões de toneladas do ciclo anterior (-14,63%).
Na primeira metade de junho, a fabricação de etanol pelas unidades do Centro-Sul atingiu 1,78 bilhão de litros, sendo 1,10 bilhão de litros de etanol hidratado (-17,97%) e 677,59 milhões de litros de etanol anidro (-26,97%). No acumulado do atual ciclo agrícola, a fabricação do biocombustível totalizou 7,50 bilhões de litros (-14,21%), sendo 4,94 bilhões de etanol hidratado (-13,02%) e 2,56 bilhões de anidro (-16,41%).
Do total de etanol obtido na primeira quinzena de junho, 20,11% foram fabricados a partir do milho, registrando produção de 356,98 milhões de litros neste ano, contra 306,31 milhões de litros no mesmo período do ciclo 2024/2025 – aumento de 16,54%. No acumulado desde o início da safra, a produção de etanol de milho atingiu 1,80 bilhão de litros – avanço de 22,02% na comparação com igual período do ano passado.
Vendas de etanol caem 13,92%
Na primeira quinzena de junho, as vendas de etanol totalizaram 1,26 bilhão de litros, o que representa uma variação negativa de 13,92% em relação ao mesmo período da safra 2024/2025. O volume comercializado de etanol anidro no período foi de 460,01 milhões de litros – retração de 10,18% – enquanto o etanol hidratado registrou venda de 803,95 milhões de litros – retração de 15,93%.
No mercado doméstico, o volume de etanol hidratado comercializado pelas unidades do Centro-Sul totalizou 779,90 milhões de litros – variação negativa de 16,58% em relação ao mesmo período da safra anterior. As vendas de etanol anidro, por sua vez, atingiram a marca de 442,61 milhões de litros – retração de 11,46%.
No acumulado desde o início da safra até 16 de junho, a comercialização de etanol pelas unidades do Centro-Sul somou 7,02 bilhões de litros, registrando queda de 4,47%. O volume acumulado de etanol hidratado totalizou 4,52 bilhões de litros (-7,41%), enquanto o de anidro alcançou 2,51 bilhão de litros (+1,32%).
“O diferencial relativo de preços entre o etanol hidratado e a gasolina nos postos revendedores está em 67,4% na média do País, oferecendo uma alternativa viável para o consumidor brasileiro economizar e descarbonizar. A atual paridade de preços favorece o etanol e abre espaço para um possível crescimento da demanda pelo biocombustível, em especial nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Minas Gerais”, explica Rodrigues.
Rodrigues também destaca que o anúncio da elevação da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina de 27% para 30% a partir de 1º de agosto deve ampliar a necessidade do biocombustível nos próximos meses. “A ampliação da mistura deve promover menor emissão de gases de efeito estufa, aumento na octanagem da gasolina, autossuficiência na produção do derivado fóssil e geração de empregos no território nacional”, acrescentou o executivo.
Mercado de CBios
Dados da B3 até o dia 27 de junho indicam a emissão de 21,28 milhões de créditos em 2025 pelos produtores de biocombustíveis. A quantidade de CBios disponível para negociação em posse da parte obrigada, não obrigada e dos emissores totaliza 26,82 milhões de créditos de descarbonização.
Os CBios disponíveis para comercialização e os créditos já aposentados para cumprimento da meta de 2025 somam cerca de 76% dos títulos necessários para o atendimento integral da quantidade exigida pelo Programa para o final deste ano.
Rodrigues destaca que na última semana, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) deliberou sobre a publicação da lista de sanção identificando as distribuidoras inadimplentes no âmbito do RenovaBio.
“A partir da divulgação dessa lista, fica vedada aos produtores a comercialização de combustíveis com as distribuidoras nela incluídas, até que estas regularizem sua situação. Trata-se de medida de fundamental importância para a consolidação do RenovaBio, reconhecido como um dos mais robustos programas de descarbonização do setor de transportes no mundo, por assegurar o cumprimento das metas de redução de emissões”, acrescentou o executivo.