O Ministério da Agricultura estima que 3 milhões de hectares de áreas degradadas serão recuperadas e convertidas em áreas produtivas a partir do ano que vem no âmbito do Programa Caminho Verde Brasil.
A projeção considera a recuperação de pastagens degradadas a partir de financiamentos para produtores por meio de recursos do Eco Invest Brasil e de parceria do governo brasileiro com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).
“Teremos, a partir do ano que vem, cerca de R$ 40 bilhões para financiar a recuperação de pastagens, além dos cerca de R$ 8 bilhões liberados pelo Programa de Financiamento a Sistemas de Produção Agropecuária Sustentáveis (Renovagro)”, afirmou o assessor especial do Ministério da Agricultura, Carlos Augustin, ao Broadcast Agro, nos bastidores da AgriZone na COP30.
Destes R$ 40 bilhões previstos, cerca de R$ 8 a R$ 10 bilhões devem partir de investimento feito pela Jica. Um acordo de cooperação entre a Jica, o Ministério da Agricultura e a Embrapa foi assinado na COP30.
De acordo com Augustin, a Jica deve aportar em torno de US$ 1,7 bilhão no projeto, cifra que deve ser alavancada por instituições financeiras na modalidade blend Finance. Ainda não há data para o repasse. “O valor total depende do interesse dos bancos e dos aportes de cada um. Talvez seja um modelo de leilão diferente do Eco Invest”, afirmou Augustin.
Outros R$ 30 bilhões foram captados por meio do leilão do Eco Invest Brasil, iniciativa do Tesouro Nacional para mobilizar recursos internacionais para projetos sustentáveis. No leilão, finalizado em agosto, dez agentes financeiros que venceram o certame se comprometeram a recuperar pelo menos 1,4 milhão de hectares. Os recursos serão repassados a produtores rurais por meio de financiamentos com condições acessíveis para recuperação de áreas degradadas e conversão em produção de alimentos ou florestas.
“Até o momento, não tem nenhum centavo no campo, ainda não chegou na mão do agricultor. Esperamos que os bancos concluam a implementação e os recursos estejam disponíveis aos produtores rurais até o início do ano que vem. Os bancos já selecionaram clientes e possuem projetos em análise, mas ainda não começaram a execução”, apontou Augustin, citando interesse dos produtores para produção de cacau no Cerrado e batata no Semiárido, além dos cultivos convencionais.
O governo federal tem a meta de recuperar 40 milhões de hectares de pastagens degradadas em dez anos por meio do Caminho Verde Brasil. “Há, ainda, outras alternativas para atingirmos esse potencial e alavancarmos os financiamentos, com o projeto de private equity, barter e outras soluções. Levaremos novamente o projeto ao Oriente Médio, pois sabemos, que eles têm interesse em participar do projeto”, observou Augustin.
Do lado das lavouras, conforme o secretário, as soluções tecnológicas existentes hoje são suficientes para a recuperação das áreas.
Agência Estado| Isadora Duarte
Jornalista viajou a convite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)


