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Com sócios do setor sucroenergético, Santa Fé Investimentos passa a mirar em commodities

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Gestora pretende avançar na elaboração de novos produtos voltados para o mercado de commodities

Fundada pela família Bueno na década de 1980, a gestora Santa Fé Investimentos recebeu em seu quadro societário os Junqueira Figueiredo, família conhecida no interior paulista pela atuação no segmento sucroenergético. Com a entrada dos sócios, a gestora deve avançar na elaboração de novos produtos voltados para o mercado de commodities.

“Queremos lançar novos produtos e aproveitar o bom momento que os ativos de risco devem ter a partir de agora”, afirma Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, um dos sócios do Grupo Lincoln Junqueira, que reúne cinco usinas sucroenergéticas, e novo sócio da Santa Fé.

Além de Luiz Gustavo, seu irmão e sócio Luiz Eduardo Junqueira Figueiredo também é o novo acionista da gestora dos Bueno. Ambos participam do conselho de administração da gestora e de comitês internos, sem função executiva.

A percepção de que deve haver uma virada no mercado acionário brasileiro é ancorada na expectativa de que os títulos de renda fixa incentivados, que angariaram o capital de muitos investidores nos últimos anos, estão “com os dias contados”.

“Não me parece que esses produtos vão continuar com incentivos que temos hoje. Ou os incentivos vão diminuir, ou vão desaparecer”, avalia Luiz Gustavo Figueiredo.

Como ele e o irmão têm experiência com hedge de commodities e de câmbio para travar os preços do açúcar que produzem, Luiz Gustavo quer estruturar “produtos que façam sentido para o público que está conectado com o mercado financeiro e com o agronegócio”.

Em sua visão, o mercado de commodities atualmente inspira “cautela”, mas também oferece oportunidades. “A China não está com crescimento tão forte como se imaginava, está lutando para continuar apresentando crescimento de 5%. Para investir em commodity ou empresa de commodities, tem de ser muito seletivo”, pondera.

Ele observa, porém, que no mercado de commodities, é possível aproveitar tanto as oportunidades de alta como de baixa.

Já no mercado de câmbio, a perspectiva da gestora é de que, com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o dólar continuará “relativamente forte” no mundo, mas que deve estar chegando próximo ao “pico de estresse” em relação ao real, “onde oportunidades podem estar mais na venda”.

A estratégia da gestora deve focar em commodities “em que o Brasil seja um grande player global, ou que seja representativo”, segundo Figueiredo, o que pode abranger opções como açúcar, etanol, café, boi e grãos, além de petróleo e derivados e minério de ferro.

De acordo com o empresário, a estratégia pode envolver tanto o posicionamento em commodities em si como em ações de empresas desses segmentos. Entre as ações que vêm chamando a atenção da gestora para oportunidades de ganhos estão as da Vale e da Aura Minerals.

“No caso da Vale, temos chamado a atenção no comitê de gestão de que talvez o papel já tenha precificado o cenário muito ruim da commodity e da política da empresa. Mesmo a China não tendo crescimento espetacular, vemos muito pouco ‘downside’ em minério de ferro agora”, afirma Figueiredo. “Após a China anunciar estímulos à economia, achamos que vêm mais estímulos”, diz Sergio Battistella Bueno, filho do fundador da gestora, Fernando Luis Cardoso Bueno.

No caso das commodities agrícolas, a gestora começa a ver oportunidades de ganhos com ações da SLC, Terra Santa e BrasilAgro. Na avaliação do executivo sucroenergético, essas empresas ganharam muito dinheiro na pandemia com a interrupção de cadeias, as altas de preços e do dólar.

“As margens dos produtores foram muito altas. Depois veio a ressaca e as margens voltaram ao normal. Agora já olhamos com olhos diferentes, visando, quem sabe, no ano que vem, uma volta da valorização desses papéis”, diz.

Para Bueno, “quando as taxas de juros [no Brasil] começarem a cair, a demanda da China voltar. E se houver alguma quebra agrícola, o setor volta a crescer”. Essa perspectiva, porém, não é para o curto prazo. “O cenário de grãos em 2025 ainda vai ser complicado”, completa.

A Santa Fé já tem um fundo hoje focado apenas no agronegócio, o Santa Fé Agro Hedge, que tem em sua carteira tanto ações de empresas do setor como cotas de fundos de investimento em agronegócio (Fiagros). Mas o plano é estruturar outros tipos de veículos de investimento, segundo ele.

A gestora chegou a iniciar em 2021 a estruturação de um Fiagro próprio, o Santa Fé Terra Mater, focado em investimentos em terras. “Com a Selic a 2% na época, achávamos que era a janela perfeita, dada nossa expertise na família em abertura de fazendas”, diz Bueno. Além da atuação no mercado financeiro, sua família também possui fazendas de cana em Orlândia (SP) e São Joaquim da Barra (SP) e de grãos em Tocantins.

Com a deterioração do cenário macroeconômico ainda em 2021, a gestora decidiu adiar o lançamento do fundo. Segundo Sergio Battistella Bueno, mesmo a conjuntura atual do agronegócio ainda não favorece a retomada do plano. “Com as recuperações judiciais que estão acontecendo, as perdas de margens e as revendas com dificuldade, os Fiagros estão sofrendo bastante”, afirma.

Em sua visão, só faz sentido retomar o lançamento do Fiagro que estava sendo estruturado para atuar com terras quando as taxas de juros estiverem em um dígito.

Globo Rural/Camila Souza Ramos

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