Indústria
Como fazer a transformação digital no setor sucroenergético?
A Transformação Digital é o processo que ocorre quando há uma mudança nas operações de uma empresa, onde a orientação das tomadas de decisões sejam baseadas em dados.
Desta forma, os dados são protagonistas de todo um arcabouço de mudanças na sociedade moderna, nas indústrias e também, no setor sucroenergético. Quanto trazemos a terminologia dos dados para o setor sucroenergético, temos a Usina 4.0, onde podemos dividir este processo de mudança em três grandes momentos:
Primeiro momento: a operação, manutenção, gestão e área agrícola, tomará decisões baseado em Dados, o que está acontecendo em Tempo Real, com todos os setores interconectados;
Segundo momento: a operação, manutenção, gestão e área agrícola, usarão ferramentas de Tecnologias Habilitadoras para planejamento, operação, redução operações e ponto ótimo, aumento de segurança e controle de qualidade;
Terceiro momento: a operação, manutenção, gestão e área agrícola, usarão IA Inteligência Artificial e Ciência de Dados para tomada de decisões, usando Insights e Tendências, Probabilidade e Estatística, Aprendizado de Máquina e Automação de Dados.
Para que estes momentos aconteçam de forma estruturada, há uma metodologia, não única, mas que permite construir uma Jornada de Transformação Digital, desde o estudo inicial até a implantação de sistemas de IA Inteligência Artificial, podemos dividir estas etapas de implantação em três fases:
A primeira fase consiste no Estudo de Planejamento da Transformação Digital, nesta fase é construído um documento norteador de ações, que se inicial com a coleta de dados de toda a planta industrial, chamado de Maturidade, onde responde a questão, onde estou para onde vou. Depois disto, é construído um Roadmap, isto, é, um mapa que aponta dentro de uma lista, os pontos fortes e fracos que elevar o nível de tomada de decisões na empresa com ferramentas digitais, além de identificação de oportunidades para projetos. E finalmente, construímos um Plano Inicial de Implantação, documento que lista detalhadamente as ações que devem ser iniciadas no projeto como um todo.
A segunda fase, chamamos de Curva de Adoção de Dados, pois o foco é o Usuário, nesta fase, o mais importante é criar pequenas iniciativas de uso de dados para criação de aderência, onde o usuário passa a experimentar uma mudança em sua operação diária, usando pequenas ferramentas que permitirão ele entender a mudança e o impacto no seu dia a dia. Para que isto ocorra, inicia-se com a implantação de uma infraestrutura de conectividade e extração de dados, entregando pequenas informações em tempo real da produção, e após esse momento, inicia-se a implantação de Tecnologias Habilitadoras que façam sentido nas principais necessidades, apontadas no Roadmap, por exemplo, implantação de Gêmeo Digital, Controle Avançado, entre outros.
Finalmente na terceira fase, vamos evoluir na Tomada de Decisões baseada em dados, onde o usuário trabalhará em seu setor ou área com dados em tempo real, iniciando com KPI, indicadores de performance, passando para Insights, que indicam tendencias nos processo, depois passando por decisões estatísticas, baseada em mineração de dados e por último, utilizando Aprendizado de Máquina, com objetivo de diminuir processo onde possam ser automatizados, permitindo que a operação se transforme em supervisão operacional, utilizando IA.
Por onde começar? Fazendo o Estudo e Planejamento. O que entrega? Um caderno onde aponta seu estado atual na Transformação Digital, com projetos e fases de implantação.
Itens entregáveis do Estudo de Maturidade (Plano Estratégico):
- Integração de sensores, transmissores e atuadores
- Sensoriamento para digitalização
- Comunicação e conectividade
- Infraestrutura de rede
- Segurança da informação e Cibersegurança
- Funcionalidades de armazenamento de dados e troca de informações
- Camada de IoT, IIoT e Cloud Computing
- Monitoramento
- Visualização
- Atividades operacionais rotineiras
- Eventos operacionais e de manutenção
- Acompanhamento e registro operacional
- Comunicação operacional
- Operações humanas no processo produtivo -automação
- Automação do processo
- Otimização do processo
- Tomando decisões
- Inteligência artificial
Itens entregáveis do Roadmap (Plano Tático):
- Requisitos de estudo
- Gráfico comparativo de maturidade
- Identificação de GAP
- Identificação de projetos
- Identificação de oportunidades
- Benefícios dimensionais
- Categorização de projetos
- Melhorias de levantamento
- Contexto de impacto (mapa de calor)
- Direcionamento de iniciativas
- Ondas de implantação
- Rotas de implantação
- Plano de treinamentos
Itens entregáveis do Plano Inicial de Implantação (Plano Operacional)
- Abertura de projeto de implantação
- Arquitetura de automação e digitalização
- Priorização de atividades (subir a régua da automação)
- Ferramentas de tecnologias habilitadoras e banco de dados
- Plano de Cibersegurança
- Plano de ação para otimização de processo para implantação de IoT
- Definir atividades para Extração de Dados (fase prioritária)
- Plano de treinamento de uso de ferramentas (aderência)
- Plano convergência dos setores de TO Tecnologia de Operação e TI Tecnologia da Informação equipe e procedimentos de manutenção
- Construção do novo centro de gerenciamento com os novos conceitos de monitoramento
- Mudança das telas de operação industrial de acordo com novo modelo ISA 101
- Contratação de novos profissionais com perfil de digitalização
- Estruturar o sistema de nuvem para iniciar a jornada de análise de dados e ia com profissionais de BackEnd e FrontEnd
- Iniciar a construção de interfaces com tecnologia de RA Realidade Aumentada para manutenção
- Integração e convergências das outras áreas da usina no DataLake e replicar modelos novos de tomada de decisões baseado em dados
Concluímos que a importância de fazer um planejamento e um Roadmap para a implantação da transformação digital nas usinas é crucial para o sucesso e a sustentabilidade dos negócios de bioenergia no panorama atual. A transformação digital envolve a aplicação estratégica de tecnologias digitais para otimizar processos, melhorar a eficiência operacional, impulsionar a inovação e aumentar a competitividade.
Um planejamento cuidadoso é essencial para identificar os objetivos específicos da transformação digital, alinhando-os com a estratégia de negócios das usinas. Isso permite uma visão clara do que a organização espera alcançar e dos passos necessários para chegar lá. O Roadmap, por sua vez, oferece uma direção clara e sequencial de implementação, definindo marcos e prazos para as diferentes etapas do processo.
Ao estabelecer um planejamento e um Roadmap, a usina pode se beneficiar de diversas maneiras. Primeiramente, a abordagem estruturada permite uma análise aprofundada dos processos existentes e das áreas que podem se beneficiar da digitalização. Isso facilita a identificação de oportunidades de melhoria e a seleção das tecnologias mais adequadas para atender às necessidades específicas da usina.
Além disso, o planejamento e o Roadmap ajudam a mitigar riscos e desafios associados à transformação digital. Eles permitem uma alocação adequada de recursos, tanto financeiros quanto humanos, evitando investimentos desnecessários ou a falta de suporte necessário para implementar com sucesso as mudanças. Também possibilitam a identificação antecipada de obstáculos e a criação de estratégias de mitigação para lidar com eles.
Outro benefício importante é a capacidade de envolver os stakeholders relevantes desde o início do processo. Ao comunicar claramente os objetivos, o cronograma e as expectativas, é possível obter o apoio e o engajamento necessários de todos os envolvidos, incluindo funcionários, fornecedores e parceiros estratégicos. Isso aumenta as chances de sucesso e a adoção efetiva das mudanças propostas.
O planejamento e o Roadmap oferecem uma visão de longo prazo, permitindo a usina acompanhar o progresso, avaliar os resultados e ajustar a estratégia, se necessário. A transformação digital é um processo contínuo, e um planejamento estruturado facilita a adaptação às mudanças tecnológicas e às demandas do mercado ao longo do tempo.
*Márcio Venturelli é especialistas em Automação e Digitalização Industrial para o Setor Sucroenergético, coordenador Técnico do IST Instituto SENAI de Tecnologia de Sertãozinho e Professor de Graduação e Pós-Graduação
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