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Confira 10 temas para o agro ficar de olho 2023

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As cadeias produtivas do agro paulista se mobilizam para atender às determinações do Governo do Estado de São Paulo e continuar produzindo e escoando a produção para garantir o abastecimento de alimentos a população.

Clima, abastecimento e mercado de insumos, margens do etanol de milho, ritmo de crescimento global e custos logísticos estão entre os temas mais relevantes para o agronegócio em 2023. A consultoria Céleres, em uma análise de curto prazo da dinâmica agrícola do Brasil, trouxe 10 assuntos mais relevantes para este ano. Confira:

1. Desaceleração do ritmo de crescimento global impõe desafio para pauta exportadora em 2023

De acordo com os analistas da Céleres, o cenário global adverso de inflação alta e persistente e riscos geopolíticos deverão limitar o crescimento mundial em 2023. O faturamento com as exportações do agronegócio brasileiro já cresceu 23% em 2022.

“Porém, espera-se uma queda no ritmo de crescimento dos protagonistas da pauta exportadora brasileira, no qual a China tem previsão de crescimento para 2023 de apenas 4%, contra a média de 6,6% de 2013-21, podendo impactar negativamente agrícolas importados brasileiros”, disseram os analistas.

Dada a baixa elasticidade-renda do consumo de alimentos em geral, o é de cenário de baixo crescimento e não deve diminuir os volumes comprados do Brasil, mas dará um viés de pressão sobre os preços globais destes produtos.

2. Clima em 2023: a bola da vez é o El Niño

Estima-se que as safras de soja e milho no verão ocorrerão dentro da normalidade para anos de La Niña, com ausência de chuvas para extremo Sul do América do Sul, sobretudo RS e Argentina. Contudo, as possíveis perdas aparentam ser menores que em anos anteriores.

De acordo com análise da Céleres, dada a ausência de atrasos relevantes nos trabalhos iniciais e de desenvolvimento de soja, o plantio de milho inverno deve acontecer dentro da janela adequada, desde que as chuvas não atrapalhem a colheita em 2023.

“O cenário de neutralidade do El Niño como esperado em 2023, via de regra, apontam para boas condições de produtividade de milho inverno no país.  O risco pode ficar para a janela de cultivo
da soja 2023/24 e, desta vez, com alerta para o Cerrado. Se a projeção das temperaturas do pacífico se reforçar no 2º temestre/23 e confirmar El Niño de fraca a média intensidade, as produtividade de soja na região Centro-Oeste e Norte do país podem ser impactadas”, afirmam.

3. Reviravolta no abastecimento de insumos: estoques recordes de fertilizante em 2023

Depois de um início de 2022 com diversos receios sobre oferta global de fertilizante, sobretudo após conflitos Rússia e Ucrânia, o Brasil conseguiu se abastecer de forma adequada. No entanto, os altos preços e a piora na relação de troca fizeram com que o uso médio de fertilizantes em 2022 fosse menor que em anos anteriores.

A presença de estoques formados a altos preços e a manutenção do conflito Rússia-Ucrânia e seus
desdobramento mantém o cenário de preços historicamente elevados do insumo ao produtor final
brasileiro em 2023. Contudo, de acordo com os analistas, nota-se um viés de estabilidade no período fruto da dificuldade de vendas para o produtor rural.

4. Novo mercado sob disputa: especialidades

A oportunidade de ingresso em um mercado com margens atraentes (~40-50%) tem chamado a atenção do setor. De acordo com a Céleres, a expectativa para os próximos 10 anos é que o segmento de especialidades, como nutrição especial de plantas e biológicos, cresça a taxas expressivas, de 20% a 25% ao ano.

“Contudo, antes de entrar no segmento, alguns pontos para prestar atenção: Como gerar e defender valor em um segmento com baixa barreira de entrada? Como gerar sinergia entre o portfolio de bioinsumos e de insumos tradicionais, a ponto de expandir o share-of-wallet? On-farm ou produtos de prateleira, qual segmento será vencedor?”, indagaram os analistas.

5. Mais consolidação no setor de distribuição de insumos

O mercado de distribuição de insumos teve mais um ano com muitos movimentos de consolidação e sinalizações promissoras para os próximos anos. Além dos fundos private equity, as indústrias de insumos e players internacionais estão remodelando as estratégias de acesso a mercado, sobretudo para pequeno e médio produtor.

A Céleres assessorou a Sollo Sul e Dissul na venda de participação para a Lavoro, que continuou com seu ritmo de aquisições em 2022 e adquiriu companhias com atuação nos estados de SP, MG, PR e RS.

Segundo a Céleres, a Nutrien fez um movimento importante com a aquisição da Casa do Adubo, que deve adicionar mais de R$ 1 bilhão ao seu faturamento, adicionalmente a Marca e Safra Rica, fortalecendo sua atuação no Sudeste.  A Adubos Real, investida da Marubeni, realizou duas aquisições no último trimestre do ano, a Yoshida & Hirata com foco em hortaliças e hortifruti, e Lemefértil, com atuação em São Paulo.

“A Syngenta concluiu o ano de 2022 com duas aquisições Grupo Jangada e Agrocerrado, fortalecendo sua presença nas regiões de MG e MS. A subsidiária da Sumitomo, Agro Amazônica realizou sua primeira aquisição, expandindo a atuação da companhia para o Sudeste do país. A Agrogalaxy concluiu no início de 2022 a aquisição da Agrocat, somando mais 11 lojas no grupo, totalizando 150 lojas. A BASF acompanhando o movimento do seus pares da indústria, lançou em parceria com a Vertem um ecossistema de produtos e serviços digital”, resumem os analistas.

6. Margens menores à vista: perspectiva de resultado da produção de grãos em 2023 

Após dois anos de margens elevadas, a próxima safra deve marcar, de acordo com a Céleres, o início de transição para “margens normais” na produção de soja e milho. “É certo que o aumento dos preços de fertilizantes pioraram a relação de troca para produção de soja e milho em 22/23”, disseram.

A expectativa de preços de estáveis a menores em 2023 também deve limitar margem do produtor. Para o produtor rural, a nova realidade de margens e baixo ritmo de venda antecipada sinaliza cuidado para estratégia de comercialização de grãos e insumos.

“Para cadeia produtiva, o cenário exigirá uso de estratégias e ferramentas de gerenciamento e monitoramento de risco”, afirmam.

7. “Ex-patinho feio”?: Custos logísticos de soja no Brasil e nos EUA

Com problema estrutural até a última década, a logística de grãos no Brasil já se equipara aos concorrentes relevantes e garante a competitividade no pós da porteira da agricultura nacional. “Os exemplos de melhorias logísticas nos últimos anos vão desde início e/ou ampliação de novos sistemas logísticos como Itaqui ou Arco Norte, operação de novos trechos ferroviários até novos
negócios para digitalização e micro gerenciamento das pontas logísticas”, avalia  os especialistas da Céleres.

A depreciação cambial a partir de 2020 também diminuiu o gap de custos logísticos entre Brasil e Estados Unidos.  A mudança do arcabouço regulatório de ferrovias e portos altera a dinâmica do jogo, ao possibilitar o estudo de viabilidade de diferentes trechos ou a operação de terminais privados e alavancar ainda mais a transformação da logística nacional.

8. O aumento da relevância do Brasil no fornecimento global de outros produtos agrícolas

A expansão produtiva (área e produtividade), as melhorias logísticas e a desvalorização do Real consolidam o Brasil na liderança da exportação de soja no pós-pandemia. Combinação entre clima ruim e problemas logísticos no EUA e crescimento esperado de oferta do cereal no Brasil pode equalizar as exportações de milho entre Brasil e os EUA – tradicionalmente maior exportador
global do cereal.

De acordo com os analistas, o crescimento rápido e consistente da produção e do comércio internacional de produtos agrícolas no país puxa as oportunidades de investimento em logística no escoamento de grãos e importação/distribuição de insumos.

“Estratégia, ferramentas e dados para planejamento em supply chain são os fatores chave para ganhar a corrida competitiva, seja para definição dos modelo de negócio e acesso a mercado (grãos e insumos), para localização de plantas produtivas, ou de centros de distribuição,
entre outros”, apontam.

9. Mais soja no diesel: mudança dos percentuais de biodiesel em 2023

Segundo os analistas poderá haver aumento dos percentuais de mistura obrigatória de biodiesel no diesel e isso deve dar novo ânimo para mercado de óleos vegetais, sobretudo de soja.

“A sinalização prévia do novo governo é de retomar os 14% em jan/23 e 15% a partir de mar/23. No entanto, esse reajuste deverá depender do comportamento inflacionário em 2023 e da resiliência governo para colocar novos percentuais”, disseram os analistas da Céleres.

A Céleres acredita num percentual intermediário, de 13% a partir de março de 2023, no cenário base. “Se confirmado esse cenário e outras premissas de uso de óleo, a produção de óleo de soja para biodiesel deve diminuir a ociosidade do parque industrial de processamento de soja para
15%-20% em 2023”, disseram.

Independente do percentual, para os analistas, a maior demanda para biodiesel deve alterar dinâmica de exportações e consumo interno de óleo, guiar as margens das esmagadoras em 2023 e impor desafios para novo modelo de comercialização de biodiesel.

10. Retorno à  normalidade? Margens de etanol de milho em 2023

A retirada dos impostos federais e diminuição de ICMS sobre combustíveis no meio do ano atrapalhou as margens do setor de biocombustíveis no segundo semestre de 2022.

A indicação inicial do governo foi de manter os tributos sobre gasolina e etanol até março  de 2023, continuando a pressão sobre as margens do setor do biocombustível no começo de 2023.

“No entanto, a perspectiva é que tais medidas fiscais possam ser revistas ao longo de 2023, mesmo com possíveis desdobramentos inflacionários. Se confirmado o retorno da tributação sobre combustíveis, as margens esperadas de processamento podem retornar ao nível anterior à mudança tributária”, disseram os analistas da Céleres.

O cenário de preços de milho mais contidos em 2023 em relação ao biênio anterior também contribuem para compor as margens do setor. “Outro tema importante para margem está
em compreender os elementos que fizeram”, disseram.

Fonte: CÉLERES, CEPEA, IMEA. Elaboração: CÉLERES®. Nota: Cenário de rentabilidade considera o retorno dos impostos sobre combustíveis em abril/23

Além disso, o relatório da Céleres ainda coloca mais um assunto como importante para 2023: o uso do solo no Cerrado pode expandir?

De acordo com o levantamento da Céleres, a expansão agrícola no Cerrado nas últimas décadas deu nova dinâmica ao uso do solo no bioma, em que hoje predominam a Agropecuária (45,4%) e Florestas (44,6%).

“Cabe destaque à expressiva área dedicada à preservação da vegetação nativa nos imóveis rurais no Cerrado, que somavam 64,28 milhões de hectares em 2021, equivalente a 42% da área das
propriedades rurais”, disseram os analistas.

O emprego de pacotes tecnológicos para aumentar a produtividade sem a necessidade de abertura de novas áreas, o estoque atual de áreas agricultáveis, bem como as pressões do mercado externo para questões ambientais e o viés conservacionista do atual governo devem dar novos caminhos para a expansão da agricultura nos próximos anos.

“Neste cenário, pastagens degradadas, que correspondem a 19,8 milhões de hectares, tendem a ser convertidas em agricultura para dar sustentação ao crescimento do setor na região”, projetaram.

Natália Cherubin com informações da Céleres

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