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Mercado

Cresce emissão de títulos verdes do setor agropecuário

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O agronegócio vem captando mais recursos por meio de operações de crédito sustentáveis, os “títulos verdes”, e a expectativa é de que o montante levantado em 2021 cresça ao menos 50%. É o que diz à coluna Cristóvão Alves, gerente de Finanças Sustentáveis da Sitawi.

A organização é líder em avaliações independentes dessas operações. Após uma única transação em 2015, a da BRF, e duas em 2019, saltou para 13 no ano passado o número de títulos internacionais, empréstimos, Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e outros papéis com benefícios sociais, ambientais e/ou climáticos. Em 2021, já são 11.

Diversos fatores impulsionam o mercado. Desde agosto do ano passado estão publicados critérios de certificação para o agronegócio pelo Climate Bonds Initiative (CBI) e tem aumentado o interesse do setor em se financiar por esta via, assim como há maior procura de investidores. Alves aposta também nas captações por bancos para emprestar ao agro.

Limpos. Em 2020, usinas de açúcar e etanol lideraram as transações com títulos verdes. Mas empresas produtoras de grãos, ovos e cooperativas também contribuíram para a captação chegar a R$ 1,472 bilhão no Brasil e US$ 655 milhões no exterior — US$ 940,8 milhões ao todo.

Aqui mesmo. Neste ano, das 11 captações, oito foram no Brasil, somando R$ 2,161 bilhões, e três internacionais, de US$ 830 milhões, totalizando US$ 1,213 bilhão. Companhias de bioenergia ainda são maioria, mas M.Dias Branco, de biscoitos e massas, e Ourofino Agrociência, de agroquímicos, também entraram no jogo.

Chega mais. A chefe do CBI na América Latina, Leisa Souza, explica que os critérios de agricultura orientam a certificação de “Títulos Climáticos” emitidos para diversas culturas, como soja, algodão, setor sucroalcooleiro e pecuária. Leisa, assim como Alves, também vê possibilidade para que, no curto prazo, bancos ou agroquímicas façam emissões verdes cujos recursos se destinem a um grande número de produtores. “Um CRA pulverizado não é algo que está longe de acontecer”, diz a executiva.

Maduros. Os segmentos de carnes e o sucroalcooleiro são hoje os mais preparados para emitir títulos sustentáveis, e o setor de grãos vem se aproximando desse mercado, destaca Moacir Ferreira Teixeira, sócio e fundador da securitizadora Ecoagro. Médias e grandes empresas, com melhor gestão, são as com maior facilidade para acessar investidores, pondera. “Surpreendido” pela demanda de investidores por esses ativos, ele espera fechar 2021 com R$ 1 bilhão em cerca de dez operações — até agora, foram quatro CRAs, que somam em torno de R$ 350 milhões.

Para frente. Se o Brasil quiser solidificar a sua posição como exportador de alimentos sustentáveis, em especial soja, deverá recorrer cada vez mais à agricultura de baixo carbono, diz Paulo Sousa, presidente da Cargill no País. “É positivo perceber que há uma elite de produtores que começa a enxergar a redução de emissões de carbono com outros olhos”, afirma. A multinacional busca um movimento similar também no transporte de produtos agrícolas. “Temos compromisso de redução das emissões das nossas cadeias.”

Consolida. A Syngenta concluiu sua primeira exportação direta de soja brasileira para o mercado chinês. O navio, com 70 mil toneladas do grão, deve chegar ao porto chinês de Xinsha amanhã (11), a partir do Porto de Santos. Como a coluna antecipou em janeiro, a empresa embarcou apenas produto recebido dos agricultores brasileiros via barter, mecanismo pelo qual a comercialização dos insumos é feita em troca de grãos na colheita.

Socorro. Coordenadores de cerca de 120 projetos da Embrapa financiados com recursos administrados pela Fundação Eliseu Alves (FEA) estão apreensivos com o futuro das iniciativas. Segundo uma fonte ligada à estatal, a Fundação, com dívidas próximas a R$ 3 milhões, demitiu há 20 dias seus funcionários (pouco mais de 20), que ingressaram com ações na Justiça do Trabalho para garantir o pagamento devido, o que levou à determinação de arresto dos bens da FEA.

Para onde? A execução da maioria dos projetos, que têm financiamento de aproximadamente R$ 200 milhões de parceiros como Bayer, Shell, BNDES, Eletrobras e outros, já foi interrompida, diz a fonte. O interlocutor teme não apenas pelo destino das iniciativas como pela reação dos apoiadores. “Eles podem solicitar o dinheiro de volta”, alerta.

De fibra. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) vai organizar no mês que vem uma série de webinars com empresários, traders e industriais dos principais importadores para promover o algodão brasileiro. Bangladesh, Vietnã e Índia já têm datas confirmadas e a associação negocia agendas para Coreia do Sul, Indonésia, Turquia e Paquistão. “O objetivo é informar ao nosso mercado na Ásia como está a situação da safra brasileira de algodão 2020/21”, conta Júlio Cézar Busato, presidente da Abrapa.

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