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Custo de produção das usinas sucroenergéticas subiu quase 40%
Alta nos custos de insumos como fertilizantes e diesel, o aumento no valor dos arrendamentos das terras e a quebra da safra 2021/22, foram fatores determinantes para a alta no custo de produção das usinas – considerando área agrícola mais industrial – que atingiu cerca de 40% em relação a safra anterior. Os dados são de um levantamento do Pecege.
Nessa conta, divulgada em reportagem do jornal Valor Econômico, o Pecege considerou tanto os custos apenas operacionais quanto as perdas com depreciação e o custo de capital. O estudo foi feito com quase 50 empresas, que respondem pelo processamento de 40% da cana do país.
Na agrícola, o custo do arrendamento foi o que mais subiu e representa hoje 21% de todos os custos agrícolas no ciclo 2021/22. Segundo o levantamento, o valor de 1 hectare de terra arrendado aumentou 58%, para R$ 2.376 (ainda que os valores mudem bastante de acordo com cada região), na safra anterior, a média foi de R$ 1.525.
De acordo com os analistas do Pecege, o aumento do valor da terra está associado tanto ao mercado sucroalcooleiro quanto ao de grãos. Além do aumento do valor do ATR, diante dos preços do açúcar e do etanol, que impactam o custo do arrendamento, também houve avanço da soja sobre áreas de cana-de-açúcar.
João Rosa, gestor do Pecege Projetos, afirma que a maior participação da soja vem pressionando o valor das terras em algumas regiõe. “Onde há pressão da oleaginosa, o parâmetro tradicional, de cobrar pelo valor de 18 toneladas de cana por hectare, vem subindo para 19”, disse.
Considerando todos os custos agrícolas dos produtos vendidos, de acordo com o Pecege, o aumento foi de 38% na safra 2021/22 em comparação com a anterior, que alcançou R$ 143 por tonelada de cana processada. Se adicionado a isto os ajustes pela depreciação das lavouras, que a cada ano perdem capacidade produtiva, e o custo de capital para investimentos no ativo agrícola, o custo agrícola total estimado para a safra fica em R$ 161 a tonelada de cana, 41% acima do custo da safra passada.
O diesel representou 20% no aumento tanto dos gastos com carregamento e transbordo de cana como com transporte da matéria-prima às usinas. O Pecege observou que as geadas foram outro fator que fizeram as empresas mudarem seu cronograma de colheita, priorizando o corte em áreas afetadas pelo problema, o que também gerou aumento de custos em alguns casos.
Indústria subiu 39%
As operações da indústria sucroenergética também subiram. Na média das 50 companhias que participam do levantamento, apenas o custo operacional industrial subiu 39%, para R$ 25 por tonelada. Considerando depreciações e custo de capital, este custo subiu para R$ 37 por tonelada, 37% acima da safra passada.
Os principais insumos tiveram alta como a energia elétrica (98%) e os produtos químicos (73%), como é o caso do ácido sulfúrico. Segundo Rosa, parte dos insumos ficou mais cara por ser dolarizada, mas o impacto depende da política de compra que cada usina decidiu adotar.
Muitos custos, porém, aumentaram por causa da redução da colheita de cana, que impediu a diluição dos custos. Foi o que puxou a forte alta do custo relativo da mão de obra industrial, que subiu 74% nesta safra e passou a representar quase um quarto dos custos industriais.
Fornecedores de cana tiveram margem
Os fornecedores de cana, mesmo com o aumento de custos, tiveram lucro na safra 2021/22 devido ao valor do ATR. Nos casos dos acordos em que as usinas pagam apenas os valores definidos pelo Consecana, os produtores conseguiram margem de R$ 24 por tonelada, valor cinco vezes maior do que a safra passada.
No caso dos acordos em que usina e produtor acertam uma remuneração referente a um ATR pré-determinado de, por exemplo, 125 quilos de ATR por tonelada de cana moída, a margem chegou a R$ 45 por tonelada, o dobro do ciclo passado, segundo dados do Pecege. Já no mercado spot, em que não há acordo prévio, a margem dos produtores chegou a R$ 72 a tonelada, salto de 100% em relação a safra anterior, quando o resultado foi zero.
Com informações divulgadas pelo Pecege e Valor Econômico
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