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Déficit hídrico na cana-de-açúcar supera 1.000 mm nesta safra, aponta boletim do CTC

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Produtividade tem queda de 7,4% no acumulado até agosto frente ao mesmo período de 2023/2024

A safra 2024/25 de cana-de-açúcar tem sido marcada por condições climáticas adversas, que estão impactando a produtividade na região Centro-Sul do Brasil. De acordo com o boletim “De Olho Na Safra”, divulgado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o acumulado de déficit hídrico até agosto de 2024 ultrapassou os 1.000 mm, prejudicando severamente o rendimento dos canaviais.

O indicador de produtividade, que mede toneladas de cana por hectare, apresentou uma queda de 7,4% entre abril e agosto deste ano, em comparação com o mesmo período da safra anterior. A produtividade caiu de 93,3 toneladas por hectare em 2023/2024 para 86,4 toneladas por hectare em 2024/2025. Em agosto, essa queda foi ainda mais acentuada, com uma redução de 13,7%, passando de 91,2 toneladas por hectare no mesmo mês do ano anterior para 78,7 toneladas por hectare.

Outro fator que agravou a situação foi o aumento no estágio médio de corte, segundo o CTC,que reflete a colheita de canaviais mais envelhecidos. Com canaviais mais antigos, a produtividade tende a ser menor, dificultando ainda mais a recuperação do setor.

Em termos de qualidade, o teor de açúcares recuperáveis (ATR) se manteve estável em relação à safra anterior, com índices semelhantes ao período de 2023/24. No entanto, a pureza do caldo apresentou queda de dois pontos percentuais, influenciada pela maior concentração de açúcares redutores, um efeito direto do estresse hídrico enfrentado pelos canaviais.

 Prejuízos e desorganização da colheita

Além do déficit hídrico, as queimadas se tornaram outro grande desafio para os produtores da região Centro-Sul. Segundo levantamento do CTC Geo, com base em dados do CanaSat e imagens de satélite da segunda quinzena de agosto, aproximadamente 400 mil hectares de canaviais foram atingidos pelo fogo. As regiões mais afetadas foram Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e São Carlos.

As queimadas causaram danos significativos. Áreas já colhidas precisarão de novos investimentos em tratos culturais, como aplicação de NPK e herbicidas, ou passar por processos de roçagem para garantir uma melhor rebrota. Já os canaviais imaturos ou próximos ao ponto de colheita estão sendo colhidos de forma emergencial, a fim de minimizar as perdas de qualidade e produção.

Os prejuízos financeiros ainda estão sendo avaliados, mas os impactos na produção são claros. As medidas emergenciais adotadas para lidar com o déficit hídrico e as queimadas têm prejudicado a organização das colheitas atuais e futuras, complicando a sistematização do processo e elevando os custos operacionais.

Com esse cenário desafiador, o setor canavieiro no Centro-Sul enfrenta uma das safras mais difíceis dos últimos anos, demandando novas estratégias para mitigar os efeitos climáticos

e as perdas agrícolas. As expectativas agora estão voltadas para os próximos meses, com a esperança de uma melhoria nas condições climáticas e a implementação de práticas que possam recuperar, ao menos em parte, a produtividade e a qualidade dos canaviais afetados.

O setor seguirá monitorando de perto a evolução da safra e avaliando as melhores alternativas para mitigar os impactos causados por esses desafios, buscando garantir a sustentabilidade e competitividade do mercado de cana-de-açúcar no Brasil.

Natália Cherubin para RPAnews
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