O empresário Eike Batista voltou a defender publicamente a chamada “supercana” — variedade de cana-de-açúcar que, segundo ele, pode triplicar a produção de etanol e gerar até 11 vezes mais bagaço que as cultivares mais comuns. Em entrevista ao CNN Money, o ex-bilionário afirmou que vê potencial para o uso da tecnologia em novos nichos de mercado, como o combustível sustentável para aviação (SAF) e a produção de bioplásticos.
De acordo com Eike, a variedade já foi testada no campo entre 2016 e 2018, em 22 mil hectares, alcançando médias de 182 toneladas por hectare sem irrigação ou adubação. Ele compara: “As canas mais comuns chegam, no máximo, a 120 toneladas por hectare, com média de 78 e queda para 50 a partir do quinto ano. A supercana mantém 180 toneladas estáveis por dez anos”.
O empresário destaca que a substituição das lavouras atuais pela nova variedade não exigiria investimento adicional dos produtores, mantendo o mesmo custo de plantio. “Enxergo que o Brasil vai trocar a cana velha por essa supercana”, afirmou.
SAF e embalagens biodegradáveis
A nova ofensiva de Eike se conecta ao crescimento esperado para o mercado de SAF (Sustainable Aviation Fuel), apontado como alternativa para reduzir emissões no transporte aéreo. Segundo ele, o bagaço extra gerado pela supercana também permitiria a produção de resinas para copos, canudos e embalagens biodegradáveis, substituindo o plástico de origem fóssil.
O empresário afirmou que há investidores interessados e que a Petrobras poderia ter papel indutor, caso volte a apostar no etanol. “Ela desmobilizou tudo, mas pode ser indutora. Depois, o setor privado assume”, disse.
Com quase 9 milhões de hectares de cana plantados no Brasil, Eike acredita que a adoção gradual da variedade aumentaria a competitividade nacional no mercado global de biocombustíveis e derivados renováveis. Ele também citou o BNDES como potencial parceiro: “Acho, honestamente, que eles virão me procurar. Eu não vou procurá-los”.
Para além da tecnologia agrícola, o empresário comentou o impacto do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros e defendeu juros mais baixos no país como caminho para estimular investimentos e crescimento econômico.