A Endura, joint venture formada pela Ágil Energia e pela Aventra Energy, anunciou nesta quinta-feira (23) o avanço dos estudos para implantação de polos de captura e armazenamento de carbono biogênico (BECCS, na sigla em inglês) no cinturão do etanol no Brasil. O objetivo é viabilizar a remoção permanente de CO₂ em larga escala e gerar créditos de carbono de alta integridade para o mercado global.
De acordo com a companhia, o projeto prevê o armazenamento geológico em reservatórios salinos de grande profundidade, utilizando o CO₂ biogênico proveniente da fermentação do etanol e do processamento do biogás. A iniciativa tem como meta posicionar o etanol brasileiro — já considerado um combustível de baixo carbono — como alternativa net-zero ou até negativa em emissões.
Segundo Daniel Pedroso, diretor da Ágil Energia, o projeto busca competitividade em relação a iniciativas similares no mundo. “Nosso objetivo é remover o CO₂ de forma permanente, com contratos de longo prazo e custos extremamente competitivos em relação a projetos em operação e implantação no mundo”, afirmou.
Estrutura do projeto
O plano prevê a criação do primeiro polo de captura de carbono ancorado no CO₂ da fermentação do etanol e do biogás, com capacidade inicial de 1 milhão de toneladas por ano, expansível de forma modular para múltiplos polos. O projeto é apoiado por instituições internacionais de referência e conta com a experiência brasileira em geologia, geofísica e engenharia de reservatórios ultraprofundos.
A estrutura será desenvolvida no modelo “as-a-service” (IaaS), com contratos de longo prazo indexados. A proposta ainda contempla integração industrial com usinas parceiras, aproveitando sinergias com biometano e cogeração, sem necessidade de novos investimentos por parte dessas unidades. Para as usinas, a participação pode gerar receita adicional a partir de um subproduto hoje emitido para a atmosfera.
Impactos esperados
Além da redução de emissões, a Endura destaca que o projeto deve trazer novos investimentos, qualificação de mão de obra, fortalecimento da cadeia de fornecedores nacionais e ações de recuperação da biodiversidade. A governança prevê monitoramento independente, rastreabilidade e aderência a padrões internacionais.
Para Renan Lopes, diretor da Aventra Energy, a iniciativa pode colocar o Brasil na vanguarda da transição energética. “Biometano e BECCS podem transformar o etanol em combustível global de zero emissões, competitivo em relação ao hidrogênio e aos veículos elétricos, ao aproveitar a infraestrutura já disponível e consolidada”, afirmou.
