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Edição 198

Especial – 2018: cenário mais positivo

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Natália Cherubin

Mesmo com todas as incertezas que rondam o crédito rural – com o Plano Safra 2017/18 (em vigor) impactado pela queda da Selic, a incógnita sobre o novo Plano Safra, que só sai em julho, e as inseguranças relacionadas ao ambiente político e social no Brasil, que tem segurado investimentos – após cinco anos seguidos de queda, o mercado de venda de máquinas e implementos agrícolas deve, segundo projeção da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), se reaquecer a partir de 2018.

O presidente do conselho da associação, João Carlos Marchesan, afirmou que o ritmo da retomada deste mercado, que pode ser de 5% e 8%, dependerá principalmente das eleições deste ano e do caminho que a política vai tomar a partir de 2019. “Vamos conversar com os potenciais presidenciáveis para montar uma agenda que melhore o ambiente de negócios e que faça essa retomada incluir também o investimento”, afirmou Marchesan.

Apesar do modesto crescimento registrado no primeiro bimestre, quando as exportações neutralizaram o desempenho negativo das vendas domésticas de máquinas e implementos, a direção da Abimaq reforçou a expectativa de reação do setor após cinco anos seguidos de perdas no faturamento. “Já estamos sentindo a retomada, até porque as máquinas precisam ser repostas”, comentou Marchesan, durante a apresentação dos resultados apurados pelo setor em fevereiro.

Os últimos dados da associação mostram um recuo nas vendas de máquinas e implementos agrícolas de 2,9% em 2017, somando uma receita líquida de R$ 67,14 bilhões. Internamente, as vendas renderam R$ 37,72 bilhões, 19% a menos do que em 2016. O total do consumo aparente, índice de vendas das fabricantes no mercado interno mais importações, foi de R$ 84,88 bilhões no ano passado, recuo de 13,9%. Nos dois primeiros meses de 2018, o avanço, de apenas 1,1% no comparativo interanual, foi aquém dessa previsão, e o desempenho só não ficou em terreno negativo porque as exportações subiram 58,7%, compensando a queda de 31% das vendas internas.

Um dos motivos responsáveis pela possível retomada dos investimentos em máquinas e implementos é a Selic, que chegou ao patamar mais baixo desde sua criação em 1996, a 6,5%, índice inferior à taxa praticada pelo Plano Safra que tem uma média de 7,5% a 8,5% ao ano, o que pode tornar o crédito não subsidiado muito mais atrativo aos produtores mais estruturados, que tem a sua disposição opções muito mais competitivas para crédito.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, chegou a afirmar que os juros do crédito rural devem cair, mas não antes da virada do calendário-safra, em 1º de julho, quando entra em vigor o novo Plano Safra, ainda em fase de discussões dentro do governo.

Francisco Matturro, presidente da Agrishow, chegou a admitir que esta situação, de espera pela queda dos juros do novo Plano Safra, pode inibir decisões de compra durante a maior feira internacional de tecnologias agrícolas. “Não convém o agricultor ficar esperando se tiver de adquirir um equipamento agora, antes da virada do ano-safra. Existe a possibilidade da taxa de juros cair, mas o produto pode ficar mais caro nos próximos meses.”

De acordo com o gerente executivo de Agronegócios do Banco do Brasil, Antônio José Banhara, a trajetória de queda na taxa básica de juros aliada à maior competição entre os bancos, cria um ambiente mais confortável para o produtor tomar crédito. “As quedas na Selic tornam os juros livres mais interessantes e complementa os financiamentos a taxas controladas. Esta queda tende a afetar positivamente a procura por crédito rural sendo uma oportunidade para o produtor investir.”

De acordo com Aguiar, a oferta total de crédito ao agronegócio do Santander avançou 42% em 2017, para R$ 13 bilhões

LINHAS DISPONÍVEIS

Há diversas formas de realizar o financiamento de máquinas e equipamentos via bancos privados e cooperativas de crédito, seja por meio de linhas de crédito controladas ou de recursos próprios livres. Ao optar por recursos controlados, geralmente com condições mais atrativas, é possível utilizar as fontes do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) ou FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste) quando nos estados do MS, MT e GO. Ainda, os financiamentos podem ser solicitados para a compra de máquinas/implementos de forma isolada, como no caso do Moderfrota, ou vinculado à um projeto de financiamento como no Inovagro, ABC, Moderinfra, PCA ou BNDES automático. Além destas, há as linhas Pronaf, Pronamp, Moderagro e FCO que permitem o financiamento de ambas as formas.

Antonio Sidinei Senger, superintendente de Crédito Rural do Sicredi, explica que como as linhas de BNDES e FCO têm suas condições (taxas, prazos, limites e finalidades) normatizadas pelo governo, a escolha da linha e condições irá depender dos objetivos do financiamento. “Por exemplo, se o associado deseja financiar uma colheitadeira, a linha indicada será o Moderfrota, que possibilita o financiamento isolado de máquinas e equipamentos. Porém, se deseja financiar um painel solar para beneficiar sua propriedade rural, a linha indicada será o Inovagro, que possui uma taxa de juros reduzida visando incentivar os projetos de inovação tecnológica na agricultura.”

O Banco do Brasil possui, entre outros itens, várias linhas de crédito para o financiamento de máquinas, equipamentos e implementos, atendendo toda a cadeia do agronegócio e disponibilizando crédito para todos os segmentos de produtores (pequenos, médios e grandes), sendo que as finalidades, prazos e taxas variam de acordo com o perfil do produtor. Segundo o gerente executivo de Agronegócios do Banco do Brasil, para os pequenos e médios produtores, o banco oferece as linhas Pronaf, Mais Alimentos e Pronamp, respectivamente, que são amplas e contemplam desde tratores até acessórios ou peças de reposição. Já para agricultura empresarial o BB tem, além de Moderfrota, Inovagro, ABC, Investe Agro, PCA e FCO Rural.

“As taxas de juros, o prazo de pagamento, os limites financiáveis e a carência variam e são definidos conforme a linha, a finalidade do crédito e o porte do produtor. Por exemplo, em Agricultura Familiar temos taxas de 2,5% a 5,5% ao ano e o Pronamp a 7,5%. Em Agricultura Empresarial as taxas vão de 6,5 a 8,5% ao ano com recursos controlados e até 12,75% ao ano com recursos livres. Para o financiamento de máquinas e equipamentos, o BB conta com mais 1 mil pontos de vendas e revendas parceiras autorizadas a conduzirem o financiamento diretamente com o banco através da Esteira Agro BB”, detalha Banhara.

O Santander trabalha com todas as linhas BNDES – Pronamp, Finame, Moderinfra, entre outros -, mas também oferece linhas de recursos livres e créditos exclusivos ao produtor rural, como o CP e CDC Agro, e produtos de valor como consórcio de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, que são adequados à capacidade de pagamento do produtor, ou seja, quitação semestral ou anual de acordo com a colheita ou finalização da produção. “Também oferecemos os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA)”, conta Carlos Aguiar, diretor de Agronegócios do Santander.

Além das linhas tradicionais do BNDES, o Bancoob e as cooperativas do Sicoob Cocred oferecem linhas especiais com prazos de até sete anos para financiamento de máquinas e equipamentos. “Temos um leque linhas de financiamento, desde Moderfrota, PCA, tradicionais do BNDES, até linhas próprias. O Sicoob repassa as linhas do Bancoob em cada cooperativa, que também tem linhas com funding próprio, seja para financiamento de máquinas e equipamentos ou inovações tecnológicas e custeio de safra, explica Felipe Moreira de Souza, supervisor de Agronegócios do Bancoob, banco que dá suporte para as operações financeiras do Sicoob Cocred.

LINHA IDEAL

A queda da Selic, que chegou ao patamar de 6,5%, índice inferior à taxa praticada pelo Plano Safra que tem uma média de 7,5% a 8,5% ao ano, pode tornar o crédito não subsidiado muito mais atrativo aos produtores mais estruturados - Foto Case IHCom tantas linhas de crédito para financiamento de máquinas e implementos agrícolas, como o produtor ou usina consegue escolher a melhor para a sua situação? A resposta da maioria dos bancos é de que vai depender da necessidade e do momento da tomada do crédito.

O diretor de Agronegócios do Santander afirma que o banco oferece desde linhas de longo prazo até crédito subsidiado e de financiamento de curto prazo.

“O consórcio de máquinas e equipamentos, por exemplo, é para quem não tem pressa em adquirir sua máquina ou implemento. Este consórcio possui 300 cotas por grupo, com prazo de 100 meses, com uma taxa de administração de 11% no período total e fundo de reserva que garante o funcionamento do grupo nas situações previstas em contrato, de 6% em 100 meses. A parcela ainda inclui um valor de Fundo Comum (FC), que é o recurso pago para atribuição do crédito aos consorciados contemplados para aquisição do bem, e do seguro prestamista, que garante o pagamento das parcelas vincendas. Os limites de valor das cartas de crédito variam de R$ 96,8 mil a R$ 160 mil. Além de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, a modalidade inclui a compra de ônibus, caminhões e embarcações”, salienta.

O gerente executivo de Agronegócios do Banco do Brasil, diz que para a melhor decisão, o banco oferece especialistas do agronegócio para dar consultoria de acordo com a necessidade de cada produtor/usina. “Somam-se a equipe Agro do BB, nossos parceiros de empresas de assistência técnica, que sabem indicar a linha que melhor se enquadra em cada financiamento.”

Rui Pereira Rosa, superintendente Executivo de Agronegócio do Bradesco, afirma que além do amplo portfólio de linhas de crédito, produtos e serviços direcionados ao setor, fornece informações completas sobre todas as linhas de financiamento, possibilitando ao produtor uma visão globalizada e assertiva na tomada de decisão. “Temos também as Plataformas do Agronegócio, que são estruturas físicas e regionalizadas com profissionais focados e especializados em produtos e serviços do agronegócio que prestam o apoio aos produtores rurais e a rede de agências.”

As linhas do BNDES são muito competitivas, na opinião do supervisor de Agronegócios do Bancoob. “Para facilitar a escolha do produtor o nosso diferencial é não cobrar a taxa flat, feita pela maioria dos bancos do mercado. Sendo assim, o cooperado consegue financiar a máquina de acordo com a sua estimativa financeira. É importante que o produtor procure a cooperativa de crédito da região dele para que veja as linhas mais adequadas disponíveis e com as melhores taxas.”

LIMITANTES DA LIBERAÇÃODE CRÉDITO

Os financiamentos rurais abrangem a legislação vigente e a contratação do crédito rural deve seguir as normas do MCR (Manual de Crédito Rural), estabelecidos pelo Banco Central. Para acessar as linhas de crédito, basta que o objetivo/finalidade do crédito possua enquadramento nas condições das linhas existentes. De acordo com o superintendente de Crédito Rural do Sicredi, para os recursos controlados, um dos principais pontos deste enquadramento é o código CFI, condição necessária para que uma máquina/implemento possa ser financiado nas referidas linhas.

O que mais interfere no momento do requerimento do crédito é a falta de documentação que, segundo o supervisor de Agronegócios do Bancoob, é fundamental para a liberação de recursos. Por exemplo, é preciso ter em mãos as escrituras das terras, o CAR – Cadastro Ambiental Rural, entre outros, que nem sempre o produtor tem.

“Todas as linhas passam por uma esteira de processos, sejam de inclusão de dados ou documentações, então, a falta de um documentos acaba impedindo a liberação e, em alguns casos, tornando o processo mais moroso do que deveria ser. Não é que o BNDES demora, mas ele exige que o produtor cumpra uma série de processos, desde a entrega adequada dos documentos ou até mesmo do projeto. Muitas vezes, se compararmos um processo de pedido de um recurso via BNDES e de um recurso próprio do banco, é possível ver a diferença na agilidade. Então o que ocorre muitas vezes é que o produtor acaba preferindo pagar uma taxa mais alta, mas garantir o empréstimo, do que lidar com todos os tramites exigidos nas operações do crédito rural via BNDES”, destaca.

O Banco do Brasil tem adotado ações efetivas para facilitar o acesso aos financiamentos pelo produtor rural. A exemplo disso, tem reduzido o número de declarações exigidas e os documentos ainda solicitados decorrem de exigências legais. “O banco vem atuando junto aos órgãos reguladores para simplificar cada vez mais o acesso ao crédito. As garantias exigidas variam em função de cada tipo de financiamento, do segmento a ser financiado, características do produtor e propriedade, bem como o histórico de relacionamento do cliente com o BB”, adiciona Banhara.

Rosa afirma que o Bradesco atua de forma pulverizada em todos os segmentos, desde o pequeno produtor rural até as grandes corporações e em toda a cadeia produtiva. Para a concessão do crédito leva-se em consideração a capacidade de pagamento do cliente, o fluxo de caixa e o enquadramento do financiamento solicitado, estabelecendo assim um controle de caixa sadio e que minimize os riscos de inadimplência. “Outro ponto importante é que o produtor tenha suas declarações e certidões vigentes de acordo com as regras estabelecidas pelo MCR e BNDES.”

RECURSO PRIVADO CRESCE

Em 2017, o Banco do Brasil liberou mais R$ 6 bilhões para financiamentos de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, frente aos R$ 4,8 bilhões liberados em 2016. Do valor total aplicado, 90% das operações são lastreadas por recursos próprios, preponderantemente depósito à vista, poupança rural e LCA. Para 2018, Banhara não revela o montante que o banco vai disponibilizar, mas diz que vai garantir o apoio creditício aos produtores rurais com recursos suficientes para o atendimento de toda a demanda apresentada.

Algumas ações realizadas pelo BB no ano de 2017 e outras que estão em curso no decorrer de 2018, prometem evoluir a relação do banco com produtores rurais. “Na parte de crédito, o banco está ampliando os desembolsos para atender as demandas do segmento e o compromisso com os volumes do Plano Safra; no serviços digitais, o banco está lançando soluções como o Custeio e o Investimento Digital, onde os produtores contratam suas operações diretamente no mobile (celular); para facilitar a contratação de financiamentos, está ampliando o atendimento via correspondentes bancários, conferindo maior agilidade e comodidade aos produtores; criação de novas linhas de crédito como o Investe Agro, que permite o financiamento ágil e rápido de máquinas e implementos agrícolas; lançamento de modelos inovadores de negócios, tais como o BB Trade e o BB Agro Energia; disponibilização de soluções que auxiliam e otimizam o gerenciamento das propriedades rurais dos clientes, tais como o Gerenciador Financeiro Produtor Rural e o GeoMapa Rural; e melhoria de processos com a reanálise de processos internos nas contratações de financiamentos rurais”, detalha.

As operações de financiamento do Bradesco são concentradas nas linhas disponibilizadas pelo BNDES, visto a atratividade das taxas, prazos e fluxo de pagamento. Em 2016, segundo Rosa, o banco disponibilizou R$ 1,3 bilhão direcionados para financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas. Em 2017 o valor foi de R$ 1,4 bilhão de desembolsos direcionados para financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas.

Para o ano de 2018 o Bradesco não possui limitação de recursos e está preparado para atender toda a demanda do produtor rural. A previsão do banco é de crescimento em 10% no volume de operações. “O Bradesco é o maior banco privado do agronegócio. Atualmente contamos com Plataformas do Agronegócio, que são estruturas físicas e regionalizadas com profissionais focados e especializados em produtos e serviços do agronegócio que prestam o apoio aos produtores rurais e a rede de agências, além de contamos com um amplo portfólio de produtos e serviços direcionados ao setor que atendem toda a cadeia produtiva do agronegócio.”

Em 2016, o Sicredi liberou para financiamento de máquinas e implementos agrícolas R$ 33,8 milhões e, em 2017, R$ 54 milhões com recursos próprios livres. Já com recursos do BNDES, foram liberados no mesmo período os totais de R$ 468,1 milhões em 2016, e R$ 593,3 milhões em 2017, o que representa 90% do total liberado nos períodos. Um percentual ainda foi liberado com recursos do FCO, R$ 9,5 milhões em 2016, e R$ 10,3 milhões em 2017. Para 2018, a expectativa é que o Sicredi libere R$ 57,7 milhões com recursos próprios livres, R$ 11,0 milhões com recursos do FCO e R$ 633,7 milhões com recursos do BNDES.

“Em 2017 foram financiados em máquinas e implementos agrícolas o montante de R$ 657,6 milhões, incremento de 28,6% nas liberações comparado ao ano anterior. A projeção de liberações para o ano de 2018 é de R$ 702,4 milhões. Já a projeção para financiamentos em Crédito Rural para 2018 é de R$ 14,7 bilhões. Em 2017 foram liberados R$ 13,7 bilhões, o que representa um aumento de 20%”, destaca o superintendente de Crédito Rural do Sicredi.

Em 2018, do valor anunciado pelo Governo Federal, o Banco do Brasil assumiu o compromisso de aplicar R$ 103 bilhões em toda a cadeia do agronegócio (agroindústrias, cooperativas, pequenos, médios e grandes produtores rurais), valor 28% superior ao aplicado na safra anterior. Banhara explica que o volume de recursos a cada Plano Safra é resultado das negociações entre os diversos intervenientes do segmento como Mapa, Fazenda, Bacen, instituições financeiras e ainda dependem das disponibilidades orçamentárias, captações, entre outras variáveis.

“Estimamos que o segmento permaneça impulsionando a economia do País, e o Banco do Brasil, como maior parceiro do agronegócio e líder de mercado com 60% de participação, atenda a demanda por crédito e soluções dos produtores rurais. O desempenho é resultado, dentre outros fatores, da demanda dos produtores, das perspectivas favoráveis no segmento, das novas soluções de financiamentos rurais e das contratações por meios digitais. O Banco do Brasil vem ampliando seus desembolsos a cada nova safra e a expectativa para 2018 é de ampliação, atendendo na plenitude a demanda do segmento”, revela Banhara.

Do início da Safra 2017/18 (julho) até dezembro de 2017, o Banco do Brasil desembolsou mais de R$ 43 bilhões em crédito rural, volume que representa crescimento de 10% em relação ao mesmo período da safra anterior. Desse total, R$ 3,4 bilhões foram aplicados em financiamentos de máquinas, equipamentos e implementos, 32% superior ao mesmo período da safra 2016/17.

O Santander não pode divulgar os números liberados nos anos de 2016 e 2017, assim como também não fez projeções por conta do período de silêncio, mas afirma que tem sido um dos principais bancos privados do país a liberar linhas do BNDES para máquinas e implementos agrícolas em 2017.

De acordo com Aguiar, a oferta total de crédito ao agronegócio do Santander avançou 42% em 2017, para R$ 13 bilhões. A conta inclui recursos obrigatórios, livres, Funcafé, BNDES, LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e CPRs (Cédulas do Produto Rural). Os empréstimos do banco para o produtor rural pessoa física avançaram 52,9%, para R$ 5,23 bilhões. Já para as empresas do setor, foram destinados R$ 6,32 bilhões em linhas de crédito, um avanço de 14,3%. “Até o momento nossa carteira de crédito já chega aos R$ 14 bilhões. Estamos bem otimistas com o setor e investindo em melhor atendimento e oferta para o cliente produtor rural. Portanto, 2018 deverá ser outro ano de sucesso para o banco no agronegócio.”

Na Agrishow deste ano, o Santander mantem sua estratégia de crédito pré-aprovado para seus clientes. Na edição passada, o montante reservado foi de R$ 1 bilhão. Outro estímulo que a instituição tem adotado é a chamada taxa flat – isenção de comissão –, com a promessa de mais agilidade no atendimento ao produtor. “Nesse tipo de financiamento de máquinas e equipamentos, o prazo é de cinco a dez anos, com 20% de entrada e o próprio bem em garantia”, explica o diretor de Agronegócio do Santander.

“Em taxa e prazo as linhas do BNDES são as mais atrativas do que qualquer outra. No entanto, observamos que das últimas duas safras para cá, as estratégias dos bancos viraram sua atenção para o agronegócio, passando a oferecer recursos próprios que saem mais caro, mas que são liberados em tempo menor que as linhas do BNDES. Se o produtor colocar na ponta do lápis e fizer as contas do que compensa mais, verá em teoria que as linhas do BNDES são mais favoráveis, no entanto, a estratégia dos bancos privados têm sido oferecer recursos próprios de uma forma mais fácil”, destaca o supervisor de Agronegócios do Bancoob.

FABRICANTES OFERECEM CONDIÇÕES ESPECIAIS

A participação dos “bancos de fábricas” nos financiamentos vem crescendo a cada ano. E o crescimento nos negócios verificado em outras feiras neste ano, como o Show Rural Coopavel e a Expodireto Cotrijal, confirmam isso. Na Agrishow a expectativa é crescer entre 30% e 40% em relação ao ano passado.

“O mercado está entendendo os benefícios desse tipo de financiamento. É um modelo que traz conveniência, velocidade e segurança para o processo. É melhor para o produtor que precisa da máquina com urgência e também para o concessionário, porque o estoque gira mais rápido”, afirma José Luís Campos, superintendente Comercial do banco holandês DLL, instituição que dá suporte a vários dos chamados “bancos de fábrica”.

Segundo Alexandre Cruz Lopes Garcia, gerente Nacional do Banco CNH Industrial para a marca Case IH, o objetivo dos bancos das marcas é levar aos clientes um conjunto de produtos e serviços financeiros inovadores e de forma rápida e descomplicada. “Em 2017, o Banco CNH Industrial ficou em primeiro lugar entre os bancos de montadora no ranking geral do BNDES e, além das linhas de Moderfrota e Finame TLP, também oferece o CDC com condições exclusivas, inclusive para equipamentos de precisão.”

A JCB, fabricante da linha amarela, acaba de lançar o JCB Finance, braço financeiro da montadora que foi criada com o objetivo de aumentar as vendas com a oferta de linhas de financiamento de forma mais fácil e sem burocracia. “Além disso, garantimos agilidade no processo de pré-aprovação do crédito, com um atendimento personalizado no próprio Distribuidor JCB e a menor taxa do mercado (de até 0,59% ao mês), sendo um estímulo ao investimento no segmento de linha amarela”, afirma Wagner Angelim, diretor financeiro da JCB do Brasil.

No primeiro ano operação, a expectativa da JCB é de crescer em 15% o volume de vendas no Brasil. “O JCB Finance tem como política financiar apenas empresas. Os requisitos para aprovação do crédito consistem em que o CNPJ tenha pelo menos quatro anos de atuação no mercado e que o mesmo não apresente restritivos como Serasa e Bacen. Além disso, reforço que o objeto de financiamento deverá ser equipamentos de linha amarela e sobre a necessidade do atendimento à política de compliance e socioambiental.”

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