Home Últimas Notícias Estudo mostra que produção de etanol de cana não compromete a segurança alimentar no Brasil
Últimas NotíciasDestaque

Estudo mostra que produção de etanol de cana não compromete a segurança alimentar no Brasil

Compartilhar

A produção de etanol de cana-de-açúcar no Brasil não compete com alimentos nem afeta negativamente a segurança alimentar, aponta um estudo realizado pela Agroicone em parceria com os professores Marcelo Justus (UNICAMP), Angelo Gurgel (MIT e FGV) e David Chiaramonti (Politécnico de Torino, Itália). O trabalho foi publicado pela GCB Bioenergy.

A pesquisa inédita, intitulada “Revisiting the hypothesized trade-off between food and fuel: empirical evidence from the case of Brazilian sugarcane”, investigou a relação entre etanol de cana e segurança alimentar e concluiu que não há evidências estatísticas que sustentem um impacto negativo entre alimentos e biocombustíveis.

Segundo Luciane Chiodi Bachion, pesquisadora sênior e sócia da Agroicone, a novidade do estudo está em considerar a segurança alimentar a partir das realidades dos domicílios e dos municípios. “Na condução do estudo, encontramos evidências de que os principais fatores associados à segurança alimentar em nível doméstico refletem direta ou indiretamente as condições de vida das famílias. Essas variáveis determinam a capacidade econômica das famílias de obter alimentos em quantidade e qualidade nutricional suficientes para uma dieta adequada”, afirma.

Sofia Arantes, pesquisadora da Agroicone, reforça que não há suporte para a hipótese de competição entre comida e combustível. “Em resumo, não encontramos evidências que apoiem o trade-off ‘alimentos vs. biocombustíveis’. Em outra frente, o estudo mostra que a porcentagem de pessoas de referência do domicílio empregadas no cultivo de cana-de-açúcar e na produção de etanol de cana está positivamente associada à probabilidade de segurança alimentar domiciliar, embora essa associação seja de pequena magnitude”, explica.

O estudo aponta ainda que a relevância do etanol de cana para a economia local está associada a indicadores como empregos e salários. Parte-se da premissa de que uma maior produção de etanol gera mais oportunidades de trabalho e remuneração para quem atua na cadeia produtiva, o que amplia o consumo das famílias e cria um efeito multiplicador na economia local. Esse movimento, segundo o estudo, contribui para aumentar o acesso da comunidade a alimentos suficientes e nutritivos.

Luciane destaca que a literatura existente costuma focar nas dinâmicas de preços das commodities agrícolas, sem examinar de forma sistemática a relação entre biocombustíveis e segurança alimentar considerando as características das regiões produtoras e as condições sociais das famílias. “Nosso estudo emprega dados de diferentes períodos para compreender essa relação”, afirma.

Para Sofia, debater como condições econômicas e sociais influenciam o acesso das famílias aos alimentos pode ser mais relevante para o bem-estar social do que a discussão restrita à oferta de alimentos. “Infelizmente, o debate ‘alimentos versus biocombustíveis’ tem se concentrado predominantemente na disponibilidade física de alimentos, ofuscando os fatores críticos do lado da demanda”, diz.

A pesquisa também identificou que elementos como condições sociais e o acesso a programas como o Bolsa Família têm impacto ainda maior na garantia da segurança alimentar, especialmente em regiões mais vulneráveis. Em síntese, os resultados apontam para um efeito positivo — embora de magnitude irrelevante — da produção de etanol de cana na segurança alimentar, impulsionado pelo efeito multiplicador dos ganhos do setor.

Como o estudo foi conduzido

A análise utilizou duas estratégias empíricas. A primeira consistiu na estimação de modelos econométricos de painel, com dados de mais de cinco mil municípios brasileiros nos anos de 2000 e 2010. Diversas bases públicas foram usadas para construir variáveis de controle dos modelos.

Na segunda estratégia, os pesquisadores estimaram modelos de probabilidade com microdados em nível familiar, utilizando três edições especiais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) sobre segurança alimentar. Esses dados permitiram o uso da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) para calcular a probabilidade de os domicílios se encontrarem em situação de segurança alimentar.

Compartilhar
Artigo Relacionado
Últimas Notícias

Brasil quer que Paraguai priorize inclusão de setores automotivo e açucareiro no Mercosul

O governo Luiz Inácio Lula da Silva espera que o Paraguai, que...

Últimas Notícias

Orplana avalia pedido de exclusão de associações após memorando com a Unica

O pedido de punição ou exclusão de três associações foi feito pela...

Planta etanol milho inpasa
Últimas Notícias

Inpasa anuncia nova biorrefinaria de etanol em Rondonópolis (MT) e ampliação em Nova Mutum

A Inpasa, maior biorrefinaria de etanol de grãos da América Latina, anunciou...