A agência de classificação de risco Fitch Ratings elevou o rating nacional de longo prazo da Açucareira Quatá S.A, a Zilor de ‘A(bra)’ para ‘A+(bra)’, com perspectiva estável. A decisão, anunciada nesta segunda-feira (6), reflete a consolidação de uma estratégia de fortalecimento financeiro e operacional conduzida pela companhia nos últimos cinco anos.
Entre os principais fatores que motivaram a elevação estão a redução da alavancagem, a maior eficiência na geração de caixa e a adoção de uma estrutura de capital mais conservadora, com perfil de endividamento alongado e maior flexibilidade financeira. Segundo a Fitch, a expectativa é que a Zilor mantenha alavancagem líquida abaixo de 1,5 vez nos próximos anos, mesmo diante de um cenário projetado de queda nos preços do açúcar e do etanol em 2026.
A agência destaca ainda que a Zilor possui um modelo de negócios mais defensivo em comparação com seus pares do setor. A afiliação à Copersucar, que atua nas áreas de comercialização e logística, e a alta participação de cana-de-açúcar de terceiros (65%), com preços indexados ao mercado, contribuem para mitigar os impactos da volatilidade das commodities no fluxo de caixa. A companhia também vem expandindo sua capacidade de cogeração de energia elétrica, o que fortalece sua resiliência financeira.
A Fitch projeta que a Zilor registre EBITDA de R$ 1,1 bilhão em 2026 e R$ 950 milhões em 2027, com geração de caixa operacional em torno de R$ 650 milhões. Esse desempenho permitirá à empresa cobrir investimentos e dividendos sem necessidade de recorrer a mais endividamento. Embora a aquisição da Usina Salto Botelho, em março de 2025, tenha elevado a alavancagem líquida para cerca de 2,0 vezes, a venda da participação na Biorigin, concluída em junho, contribuiu para a redução desse índice, que deve permanecer entre 1,0 e 1,5 vez, segundo as projeções da agência.
Apesar do bom momento da companhia, o setor de açúcar e etanol continua exposto a elevada volatilidade. A Fitch projeta que os preços médios do açúcar fiquem em USD 18,00 c/lb na safra 2025/26 e USD 18,60 c/lb em 2026/27, valores inferiores aos observados nas duas últimas safras. Para o etanol, espera-se uma redução nos preços diante da combinação entre a valorização do real frente ao dólar, os preços mais baixos do petróleo Brent e o aumento da oferta, tanto por parte das usinas tradicionais quanto por novos projetos de etanol de milho.
A estrutura de capital da Zilor também foi vista como um diferencial positivo. Em junho de 2025, a companhia mantinha R$ 2 bilhões em caixa e aplicações financeiras, frente a uma dívida total de R$ 3,7 bilhões, com vencimentos de curto prazo equivalentes a R$ 364 milhões. Com isso, a liquidez cobria a dívida de curto prazo em 5,5 vezes. A dívida é composta principalmente por debêntures (59%), CRAs (17%), e linhas de crédito bancário e de fomento, além da posse de terras avaliadas em R$ 4,3 bilhões — o que amplia sua flexibilidade financeira.
Com quatro usinas no estado de São Paulo e capacidade de moagem de 13,8 milhões de toneladas de cana, a Zilor está entre os 15 maiores grupos sucroenergéticos do Brasil. Também é uma das maiores acionistas da Copersucar, com 12% de participação, e até recentemente mantinha 30% da Biorigin, empresa voltada à nutrição humana e animal.
A nova nota da Fitch posiciona a Zilor acima da Lar Cooperativa Agroindustrial, mas um nível abaixo da FS Indústria de Biocombustíveis, especializada em etanol de milho. A perspectiva estável indica que, mantidas as condições atuais, não há previsão de mudanças na avaliação de risco da empresa no curto prazo.
Natália Cherubin para RPAnews