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Agrícola

Florescimento da cana: especialistas explicam como reduzir e prevenir impactos

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O processo de isoporização é lento e com o manejo correto, pode-se também minimizar as perdas de produtividade, desde que os canaviais florescidos sejam colhidos até no máximo o final do mês de julho na região Centro-sul

Especialistas explicam como reduzir ou até prevenir o aparecimento do florescimento da cana. O fenômeno, prejudicial à cultura da cana de açúcar reduz a produtividade e qualidade da matéria-prima. Dentre os principais fatores que induzem o florescimento estão o fotoperíodo, a disponibilidade de água no solo e a temperatura.

“Quando o fenômeno de florescimento ocorre, são observadas perdas significativas que, em média, podem alcançar a ordem de 7% a 10% de TCH e até 3% no teor de sacarose. As perdas serão variáveis e depende da variedade e intensidade que o fenômeno se apresenta, além da época de colheita do canavial”, explica Carlos Daniel Berro Filho, diretor agrícola da Biosev.

O período fotoindutivo ao florescimento da cana-de-açúcar entre 25 de fevereiro e 20 de março. A ocorrência de noites com temperatura mínima maior ou igual a 18º C e dias com temperatura máxima menor ou igual a 31º C são as condições climáticas que induzem o florescimento.

Mesmo já tendo acontecido, algumas ações podem ser tomadas para amenizar os efeitos. No entanto, a prevenção continua sendo a grande alternativa. A safra 2019/20 em específico teve seu início postergado na maioria das usinas em razão da ocorrência de um forte veranico no início do ano, o que potencializa o florescimento para as variedades menos resistentes a este estímulo climático.

“Esses fatores climáticos não podem ser controlados, mas conhecendo-se o comportamento da variedade de cana-de-açúcar e identificando-os antecipadamente é possível tomar providências visando à minimização de seus efeitos indesejáveis, como o uso de inibidores e maturadores disponíveis no mercado”, explica Carlos Daniel Berro Filho, diretor agrícola da Biosev.

 

Uma das formas de se amenizar ou diminuir os impactos provocados, segundo Berro Filho, é o uso de variedades que não florescem ou florescem pouco, característica hoje buscada pelas usinas por meio do melhoramento genético.

“Outra forma de reduzir esse risco é o manejo de inibidor de florescimento, prática essa cada vez mais utilizada pelo setor. É uma estratégia técnica, com um timing bem definido, mas que quando realizada de forma correta mostra excelentes resultados tanto pra evitar o florescimento, quanto pra reduzir a isoporização/chochamento do canavial, principalmente o de segundo semestre. Outra medida, no caso corretiva e não preventiva como as anteriores, é antecipar a colheita das áreas induzidas a florescer para que o canavial fique o menor tempo possível nessa condição adversa, reduzindo as perdas”, conta o diretor agrícola da Biosev

Do ponto de vista industrial, explica Mauro Violante, Gerente de Desenvolvimento de Produto do CTC, espera-se que nos colmos de canas florescidas haja um aumento de dextrose, ocasionado a redução na transparência do caldo. “Além disso ocorre uma redução de extração de caldo devido ao aumento percentual no  teor de fibras, maiores dificuldades no processo de embebição e, por conseguinte,  menor rendimento de moagem, uma vez que o  material vegetal isoporizado apresenta fibra mais curtas que geram dificuldades no ‘pega’ da moenda, elevando a produção de bagaço, com baixa qualidade para queima”, explica.

Desta forma é esperado que o florescimento possa apresentar efeito negativo na produtividade de colmos (redução de TCH) e principalmente na qualidade de matéria-prima, caso estas variedades induzidas ao florescimento e ou florescidas não sejam adequadamente manejadas quanto a época de colheita.

Variedade da cana: escolha correta é fundamental

A característica varietal, ou seja, a reação da variedade quanto a propensão ao florescimento na região em questão e o planejamento de colheita são muito importantes como forma de mitigar perdas de produtividade de cana-de-açúcar e açúcares recuperados destes canaviais, devido ao florescimento.

“De maneira a evitar perdas de produtividade, é importante conhecer e respeitar o comportamento de cada variedade com relação a propensão ao florescimento. O processo de isoporização é lento e com o manejo correto, pode-se também minimizar as perdas de produtividade, desde que os canaviais florescidos sejam colhidos até no máximo o final do mês de julho na região Centro-sul”, explica Violante.

Além disso, ele adiciona, é de extrema importância que o manejo de colheita de cada variedade esteja alinhado com as recomendações dos programas de melhoramento genético. Em algumas regiões como no Centro-Oeste, a utilização de reguladores vegetais (inibidores de florescimento) é essencial como forma paliativa na  redução de perdas ocasionadas por este processo fisiológico.

 

O CTC anualmente realiza o monitoramento das condições climáticas do Centro-sul durante o período indutivo (fevereiro a março), de forma a entender a favorabilidade das condições climáticas anuais para ocorrência do florescimento e auxiliar o mercado no manejo de seus canaviais. “Com base no modelo proposto por Pereira et. al. (1985) e dados de precipitação, temperatura máxima e mínima do projeto NASA Power, podemos considerar que no ano de 2019 existe maior probabilidade de florescimento quando comparado à safra anterior”, complementa o Gerente de Desenvolvimento de Produto do CTC.

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