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Goiás segue em 5º na geração de energia a partir do bagaço da cana

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Seis estados detêm 90% da produção de biomassa no país, que cresceu 14% em 2023 frente a 2022.

Enquanto no Brasil houve um crescimento de 14% na geração de bioeletricidade para a rede no país no ano passado em relação a 2022, Goiás avançou apenas 0,4%, o suficiente para manter a quinta colocação entre os seis estados que concentram 90% dessa geração. Esses estados são também os maiores produtores de cana-de-açúcar. É o que mostram dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia).

No ano passado, os primeiros em bioeletricidade foram São Paulo (44,2%), Minas Gerais (12,8%), Mato Grosso do Sul (11,9%), Paraná (10,7%), Goiás (9,1%) e Mato Grosso (2,3%). Em Goiás, foram gerados 2.573 GWh (gigawatts hora) em 2023, ante 2.563 GWh no ano anterior.

A biomassa representa cerca de 5% da energia gerada anualmente e é a terceira matriz elétrica do país, perdendo para hidrelétricas e usinas eólicas.

Além do bagaço e palha de cana que representaram quase 75% da bioeletricidade para a rede no país em 2023, há outros tipos de biomassa, como lenha, lixívia, resíduos de madeira, capim elefante, casca de arroz, biogás, entre outros.

Ao analisar o ranking de bioeletricidade, André Rocha, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg) e vice-presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), menciona essa diversidade de biomassa como um dos motivos de Mato Grosso do Sul e Paraná estarem à frente de Goiás.

Ele observa também que quando se trata da biomassa de bagaço e palha de cana, Goiás fica em terceiro lugar, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais, os quais, porém, aumentaram a distância nessa liderança.

No setor sucroenergético, é grande o potencial goiano na geração de energia por bagaço e palha de cana, destaca o presidente do Sifaeg, mas ele diz que faltam políticas de incentivos que criem condições de aumentar investimentos em bioeletricidade.

“Em Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul tem crescido a produção graças a incentivos fiscais. Hoje produzem açúcar e etanol não só da cana, mas de milho. E no caso de Minas o mercado consumidor é muito maior e está mais próxima de São Paulo e do porto que Goiás.”

Como a produção de cana tem sido linear no estado, também não houve maior volume na biomassa resultante, o que explica Goiás não avançar em bioeletricidade. “Seria preciso aumentar a área plantada ou a produtividade ou ambas”, lembra André Rocha.

A projeção para 2024 não é de crescimento, mas de redução da safra de cana-de-açúcar devido a queda na produtividade decorrente do clima e considerando ainda que a safra anterior foi muito favorecida justamente por melhores condições climáticas.“Tivemos safra recorde no Brasil e em Goiás também, mas bem menor que em outros estados.”

A remuneração é outra barreira, cita André Rocha, comentando que 75% da cana produzida em Goiás são para fabricação de etanol,“mas o custo de produção está hoje maior que o preço de venda”, afirma. “Quem tem condição vai produzir o máximo possível de açúcar”, prevê.

Conexão

A falta de investimentos na rede de transmissão de energia em Goiás, desde a italiana Enel, que foi sucedida pela Equatorial Goiás, dificulta estender conexões e fazer investimentos para a implantação de usinas e ampliação das unidades já instaladas, o que tem levado grupos daqui a investir em outros estados, critica o presidente do Sifaeg.

“A empresa tem que ligar a bioeletricidade em uma subestação preparada para distribuir no estado e a outros consumidores”, explica, acrescentando que como as distribuidoras não têm condição de arcar com os investimentos, elas esperam que o próprio produtor faça isso, em um cenário de crédito escasso já necessário para comprar terra, equipamentos, insumos.“O produtor já precisa de capital para investir na própria produção de cana, não são todas as empresas que têm condições de arcar com extensão de rede. Não só em nosso setor. Assim, quem pode, investe onde tem melhor condição de distribuição.”

No Brasil, menos de 30% das usinas de cana estão conectadas à rede elétrica como geradoras de energia. Em Goiás, 55% estão conectadas, principalmente as maiores, das quais algumas estão aquém da capacidade, e poderiam estar gerando mais, informa André Rocha.

O setor sucroalcooleiro no estado é autossuficiente, produz toda energia que consome, e há potencial para exportar. Na fabricação do etanol, cada tonelada de cana-de-açúcar gera, em média, 250 quilos de bagaço e 200 quilos de palhas e pontas, que garantem a energia elétrica suficiente para abastecer as usinas durante o período da safra.

Biogás

Além da energia elétrica proveniente da biomassa do setor sucroalcooleiro, André Rocha alerta para o potencial de biogás e biometano no estado. Já estão em operação duas unidades de biogás em Goiás, uma inaugurada em setembro do ano passado em Goianésia pelo Grupo Jalles Machado, e outra em Paraúna, cita, lembrando que há mais 36 plantas com potencial de gerar esse tipo de energia.

Há poucos biodigestores no estado, diz ele, que aponta para a falta também de um programa de incentivo a esse tipo de instalação para gerar biogás na avicultura, criação de bovinos e de suínos. “Trata-se de energia verde, limpa”, destaca.

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