A última atualização da colheita da safra de milho de inverno foi de 21%, bem acima do ritmo de 5% registrado no mesmo período do ano passado
As últimas semanas foram muito benéficas para a safra brasileira de milho de inverno. “Por um lado, o clima quente e seco está ajudando os agricultores a acelerar a colheita. Os últimos números indicam que o ritmo de colheita está em 21%, muito acima dos 5% habituais para esta época do ano, e é o ritmo de colheita mais rápido em mais de uma década”, diz Ignacio Espínola, analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets.
“Por outro lado, a ANEC espera uma exportação de 1,02M milhões de t de milho, o que é menor do que as estimativas anteriores, de 1,24M mt”, observa. Ainda de acordo com ele, o ritmo impressionante da colheita brasileira no Paraná, onde o ritmo da colheita está em 29% e espera-se que seja a colheita mais rápida da história, também trouxe alguma clareza sobre o status da safra. Há 52% da safra de milho declarada como boa, 31% como média e os 17 restantes como ruim”, destaca.
Mas nem tudo são boas notícias. Segundo Ignacio, embora tenhamos um ritmo de colheita acelerado, o clima seco que estimula a maturação das culturas também reduz o potencial produtivo. A segunda safra de milho esperada, de 13,2M mt, terá de ser revisada até o final do mês, onde devemos esperar uma redução.
Soja: bons preços e alta oferta brasileira
A história é diferente para a soja. Por um lado, a ANEC aumentou as exportações em junho para 14,88M mt (+1,1M mt) em comparação com as 13,78M mt do ano passado no mesmo período. Além disso, a ABIOVE reduziu sua previsão de produção de soja brasileira em 2024 para 152,5M mt (-1,4M mt). O USDA está em 153M mt”, aponta.
Por outro lado, as importações chinesas de soja dos EUA em junho cresceram quase três vezes, chegando a 1,27M mt contra 0,49M mt no ano anterior. O Brasil, com 8,8M milhões de t de soja exportadas, representa quase 90% do total das importações da China, 10,22M mt.
“Além disso, considerando o período de janeiro a maio, os embarques do Brasil totalizaram 24,71M mt para a China, o que representa um aumento de 23% em relação ao ano anterior. Do lado dos EUA, o montante total é de 10,85M mt, 34% abaixo do ano anterior. Por fim, a China importou 0,2M mt de soja da Argentina no mesmo período”, pontua.
Ainda, os EUA estão passando pelo programa de exportação de soja mais lento dos últimos 20 anos, com os agricultores retendo os grãos na esperança de melhores preços. “Por fim, os compradores chineses estão aproveitando os bons preços e a grande oferta brasileira, o que dá ao país uma vantagem competitiva em relação aos EUA”, conclui.