A Índia deve registrar crescimento de 46% na produção de etanol em 2025 ante 2024, alcançando 10,5 bilhões de litros. Segundo relatório da representação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Nova Délhi, o movimento será impulsionado pela maior disponibilidade de matéria-prima e por boas condições climáticas.
Além disso, o órgão informa que o consumo de etanol no país asiático deve atingir 11,4 bilhões de litros neste ano, sendo 9,7 bilhões voltados à mistura com gasolina.
O avanço ocorre em meio aos esforços para alcançar a meta de mistura de 20% de etanol na gasolina E20, que já foi atingida em algumas regiões. No entanto, a média nacional prevista é de 19,3%, ainda abaixo do alvo, em virtude da escassez regional de insumos e dificuldades logísticas.
“Apesar da forte expansão, o desafio logístico e a distribuição desigual de matéria-prima ainda impedem uma implementação plena do E20 em todo o país”, apontou o relatório.
Com restrições à importação de etanol combustível, a Índia deve aumentar as importações de etanol industrial em 30% neste ano, atingido 1 bilhão de litros – principalmente dos Estados Unidos – para atender à demanda dos setores alimentício, medicinal e industrial.
No segmento de biodiesel, a produção também avança e deve alcançar 718 milhões de litros em 2025, 60% acima do ano anterior. Mesmo assim, a taxa de mistura do diesel segue tímida, apenas 0,7%, ainda distante da meta de 5% até 2030.
A limitação de insumos, como óleos de cozinha usados, gordura animal e óleos vegetais não comestíveis, é apontada como principal entrave para o setor.
A capacidade instalada para a produção de etanol no país chegou a 16 bilhões de litros em março. Para manter o nível de mistura desejado, a estimativa é que o país precise atingir 17 bilhões de litros de capacidade, o que exige a expansão da área cultivada em 7 milhões de hectares.
“A necessidade de aumentar a produção sem comprometer a segurança alimentar segue como um dilema para os formuladores de políticas públicas”, destacou o documento.
Outro foco está no combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). O país traçou metas ambiciosas: mistura de 1% até 2027, 2% em 2028 e 5% em 2030.
Apesar dos voos experimentais realizados por companhias aéreas locais, o alto custo de produção – de três a cinco vezes maior que o querosene tradicional – e a necessidade de investimentos massivos em infraestrutura são desafios significativos, segundo a representação do USDA.
Agência Estado| Leandro Silveira