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Longa entressafra na produção de açúcar no Brasil põe fim às apostas baixistas de fundos
A expectativa de que o Brasil, maior produtor mundial de açúcar, entre em um dos mais longos períodos de entressafra em décadas, devido a uma seca histórica, quebrou a estratégia de meses dos especuladores vendidos no mercado de Nova York.
Os fundos se movimentaram fortemente para cobrir sua grande posição vendida na ICE na semana passada, levando a um aumento de quase 20% no preço dos futuros do açúcar bruto, o maior ganho semanal em 16 anos. O movimento continuou nesta semana, segundo analistas, que esperam que a posição dos fundos tenha mudado para comprada líquida.
A forte oscilação dos preços futuros pode resultar em preços mais altos para os consumidores de açúcar em todo o mundo antes das festas de fim de ano, em uma época em que os formuladores de políticas ainda estão lutando para controlar o custo de vida.
O Brasil é, de longe, o maior fornecedor de açúcar do mundo, com 70% do comércio de exportação, uma participação de mercado que aumentou devido à ausência da Índia, que proibiu as exportações de açúcar para garantir o abastecimento local e elevar a produção de etanol.
A seca recorde deste ano no Brasil levou as usinas a acelerarem a colheita e atrasará o desenvolvimento da safra para a nova temporada em 2025, após incêndios em canaviais. Espera-se que as usinas encerrem a produção de açúcar mais cedo, no final de outubro, e só a retomem em meados de abril, ou mesmo em maio.
“Teremos seis meses sem produção de açúcar”, disse o sócio da Archer Consulting, Arnaldo Correa, que assessora usinas na gestão de riscos. “O Brasil colocou 37 milhões de toneladas de açúcar no mercado global nos últimos 12 meses, por isso o mercado estava calmo e os fundos, vendidos”, disse ele, acrescentando que a situação mudou.
A consultoria de açúcar CovrigAnalytics estima que a região Centro-Sul do Brasil terá apenas 790 mil toneladas de açúcar em estoques no final do primeiro trimestre. “É um nível muito baixo, o mundo precisaria de outra origem”, disse o diretor da consultoria, Claudiu Covrig.
A safra de 2025 é um ponto de interrogação neste momento, disse um executivo de um dos maiores grupos açucareiros do país, pedindo para não ser identificado porque não estava autorizado a falar publicamente sobre o assunto.
Nas áreas onde houve incêndios, disse ele, os canaviais podem voltar a brotar, mas as colheitas terão falhas em alguns pontos. “Verificaremos a situação depois que tivermos 100 milímetros de chuva. Até agora, não tivemos nenhuma”, aponta.
Um relatório dos analistas do mercado de commodities McDougall Global View projetou que os fundos agora têm uma posição líquida comprada de cerca de 60 mil contratos em Nova York.
O relatório mais recente da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), na sexta-feira, disse que os fundos reduziram sua posição vendida em mais de 14 mil contratos, para uma posição líquida vendida de 4,25 mil lotes.
Reuters/Marcelo Teixeira
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