Agrícola
Melhor aproveitamento hídrico nos solos
No Brasil, os Latossolos e os Argissolos ocorrem em aproximadamente 70% da área total. Pedologicamente, de acordo com Helio do Prado, pesquisador especialista em Solos do IAC, apenas os Argissolos apresentam baixo teor de argila (e microporos) na camada superficial e bem mais alto valor de argila (e microporos) em sub superfície, assim existe uma quebra de capilaridade da água no perfil.
“Já os Latossolos possuem semelhança nos valores de argila (e microporos) em ambas camadas, por isso perdem água facilmente para a atmosfera, inexistindo a referida quebra de capilaridade. A física do solo ensina que quando é pequeno o volume de microporos nos primeiros centímetros do perfil de solo, mas é grande esse volume na profundidade próxima de 1 metro, a água fica armazenada por longo tempo no sub solo como um “pote natural de água”, exclusividade apenas dos Argissolos”, explica Prado.
Outro fator que influi muito no aproveitamento hídrico nos Argissolos é a distância das raízes até a exata profundidade de inversão do volume de microporos (quebra de capilaridade). “As ilustrações de Tadeu Nascimento Cury mostram que a máxima absorção de água pelas raízes ocorre quando a planta atinge a camada de quebra de capilaridade entre 25 cm até pouco mais de 50 cm, assim, as plantas ficam com menor deficiência hídrica, mais verdes, mais vigorosas.
Nessa mesma condição, os agricultores mais antigos percebiam isso, chamando de “solos frescos” (Veja Abaixo).
Segundo Prado, a profundidade bem maior que 50 cm da quebra de capilaridade distancia progressivamente as raízes do “pote de água”, a distância radicular menor que 25 cm, sinaliza erosão, um problema gravíssimo.
“A fórmula da capacidade de água disponível (CAD) não detecta a influência da citada quebra de capilaridade até mesmo quando a distância ideal de 25-50cm; resultando em baixa disponibilidade hídrica, mas a cana-de-açúcar está bem verde.
Se ainda você duvida da ineficiência da CAD em medir o suprimento hídrico nos Argissolos, coloque na palma da sua mão as amostras das camadas superficial e subsuperficial”, explica o pesquisador do IAC.