Mudança de mix para mais açúcar pode pressionar cotações em NY

Uma possível mudança de mix para mais açúcar nas usinas do Centro-Sul pode pressionar as cotações da commodity em NY. Além desse fator, a disponibilidade de cana ao longo da safra e a desvalorização do etanol hidratado, podem abrir espaço para eventuais quedas de preços do adoçante a partir de setembro, de acordo com analistas do Itaú BBA.

“Grande parte das reduções dos preços dos combustíveis, promovidas pelas mudanças tributárias, já chegaram ao consumidor, e os preços do hidratado nas usinas foram absorvendo o impacto dessas quedas das cotações. Contudo, os recentes recuos dos preços do petróleo e os reajustes negativos da Petrobras com quedas de preços na gasolina A, ainda impactarão as cotações do biocombustível”, afirmaram.

Em NY, a tela de outubro de 2022 encerrou na segunda-feira (15/8) em cUSD18,24/lp, queda de 3,2% comparado com os preços praticados há um mês (19/7). “Durante o mês de julho as variações nas cotações foram, em grande parcela, influenciadas pelas questões macroeconômicas como dólar, indicadores de recessão global, divulgação dos números do FED (Federal Reserve System), entre outros. Além disso, as mudanças nos impostos federais e estaduais dos combustíveis, incluindo etanol, também pressionaram os preços do açúcar”, disseram os analistas do banco.

Com a safra 2022/23 em andamento na região Centro-Sul e o balanço de oferta e demanda global com superávit sensível de 1,8 milhão de toneladas, os preços em NY vinham acompanhando as cotações do hidratado, já que havia espaço para uma pequena mudança de mix de produção – ATR que ainda não havia sido fixado. Neste sentido, com as recentes mudanças nas tributações dos combustíveis, a gasolina
apresentou maior queda no preço pago pelo consumidor com a redução dos impostos em relação ao biocombustível. Por outro lado, o etanol perdeu competitividade para a gasolina nas bombas, reduzindo o valor recebido pelas usinas, o que impactou o piso dos preços do adoçante em NY.

Ainda no mês de julho, houve mudança no período de cumprimento das metas do Renovabio, que impactou as cotações dos Cbios (Créditos de Descarbonização) saindo dos patamares de R$200/Cbio para negociações ao redor dos R$95/Cbio. Vale destacar que o valor de venda dos Cbios pelas usinas contribuem para a decisão da produção de açúcar ou etanol. “Com todas as mudanças no mercado de etanol, vimos nas últimas quinzenas de produção do Centro-Sul a priorização da produção de açúcar”, disseram.

Safra Global 

O mês de setembro é o último da temporada global 2021/22, e com isso, de acordo com o Itaú BBA, o mercado começa a focar no desenvolvimento da safra do Hemisfério Norte, já que nos principais países produtores de açúcar – com exceção da Índia – são esperados aumentos de produção comparativamente com a temporada 2021/22.

Para a safra global 2022/23, a estimativa é de superávit de 2,1 milhões de toneladas, considerando incremento de produção de Tailândia em 1,4 milhão de toneladas, Europa em 0,3 milhão de toneladas e Brasil no Centro-Sul safra maximizada para o açúcar (safra 2023/24 – abril/março) com 3,0 milhões de toneladas a mais que a safra anterior.

“Outro ponto importante é a posição líquida dos fundos especulativos, que passou de comprada para vendida em 66 mil lotes, o que pode impulsionar os preços do açúcar em NY caso saiam da posição”, disseram os analista do banco.

Por Natália Cherubin