A NetZero, líder na produção industrial de biochar e uma das vencedoras da competição XPRIZE Carbon Removal, lança hoje, no Brasil, a construção de sua primeira planta voltada à cana-de-açúcar – a cultura mais abundante do planeta – abrindo caminho para um crescimento e impacto significativos. O investimento será de cerca de R$ 15 milhões.
A cerimônia de lançamento foi realizada em Campina Verde, no estado de Minas Gerais, onde a unidade começará a operar em fevereiro de 2026. Sua capacidade será similar à de outras fábricas da NetZero – cerca de 4.000 toneladas de biochar por ano –, mas será a primeira a incorporar a tecnologia “Gen2”, o novo sistema de produção da empresa anunciado em março.
O projeto utilizará dois tipos de insumos: palha de cana, fornecidas pela parceira local Brunozzi Agropecuária, uma grande empresa agrícola independente; e bagaço, as fibras resultantes da moagem da cana, fornecidas por usinas da região. Os fornecedores da biomassa também serão os usuários do biochar, viabilizando um modelo totalmente local e circular.
“Se você quer escalar o biocarvão de verdade, precisa dominar a cana-de-açúcar, apesar de todas as dificuldades técnicas dessa biomassa. Estamos orgulhosos de construir nossa primeira fábrica de biochar de cana em parceria com a Brunozzi Agropecuária, utilizando o Gen2, nosso sistema de produção universal lançado recentemente. Vemos grande interesse do mercado e fortes sinergias para além da agronomia. Estou confiante de que nossa solução ponta a ponta se tornará essencial para os players da cana, pois resolve de uma só vez inúmeros desafios que eles enfrentam”, diz Pedro de Figueiredo, CEO da NetZero no Brasil.
Este projeto marca o início de um ambicioso plano de expansão em que a NetZero vem trabalhando há mais de 18 meses, alavancando seu centro de P&D em escala industrial no Brasil. Diversos testes foram conduzidos para otimizar a tecnologia para resíduos de cana, já que folhas e bagaço apresentam grande complexidade técnica devido a uma combinação única de alta umidade, baixa densidade e granulometria altamente variável. Isso explica por que poucos produtores utilizam essa matéria-prima em escala industrial. Ainda assim, a cana-de-açúcar representa um potencial singular para a produção de biochar: com aproximadamente 700 milhões de toneladas de resíduos gerados por ano, é a maior fonte agrícola disponível, sendo que só o Brasil responde por cerca de 40% desse total.
“Estamos orgulhosos de ser pioneiros e de contribuir ativamente com o projeto da NetZero, fornecendo biomassa e utilizando o biochar resultante. Poderemos dar um destino produtivo à palha de cana e evitar queimadas durante a estação seca, ao mesmo tempo em que colhemos os benefícios agronômicos do biochar, que temos testado há um ano com excelentes resultados”, declara Marcos Brunozzi, CEO da Brunozzi Agropecuária.
O biochar é um produto rico em carbono, com impacto climático e agrícola. Ele é produzido por meio do processamento de biomassa – tipicamente residual – em alta temperatura e ausência de oxigênio, permitindo extrair e estabilizar o carbono nela contido. Esse carbono, capturado inicialmente da atmosfera pela fotossíntese, é então incorporado ao solo, promovendo a remoção duradoura do CO₂ atmosférico. No solo, sua estrutura ultraporosa melhora a retenção de água e nutrientes, aumentando significativamente a produtividade agrícola e a renda dos produtores. Isso pode reduzir o uso de fertilizantes e, assim, descarbonizar a produção na origem sem comprometer a produtividade.
Com quatro projetos já implementados no Brasil, a NetZero vinha atuando, até então, com resíduos de café, além de firmar parcerias com gigantes como Nespresso e Marubeni. A aposta na cana-de-açúcar faz parte de uma estratégia mais ampla de diversificação de culturas, apresentada ao júri do XPRIZE Carbon Removal, competição internacional financiada pela Fundação Musk, da qual a NetZero saiu vencedora.
