Opinião
[Opinião] O papel estratégico da cadeia de suprimentos para aumentar a competitividade do agro no mercado global
O agronegócio brasileiro é um dos setores mais dinâmicos e estratégicos da economia mundial, respondendo por 27% do PIB do país e sendo um dos principais fornecedores de commodities agrícolas, como soja, carne bovina, milho e açúcar. O Brasil é, inclusive, o maior exportador mundial de soja, abastecendo grandes mercados como China, União Europeia e Estados Unidos. No entanto, manter a
posição de liderança global exige uma cadeia de suprimentos robusta, eficiente e integrada, capaz de lidar com os desafios logísticos e comerciais impostos pela crescente demanda internacional.
Nesse contexto, os profissionais de Supply Chain desempenham um papel crucia l na otimização dos processos de produção, transporte e distribuição, fortalecendo a competitividade do Brasil no mercado global (CNA, 2022). Falemos um pouco sobre como a atuação estratégica desses profissionais pode transformar o desempenho do agronegócio brasileiro, contribuindo diretamente para o equilíbrio da balança comercial e a segurança alimentar global.
Desafios e Complexidade da Cadeia de Suprimentos no Agronegócio Brasileiro
A cadeia de suprimentos do agronegócio brasileiro é caracterizada por sua complexidade, abrangendo desde a produção agrícola em regiões remotas até a exportação para mercados globais. Um dos maiores desafios enfrentados pela indústria é a infraestrutura deficiente, especialmente no transporte rodoviário, que responde por mais de 60% do escoamento da produção agrícola no país. Além disso, a
dependência de portos com capacidade limitada e a burocracia alfandegária geram atrasos e custos adicionais, prejudicando a competitividade internacional dos produtos brasileiros (Tejon, 2023).
Esse cenário impõe a necessidade de otimizar toda a cadeia logística, desde o planejamento da produção até a entrega final nos mercados consumidores. Aqui, entra em cena o profissional de Supply Chain, com capacidade de implementar soluções integradas e inovadoras que reduzem custos e melhoram a eficiência operacional. A adoção de novas tecnologias, como o uso de blockchain para rastreabilidade e
IoT para monitoramento de estoques em tempo real, são exemplos de ferramentas que podem transformar o setor, oferecendo maior transparência e controle sobre a movimentação de mercadorias ao longo da cadeia (PwC, 2022).
O impacto da atuação de profissionais de supply chain
A atuação de um profissional de Supply Chain capacitado tem impacto direto na performance do agronegócio brasileiro. Um dos principais papéis desse profissional é gerenciar o fluxo de mercadorias, desde a coleta das matérias-primas até a entrega final, garantindo que o processo seja ágil e econômico. Além disso, ao coordenar a negociação com fornecedores internacionais, os profissionais podem garantir
o fornecimento constante de insumos essenciais a custos competitivos, mitigando os impactos das
flutuações no mercado global (Ballou, 2019).
Outro aspecto fundamental é a mitigação de riscos. O agronegócio está sujeito a riscos climáticos, volatilidade cambial e mudanças nas políticas comerciais de grandes mercados, como Estados Unidos e China. Um profissional qualificado em cadeia de suprimentos é capaz de desenvolver estratégias que protegem a produção agrícola brasileira desses riscos, seja por meio da diversificação de rotas logísticas,
contratos de longo prazo com transportadoras ou o uso de ferramentas preditivas para antecipar flutuações de demanda e ajustar a oferta de forma eficiente (Revista RPA News, 2023).
Expansão da competitividade brasileira no mercado global
O agronegócio brasileiro possui grande potencial de expansão, principalmente em nichos de mercado como produtos orgânicos, biocombustíveis e alimentos de alta qualidade, que são cada vez mais demandados pelos mercados internacionais. Os Estados Unidos, por exemplo, são um dos maiores importadores de etanol brasileiro, utilizado como combustível sustentável. A exportação de etanol e outros produtos agrícolas pode ser ampliada por meio de cadeias de suprimentos eficientes, que atendam às exigências regulatórias e ambientais dos mercados consumidores (Jornal Cana, 2022).
Neste sentido, o papel do profissional de Supply Chain é fundamental para garantir que o Brasil consiga atender às especificações de qualidade exigidas por esses mercados e, ao mesmo tempo, explorar novas oportunidades de exportação. Ao negociar tarifas alfandegárias mais favoráveis e utilizar incentivos fiscais oferecidos pelo governo brasileiro, como o Reintegra (Programa Especial de Restituição de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras), os profissionais de Supply Chain podem melhorar significativamente a margem de lucro das exportações e impulsionar o fluxo de caixa das empresas agrícolas (Tejon, 2023).
Contribuição para os interesses nacionais dos EUA
Nos Estados Unidos, por exemplo, há uma crescente demanda por alimentos e biocombustíveis sustentáveis, especialmente em setores como energia renovável e segurança alimentar. Um profissional de cadeia de suprimentos que atua no agronegócio brasileiro, otimizando a logística e o abastecimento de produtos essenciais como soja e etanol, está contribuindo diretamente para os interesses econômicos
e de segurança dos EUA. Esses produtos são fundamentais para a cadeia produtiva americana, fornecendo matérias-primas essenciais para a indústria alimentícia e energética. Dessa forma, a atuação de um profissional que garante o abastecimento contínuo e eficiente dessas commodities não só fortalece o comércio entre Brasil e EUA.
A atuação estratégica de profissionais de Supply Chain no agronegócio brasileiro é essencial para garantir que o Brasil continue a ser um líder global na exportação de commodities agrícolas. Esses profissionais são capazes de otimizar processos, reduzir custos e mitigar riscos, contribuindo diretamente para o aumento da competitividade brasileira no mercado internacional. Além disso, a sua atuação tem
impacto direto na balança comercial de países importadores, como os Estados Unidos, que dependem de produtos agrícolas brasileiros para atender à demanda por alimentos e biocombustíveis.
O papel desses profissionais na criação de cadeias de suprimentos mais eficientes e sustentáveis fortalece a posição do Brasil como parceiro estratégico no comércio global, ao mesmo tempo em que oferece aos Estados Unidos maior segurança em termos de abastecimento de produtos essenciais.
*Carlos Correa é um executivo especializado em gestão da cadeia de suprimentos e comércio internacional, com MBA pela FGV-RJ e pela Unesp. Ele lidera transformações em operações de compras e logística, usando tecnologias como IA, blockchain e IoT para simplificar processos e reduzir custos. (www.linkedin.com/in/carloscorreascm)
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