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Otimização do Processo Fermentativo: aumento da conversão, do rendimento e da produção de etanol
Os cuidados na condução do processo fermentativo são essenciais e o emprego de ferramentas que beneficiam as atividades vitais da levedura contribuem em minimizar a geração de produtos secundários, priorizando a conversão do açúcar em etanol.
A fermentação industrial é um processo complexo com inúmeras variáveis e sujeito à variabilidade de diferentes fontes, como propriedades da matéria-prima, condições de processo e comportamento dos micro-organismos. Para manter condições ótimas de crescimento e funcionamento, as leveduras precisam de um ambiente intracelular específico e balanceado, sendo que qualquer mudança no meio pode resultar em situações que impactam a atividade enzimática, interrompem o fluxo metabólico, danificam estruturas celulares, alteram os gradientes químicos, levando a célula a uma condição de instabilidade.
Ao analisarmos o que acontece com os açúcares depois que são assimilados pela levedura, estes não são transformados imediatamente em etanol, dióxido de carbono, biomassa e outros produtos secundários, uma vez que existe uma sequência de reações bioquímicas (passos metabólicos) catalisadas por enzimas produzidas pela própria levedura que consomem os nutrientes do meio extracelular.
A própria transformação do açúcar até resultar em etanol e gás carbônico (que envolve 12 reações em sequência ordenada, cada qual catalisada por uma enzima específica), também traz influência e eventual prejuízo ao rendimento pois, tais enzimas sofrem ações de diversos fatores, alguns que estimulam outros que reprimem a ação enzimática, afetando o desempenho do processo.
Esses fatores refletem na atividade da levedura e podem acarretar, além de dificuldades operacionais, uma diminuição na taxa de conversão (% de transformação do ART do mosto em Etanol), aumentando as perdas e impactando assim o rendimento fermentativo e industrial e a produção.
Quando submetidas à condição de estresse, as leveduras desenvolvem uma resposta molecular rápida para recuperar danos e consequentemente proteger as estruturas celulares dos efeitos causados.
Fatores que interferem na atividade celular e limitam a produtividade:
- Agentes tóxicos: Sulfito, Excesso de Cálcio, Potássio, Alumínio, etc
- Minerais e Polivitamínicos: Manutenção das reações e atividades enzimáticas e metabólicas;
- Temperatura: Pode interferir quando se encontra muito abaixo ou acima do parâmetro ideal;
- Concentração de Etanol;
- Acidez: Decorrente de degradação do mel, presença de micro-organismos contaminantes e assepsia eventualmente deficiente;
- Pressão Osmótica – Açúcares e Sais;
- Contaminação – Bactérias e Leveduras;
- Velocidade de alimentação: Afeta diretamente as reações enzimáticas;
- Interrupções de processo: períodos superiores a 24 horas podem ser prejudiciais ao levedo e requer cuidados quanto a perda de linhagem;
- Cepa da Levedura (devido as diferenças de Invertase das leveduras selecionadas, estas podem requerer maior ou menor tempo de enchimento.
Balanço de massa da fermentação e a formação de subprodutos
Na sequência de reações intrínsecas à formação de etanol, as rotas metabólicas alternativas aparecem para propiciar a formação de materiais necessários à produção de biomassa (polissacarídeos, proteínas, ácidos nucleicos etc.) bem como para a formação de outros produtos de interesse metabólico relacionados direta ou indiretamente com a adaptação e sobrevivência, os quais desviam carbonos provenientes do açúcar, reduzindo a produção de etanol.
Os principais subprodutos da fermentação etanólica são:
- Produtos secundários: biomassa, glicerol e ácidos orgânicos (ácido succínico e ácido acético)
- Carboidratos de reserva: trealose e glicogênio
O glicerol é um componente chave da levedura para resistência ao estresse da fermentação industrial e para o balanço redox das células, já o ácido succínico é uma defesa natural da levedura contra as bactérias, ou seja, de acordo com as condições do processo e o reflexo dos diversos fatores sobre a levedura, esta produzirá maior ou menor quantidade de subprodutos.
Como esses produtos secundários formados provém do mesmo açúcar contido no mosto, quando ocorre aumento na formação de um deles, necessariamente ocorre a redução do outro, desta forma, a geração de subprodutos consome açúcar em detrimento da produção de etanol:
A formação dos produtos secundários, portanto, compete com a formação do etanol. A equação de transformação de glicose a etanol e gás carbônico, sem levar em conta a produção de mais células e de subprodutos é denominada equação de Gay-Lussac.
Rendimento teórico de etanol, Yt = 0,511 gramas de etanol por grama de glicose consumido é considerado 100%. Considerando ART como glicose:
- 180 gramas de ART produzem 92 gramas (2*46) de etanol, ou seja:
- cada 100 kg de ART correspondem a 51,11 Kg de etanol.
Na prática observa-se um rendimento da ordem de 85-92%, sendo que essa diferença em relação ao rendimento teórico, corresponde ao consumo de açúcar pela levedura para formação de massa celular (crescimento) e subprodutos. Havendo níveis crescentes de contaminação por outros microrganismos (bactérias) e fatores de estresse, afetando a atividade enzimática e metabólica, o rendimento pode ser ainda mais impactado.
As condições operacionais podem provocar alterações metabólicas significativas. As enzimas sofrem ações dos fatores que interferem em sua atividade e limitam a produtividade, prejudicam o metabolismo da levedura, dentre outros, sendo que estes fatores estimulam ou reprimem a ação enzimática, levando a levedura a produzir subprodutos indesejáveis com desvio dos açúcares presentes no substrato e afetando o desempenho do processo.
Os cuidados na condução do processo fermentativo são essenciais e o emprego de ferramentas que beneficiam as atividades vitais da levedura contribuem em minimizar a geração de produtos secundários, priorizando a conversão do açúcar em etanol. O desafio dos gestores na busca da eficiência e maiores rendimentos implica no controle microbiano e operacional do processo, bem como na compreensão das atividades enzimáticas e metabólica da levedura.
Reações Intracelulares e o Vigor Metabólico (Vitalidade Celular)
As respostas das leveduras as condições estressantes são variáveis a linhagem empregada na fermentação, sendo que as reações intracelulares são afetadas de acordo com o tipo de estresse sofrido.
A recuperação da viabilidade é gradativa, a levedura se adapta as condições do meio, porém é um processo gradual, taxas elevadas de inibidores levam a diminuição da população, pois nem todas as leveduras da população são tolerantes.
Maximizar as reações intracelulares significa elevar o vigor metabólico e contribui para uma adaptação mais rápida as situações adversas.
Antes que a levedura perca a integridade da membrana (morte celular), ela apresenta alguns sinais vitais, que são observados como elevação do tempo de fermentação, dificuldade de assimilação de açúcares, elevada geração de produtos secundários e isso culmina em reflexo no rendimento fermentativo.
O etanol apesar de ser produzido pela levedura é uma fonte de estresse, pois é capaz de desnaturar proteínas e a membrana celular, tornando a levedura mais suscetível a morte celular, elevados teores de sais ocasiona para a célula de levedura uma resposta imediata da saída de água intracelular, essa alteração de potencial hídrico leva ao rompimento da membrana o que causa morte celular.
Ferramentas para evitar perdas e maximizar o rendimento
Para uma boa safra é primordial não apenas garantir uma perfeita multiplicação na partida de fermentação, assegurando robustez, flexibilidade e resiliência para assimilar as condições de operação e elevar a capacidade de permanecer no processo de forma dominante durante a dinâmica de crescimento populacional mas, manter a atividade e o vigor metabólico em seu transcorrer para otimizar o processo fermentativo e evitar perdas decorrentes de desvios de carbono.
O programa de tratamento e monitoramento técnico Biocane para otimização do processo fermentativo tem como premissas:
- Partir a fermentação e multiplicar o fermento com utilização de levedura personalizada ou selecionada e emprego do Nutriente Composto e Balanceado BIOCANE NUTRIPLUS;
- Estimular e manter as atividades enzimáticas e metabólicas da levedura, minimizando perdas;
- Obter um fermento com robustez, flexibilidade e resiliência para assimilar as condições usuais de operação;
- Aumentar a taxa de conversão, elevando a produção e o rendimento do processo com o Ativador Metabólico para Levedura BIOCANE ACTIVE PLUS.
BIOCANE NUTRIPLUS é utilizado como importante ferramenta para partida de fermentação e multiplicação do fermento, bem como na rápida revitalização da atividade celular, da viabilidade e do brotamento.
A qualidade das matérias-primas empregadas assegura que impurezas contaminantes, passíveis de ocasionar toxicidade a própria levedura, não sejam incorporadas ao processo e também contribui para maximizar a assimilação integral pela levedura, otimizando o consumo.
Possibilita que o fermento alcance rápido crescimento pois garante à levedura a existência dos íons essenciais que integram os processos metabólicos, de forma equilibrada, promovendo ativação das reações bioquímicas essenciais ao seu crescimento, controlando a síntese de lipídeos e carboidratos, evitando acúmulo de açúcares de reserva pela levedura, tamponando a célula contra efeitos adversos do meio, estimulando o crescimento e a fermentação.
Promove um estímulo a multiplicação, a viabilidade e atividade celular dando maior consistência ao brotamento, fortalecendo assim a levedura para as condições adversas da fermentação, mantendo os níveis de células viáveis e minimizando perdas no processo.
Já o ativador metabólico para levedura BIOCANE ACTIVE PLUS é aplicado continuamente pelas Unidades como forma de minimizar o estresse das condições/oscilações do meio fermentativo e aumentar a conversão de açúcar em etanol, o rendimento do processo fermentativo e industrial e a produção.
Fornece para a levedura polivitamínicos e cofatores enzimáticos que aumentam o vigor metabólico (vitalidade celular), beneficiando a saúde, a atividade da levedura e a velocidade da fermentação, conferindo em especial: robustez, tolerância, favorecimento da produção de etanol, por minimizar o estresse que a levedura está exposta.
A aplicação do BIOCANE ACTIVE PLUS permite que a levedura potencialize suas reações enzimáticas, o que amplia a tolerância devido a vitalidade celular ser elevada, minimizando desvios de açúcar que a própria levedura utilizaria para geração de subprodutos necessários a sua sobrevivência e adaptação.
Existem ainda fatores que impactam em ocasiões de estresse agudo, além das reações intracelulares, as organelas celulares. Nestes momentos que a levedura está mais fragilizada, o nutriente balanceado BIOCANE NUTRIPLUS atua como um Revitalizador Celular, sendo intercalado com o BIOCANE ACTIVE PLUS.
Cases: gráficos e resultados
Podemos observar no gráfico 1 do case, a inversão na tendência da curva do teor alcoólico (ºGL) em relação ao ART do Mosto (%), mesmo com a redução do ART do Mosto de 21,013% (Antes) e para 20,864% (Durante Aplicação):
- Média do °GL (Antes) 9,64 ºGL
- Média do ºGL (Durante) 11,11 ºGL
O que representou um incremento de 15,1% no °GL e na produção de etanol. Já no gráfico 2 podemos notar o aumento no Índice de Conversão:
- Antes da aplicação, a média foi 45,92%
- Durante a aplicação, a média atingiu 53,31%
O ganho de conversão foi de 16,08%, até mais significativo que o ganho de ºGL pois a média do ART teve uma pequena queda no período durante a aplicação.
Conclusão e considerações finais
Os trabalhos conduzidos nas diferentes unidades, mostram-se coincidentes no que tange ao aumento da conversão do teor alcoólico da produção de etanol e do rendimento.
Em um case na região Centro-Sul (Polo São Paulo) de uma Unidade com duas linhas de fermentações em paralelo, com mesmo mosto alimentado em ambas, permitiu evidenciar o incremento no teor alcoólico e ganho de conversão, que foi aplicado em uma das fermentações:
- Fermentação 1 (com aplicação): atingiu-se teor alcoólico de 10,2 °GL
- Fermentação 2 (branco): manteve-se na faixa que vinha trabalhando 9,7 °GL.
O incremento obtido no teor alcoólico e na conversão de aproximadamente 5%, refletiu na produção de etanol, redução do volume de vinhaça e no resultado financeiro, permitindo obter o custo-benefício da aplicação e viabilizar o trabalho.