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Opinião

Perspectivas para a produção de açúcar no Hemisfério Norte

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Após duas temporadas consecutivas de superávit mundial de açúcar, a safra 2019/20 pode registrar déficit.

Com o início de novembro, as perspectivas de colheita do Hemisfério Norte se tornam um pouco mais tangíveis. Embora nenhum relatório de moagem realizada tenha sido divulgado até agora, algumas agências atualizaram suas previsões para a temporada.

Os preços do açúcar bruto começaram a semana corrigindo apenas para voltar para o nível de 27,5 centavos de dólar por libra peso na quarta-feira, após as estimativas da Associação Indiana de Usinas de Açúcar (Isma) de 33,7 milhões de toneladas para a safra 2023/24 serem divulgadas, um declínio acentuado em comparação com as 36,6 milhões de toneladas na safra 2022/23.

Após considerar o desvio de cerca de 3,5 milhões de toneladas para o etanol – uma janela de moagem curta deve comprometer a capacidade do país de desviar produto ao biocombustível –, a Índia ainda seria capaz de produzir cerca de 30 milhões de toneladas do adoçante. Portanto, concordamos com a agência que se deve esperar um saldo positivo entre produção e consumo em 2023/24, levando a uma possível formação de estoques, já que o governo deverá priorizar o mercado doméstico.

 

Como resultado, a atualização da produção da Índia não trouxe quaisquer alterações aos números dos nossos fluxos comerciais, uma vez que já não eram esperadas exportações.

 

Simultaneamente, a Thai Sugar Millers também divulgou um comunicado sobre a situação e as previsões da safra 2023/24 da Tailândia. Segundo a agência, a produção de adoçantes deverá reduzir para 7 a 8 milhões de toneladas, ou uma queda superior a 25%, impactando a participação do país no mercado global.

Assim, esperamos que a Tailândia produza 8,1 milhões de toneladas e exporte apenas 5,1 milhões de toneladas, em comparação com os 7,9 milhões de toneladas esperados para 2022/23 (dezembro a novembro).

Contudo, as notícias altistas vindas da Tailândia não se limitaram a estas perspectivas. A recente decisão do governo, tomada na última terça-feira, de categorizar o açúcar como uma commodity controlada afetará significativamente o setor.

Tal como outros bens controlados, esta classificação implica que quaisquer alterações nos preços de varejo (ou volumes de exportação) exigirão a aprovação de um comitê regulador. Embora o objetivo das autoridades seja garantir o abastecimento interno de açúcar e gerir a inflação, os usineiros estão receosos de que isso possa resultar em atrasos no cumprimento dos contratos de entrega.

Estes eventos contribuem para uma tendência bem conhecida: o aperto de disponibilidade. Mas essa escassez ainda não é totalmente sentida pelos destinos, já que o Brasil continua bastante forte e negociando com desconto, adicionando resistência aos aumentos de preços.

 

A falta do Hemisfério Norte será percebida especialmente durante a entressafra do Brasil. É claro que com mais cana o Centro-Sul poderá fornecer mais açúcar do que o normal, mas as chuvas devem atrapalhar – como sempre. Entre novembro e fevereiro, os dias perdidos tendem a aumentar de aproximadamente um durante o inverno para mais de três dias.

 

Combinando chuvas com cana de menor qualidade, fica difícil para as usinas manterem um mix de açúcar alto. Ainda assim, a região continuará a produzir o máximo possível do adoçante, dada a disparidade de preços. Portanto, os destinos devem começar a sentir os impactos da ausência do Hemisfério Norte apenas no primeiro trimestre de 2024. Mas o consenso do mercado é que, na ausência de qualquer evento climático intenso, o Brasil está pronto para outro bom ano em 2024/25, tornando o primeiro trimestre de 2024 e o segundo trimestre de 2024 a única janela verdadeiramente altista.

 

* Lívea Coda é coordenadora de inteligência de mercado na hEDGEpoint Global Markets

 

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