Os preços do açúcar subiram com força nesta segunda-feira (6), com o contrato futuro mais próximo negociado em Nova York alcançando o maior nível em um mês e três semanas. O contrato de açúcar bruto com vencimento em março de 2026 subiu 2,1%, para 16,81 centavos de dólar por libra-peso. Por sua vez, o contrato mais ativo de açúcar branco subiu 1,5%, para US$ 464,40 a tonelada.
A valorização foi impulsionada por dados divulgados na última quinta-feira (3) pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), indicando uma queda no teor de açúcar da cana processada na região Centro-Sul do Brasil, o que pode sinalizar menor produção no curto prazo.
Na primeira metade de setembro, o teor de açúcar da cana moída no Centro-Sul caiu para 154,58 quilos por tonelada, ante 160,07 kg/t registrados no mesmo período do ano passado. Esse recuo ocorre mesmo com a produção total da quinzena tendo aumentado 15,7% em relação ao ano anterior, alcançando 3,622 milhões de toneladas. Já a proporção da cana destinada à produção de açúcar subiu para 53,49% no fim de agosto, contra 47,74% no mesmo intervalo de 2024. No acumulado da safra 2025/26 até meados de setembro, no entanto, a produção apresenta ligeira queda de 0,1%, somando 30,388 milhões de toneladas.
Apesar da alta pontual nos preços, o mercado do açúcar vem enfrentando um longo ciclo de baixa. No mês passado, os preços em Nova York caíram ao menor nível em 4 anos e 3 meses, enquanto os contratos em Londres atingiram a mínima em 4 anos. As cotações seguem pressionadas pela perspectiva de um excedente global de açúcar. A consultoria StoneX projeta um superávit de 2,8 milhões de toneladas na safra 2025/26, revertendo o déficit estimado de 4,7 milhões de toneladas na temporada atual.
No cenário internacional, os sinais vindos da Índia também preocupam os produtores. As fortes chuvas da temporada de monções — as maiores em cinco anos — devem favorecer uma safra volumosa. Segundo o Departamento Meteorológico da Índia, o acumulado de chuvas até 30 de setembro foi de 937,2 mm, 8% acima da média. Esse cenário reforça a possibilidade de aumento nas exportações indianas, o que ampliaria ainda mais a oferta global e poderia pressionar os preços nos próximos meses.