Açúcar
Preços do açúcar despencam com alta na moagem das usinas sucroenergéticas do Brasil
Os preços do açúcar caíram acentuadamente na terça-feira, com o açúcar de NY registrando uma baixa de 3 meses e o açúcar de Londres registrando uma baixa de 4 meses. A moagem de cana-de-açúcar maior que o esperado no Brasil está pesando sobre os preços do açúcar. Com isso, o contrato de açúcar de março de 2025 fechou terça-feira em queda de 4,06%, em 19,76 centavos de dólar por libra-peso. Enquanto isso, o contrato de açúcar branco de março em Londres fechou em queda 2,73%, em US$ 513,50.
Na última quinta-feira, a Unica in formou que o Brasil esmagou 20,35 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na segunda quinzena de novembro, acima das expectativas de 15,5 milhões de toneladas. De acordo com análise da Barchart, as perdas no açúcar aceleraram na terça-feira, depois que o real brasileiro caiu para uma mínima recorde em relação ao dólar. O real mais fraco incentiva as vendas de exportação pelos produtores de açúcar do Brasil, levando a um aumento da oferta global.
Uma melhor perspectiva da oferta mundial está impactando nos preços do açúcar. O mercado futuro de açúcar em Nova York registrou uma queda significativa ao longo da semana passada, com o contrato para vencimento março-25 encerrando a 20.73 centavos de dólar por libra-peso, uma retração de 101 pontos ou aproximadamente 22 dólares por tonelada em relação à semana anterior.
Segundo a Acher Consulting, os demais vencimentos, de maio/25 a março/26, que servem de parâmetro de fixação para a safra 25/26 do Centro-Sul, também fecharam em baixa, variando de 93 a 57 pontos, o que equivale a quedas de 20,50 a 12,50 dólares por tonelada, respectivamente.
“Os contratos com vencimento entre maio/26 e março/27, que refletem a safra 26/27 do Centro-Sul, também apresentaram quedas, variando entre 42 e 21 pontos, equivalentes a retrações de 9,20 dólares por tonelada e 1,60 dólares por tonelada, respectivamente. Essa movimentação reflete uma pressão vendedora no mercado, influenciada não apenas por ajustes técnicos, mas também por fundamentos relacionados à oferta de açúcar do Brasil”, disse Arnaldo Corrêa, analista de Mercado e diretor da Archer Consulting.
As condições climáticas favoráveis, com boas chuvas no final de outubro e durante novembro, somadas a um pico inesperado do dólar em relação ao real, criaram um cenário oportuno para as usinas acelerarem suas fixações de preços, segundo análise da Archer. Esse movimento foi incentivado não apenas pelos preços remuneradores, mas também pela perspectiva de juros elevados, que influenciava a curva de preços em reais para o próximo ano, o NDF (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira.
“Em agosto, as usinas estavam fixadas menos de 30% do volume esperado para exportação na safra 25/26. Esse percentual subiu para 38.5% em setembro, 45% em outubro e alcançou 53.5% até o final de novembro. É importante destacar que, enquanto a fixação média de agosto foi de R$ 2.410 por tonelada, nos meses seguintes (setembro, outubro e novembro) essa média superou R$ 2.600 por tonelada, refletindo uma estratégia acertada das usinas em aproveitar aquele momento favorável”, explica Corrêa.
As perspectivas de maior produção de açúcar na Tailândia também são pessimistas para os preços do açúcar. O Escritório do Conselho de Cana e Açúcar da Tailândia projetou que a produção de açúcar da Tailândia em 2024/25 aumentaria 18%, para 10,35 milhões de t. A Tailândia produziu 8,77 milhões de toneladas de açúcar na temporada 2023/24, que terminou em abril. A Tailândia é o terceiro maior produtor de açúcar e o segundo maior exportador de açúcar do mundo.
“Ainda assim, há fundamentos que trazem perspectivas construtivas para o mercado no longo prazo. O consumo global de açúcar tem crescido em um ritmo superior ao da produção nos últimos cinco anos. Nossas projeções indicam que o consumo deverá superar a produção a partir da safra 2028/29, criando um cenário estruturalmente mais apertado para o mercado”, disse Corrêa.
Natália Cherubin com informações da Barchart
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