Após semanas de queda, os preços do açúcar reagiram positivamente nesta quinta-feira, impulsionados pela valorização do real brasileiro e pela cobertura de posições vendidas nos mercados futuros. O movimento ocorre após o real atingir o maior valor em quatro semanas frente ao dólar, reduzindo o apetite exportador dos produtores nacionais e ajudando a sustentar as cotações internacionais.
O contrato do açúcar bruto com vencimento em março de 2026 subiu 0,08 centavo de dólar, ou 0,6%, a 14,19 centavos de dólar por libra-peso, tendo atingido brevemente uma nova mínima de cinco anos de 14,04 centavos de dólar por libra-peso. Por sua vez, o contrato mais ativo de açúcar branco teve pouca alteração, encerrando a US$ 412,90 por tonelada.
O cenário, no entanto, ainda é de pressão baixista estrutural, diante de uma oferta global abundante. O Brasil, maior exportador mundial, segue registrando volumes recordes. A Conab elevou sua estimativa para a safra 2025/26 para 45 milhões de toneladas, enquanto a Unica reportou alta de 1,3% na produção do Centro-Sul na primeira quinzena de outubro. Já a proporção de cana destinada à fabricação de açúcar subiu para 48,24%, indicando uma priorização do produto frente ao etanol.
Projeções de consultorias internacionais reforçam o excesso de oferta. O BMI Group prevê um superávit global de 10,5 milhões de toneladas para 2025/26, e a Covrig Analytics estima 4,1 milhões. Mesmo com variações entre os números, o consenso é que o mundo deve enfrentar um excedente expressivo de açúcar nos próximos meses.
Na Índia, o segundo maior produtor mundial, a ISMA também revisou para cima sua previsão de produção, agora em 31 milhões de toneladas, aumento de 18,8% sobre o ano anterior. Além disso, o corte na destinação de açúcar para o etanol — de 5 milhões para 3,4 milhões de toneladas — pode liberar volumes adicionais para exportação, ampliando a pressão sobre os preços internacionais.
Apesar da leve recuperação recente, o mercado continua atento ao equilíbrio entre a valorização cambial, que reduz a competitividade do açúcar brasileiro, e a superprodução global, que mantém os preços sob controle. O resultado é um mercado em transição, no qual a força momentânea do real pode ser apenas um respiro em meio a um ciclo de oferta elevada e preços historicamente baixos.

