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Agrícola

Prolongadores de eixo reduzem pisoteio, custos e garantem flexibilidade para a frota

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Uso de prolongadores de eixos feitos sob demanda para caminhões e tratores não só reduzem a compactação de canaviais como os custos com a adequação de frota já existente

Você sabia que o pisoteio da soqueira é um dos principais fatores limitantes da produtividade da cana-de-açúcar? Para conquistar altas produtividades nos canaviais é preciso realizar um plantio adequado, práticas corretivas, adubação, controle de pragas e doenças e ter boa qualidade na colheita.

No entanto, segundo o professor associado na área de Adubos e Adubação do Departamento de Ciência do Solo da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo), um dos principais fatores que causam perdas econômicas no momento da colheita, o pisoteio de soqueira, é responsável, em média, por cerca de 33% de redução na produtividade do canavial. (Veja Gráfico 1)

Gráfico 1. Potencial de aumento de produtividade (%). Fonte: Otto, 2017

 

Luiz Nitsch, especialista em Motomecanização e consultor da Sigma Consultoria Automotiva diz que apesar de não haver uma estatística formal e consensual a respeito da relação percentual do pisoteio em canaviais, alguns ensaios mostraram que de 8% a 17% da área de um determinado lote é pisoteado no tráfego de veículos e máquinas agrícolas sobre as soqueiras de cana. “O que se tem certeza, é que o pisoteio é algo altamente indesejável, pois afeta sobremaneira a brotação de novas canas após colheita”, adiciona.

Algumas das principais causas do pisoteio de soqueira são a má qualidade do plantio, o tráfego de maquinário de forma incorreta durante operações de cultivo e colheita, a falta de uso de bitola ajustada e época de corte do canavial, segundo uma publicação do Gape (GAPE (Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão) da Esalq-USP.

Ilustração (Crédito: Denis Dalben Ilustrações/Carcaças Guimarães)

De acordo com os especialistas da Esalq-USP, esses e outros fatores aliados trazem como consequência o fenômeno da compactação do solo, o qual impede a brotação e desenvolvimento da cana soca, o que diminui consideravelmente a produtividade e a longevidade do canavial.

Um estudo realizado pelo CTBE (Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol), de 2017 e divulgado pelo Gape, demonstrou que as perdas na colheita seriam suficientes para a aquisição de nove usinas de etanol com capacidade de moagem de 2,5 milhões de toneladas por safra, atingindo assim um prejuízo que ultrapassa os R$ 4,5 bilhões.

Fonte: CTBE, 2017

Sabendo disso, produtores de cana e usinas, mais recentemente, vêm buscando implementar novas tecnologias a fim de reduzir a compactação. As principais foram a adoção das colhedoras de cana de duas linhas aliadas ao piloto automático, dos transbordos de maior capacidade e eixos adaptados para o espaçamento dos canaviais, bem como pneus de alta flutuação.

No entanto, outra importante ação, citada pelos especialistas, o prolongamento de bitolas ou eixos de caminhões e tratores, um procedimento possível e seguro que permite que o trânsito desses veículos seja somente nas entrelinhas, pode reduzir muitos custos, principalmente porque evita que seja necessária uma renovação de frota antecipada, o que pode ser uma solução “de ouro” para usinas e produtores que tem limitações no orçamento agrícola.

“Sem dúvida, se houver equipamentos em bom estado mecânico geral, ainda é mais econômico alterá-los em vez de adquirir novos”, diz Nitsch.

Uso de prolongadores reduz em 50% custos com frota nova

No início, o aumento da bitola dos tratores, para que seus pneus pudessem rodar nas entrelinhas de cana, foi obtido através de espaçadores ôcos ou sólidos, inseridos entre a flange do eixo que recebe a roda e a própria roda.

De acordo com Nitsch, nos eixos direcionais dos tratores, não deu muito certo, pois o aumento da alavanca entre o centro de carga dos rolamentos e os mancais das mangas direcionais, gerou quebras indesejáveis, devido esforços adicionais, não previstos no projeto de engenharia.

“Os fabricantes de tratores reagiram e passaram a fornecer eixos dianteiros de tração, alongados em seus fundidos, eliminando os problemas surgidos. O mesmo caminho foi trilhado pelos fabricantes de transbordos. Já com os caminhões as coisas foram um pouco mais complicadas. A viga do eixo dianteiro teve de ser cortada e emendada, com reforços, para obter-se o aumento de bitola, sem gerar esforços adicionais não previstos, nas mangas de eixo, tal e qual os tratores agrícolas”, explica.

Ilustração (Crédito: Denis Dalben Ilustrações/Carcaças Guimarães)

Ainda de acordo com Nitsch, nos eixos traseiros de tração dos caminhões, foi incorporado um tubo espaçador, roscado e aparafusado nas ponteiras originais, e os semi-eixos tiveram que ser usinados a partir de uma barra de aço. Foram também adicionados pneus de alta flutuação, com mais área de contato que os pneus originais do caminhão. Assim, além de se evitar pisoteio se reduziu muito, também, a compactação nas entrelinhas.

O Valter Pereira, proprietário e diretor da Carcaças Guimarães, empresa que trabalha desde 2006 com a tecnologia de prolongadores feitos on demand, explica que o investimento tem retorno muito rápido.

“Com a maior produtividade e longevidade, usinas e produtores reduzem a necessidade de replantio de canavial. O fato de não precisar de fazer investimento em novos equipamentos traz uma economia de 50% nos custos, quando é feita a adaptação da frota que a usina ou produtor já tem. Mesmo que o trator ou caminhão sejam mais antigos, consegue-se o mesmo ganho na operação, seja caminhão-transbordo ou para distribuição de adubo, pois estes trabalham em baixa velocidade”, adiciona.

A companhia oferece um serviço diferenciado porque consegue fazer a adaptação de caminhões e tratores de todas marcas e modelos, novos ou usados. Além disso, o prolongador de eixos tem uma tecnologia que permite que seja desinstalado para que o veículo ou maquinário volte a sua originalidade.

“O primeiro benefício é a economia. Não é necessário desfazer dos bens que estão atendendo o trabalho para comprar novos para as mesmas funções. Além disso, a tecnologia permite que se possa expandir ou retrair as dimensões dos eixos quando necessário, se adequando a cada tipo de plantio ou ao trabalho que será realizado”, adiciona.

Prolongar os eixos, no entanto, não reduz a vida útil do trator, nem prejudica o câmbio e o diferencial. “Não há nenhum risco disso. Todas as peças do câmbio e diferencial serão mantidas. A troca pode ser feita sem riscos”, destaca o especialista da Carcaças Guimarães.

Ele ainda acrescenta que a tecnologia é diferente de outras porque a roda trabalha em cima do cubo, trazendo maior longevidade e produtividade.  “Quando você só coloca um tubo na frente do cubo e coloca um pneu, nem no trator e nem no caminhão vai funcionar muito bem. Ele é diferenciado porque trabalha dentro dos padrões de uma linha automotiva, ou seja, a tecnologia oferecida é praticamente igual ao original de fábrica”, destaca.

Por RPAnews

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