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Conjuntura

Quem é o novo presidente da Petrobras e o que pensa sobre a política de preços?

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Ontem, 28, o MME ( Ministério de Minas e Energia) anunciou o novo presidente da Petrobras. A indicação do presidente da República, Jair Bolsonaro, é o sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o economista Adriano Pires.

De acordo com entrevista publicada pela Veja.com, doutor em economia industrial pela Universidade de Paris XIII, Pires tem mais de 40 anos de experiência na área de energia e sempre traçou pesquisas nos campos da economia da regulação, economia da infraestrutura, aspectos legais e institucionais da concessão de serviços públicos e tarifas públicas.

Em entrevista concedida a Veja em março, Pires afirmou que Bolsonaro não deveria intervir na política de preços da empresa. “Eu espero e torço para que o governo Bolsonaro resista à tentação de intervir na Petrobras, porque esse seria o pior caminho, e resista a fazer políticas de congelamento de preços”, diz ele. “O congelamento dos preços seria uma tragédia”.

De acordo com Pires, o governo poderia aproveitar não só dividendos que recebe da empresa para fazer alguma determinada política de assistência social, mas  também os royalties e as participações especiais. Isto porque, há uma série de fatores que aumenta a arrecadação quando o petróleo está caro.

Pires explicou que o país perdeu a oportunidade de criar um fundo quando o barril, em abril de 2020, chegou a 20 dólares. “Agora, a gente também tem que tomar uma providência. Não dá para ficar vendo a banda passar. Tem que tomar medidas típicas de períodos de excepcionalidades, como foi com o auxílio emergencial durante a pandemia para as pessoas de menor renda. Deve-se ter algum programa de subvenção direta para diesel e para o botijão de gás, algo que dure cerca de três meses, enquanto vai discutindo o assunto no Congresso para políticas mais estruturantes, como uma mudança tributária ou a criação de fundo. Não é bom aprovar leis em momentos de tanto barulho, com tanta turbulência, como é o que a gente está vivendo agora, mas algo precisa ser feito. Se eu fosse do governo faria um plano de subvenção direta parecido com aquele feito na época da greve dos caminhoneiros”, afirmou à Veja.

Pires disse ainda que o Brasil agora é um exportador de petróleo e que em 2021 exportou 1,2 milhão de barris por dia, a maior taxa para uma empresa do setor na América Latina. Para ele o petróleo caro não deveria ser um problema, já que o Brasil é um país exportador.

“Fico surpreso de o governo reclamar do preço alto do barril. O Brasil é o único país do mundo que exporta petróleo e que não gosta de preço alto. A Petrobras no ano passado deu um lucro de 106 bilhões de reais. Eles [o governo] falam que é um lucro abusivo, mas não é. Precisam entender que o mercado de petróleo é um mercado cíclico”, disse em trecho de entrevista.

Ainda de acordo com ele, a boa notícia é que o governo nunca tinha recebido tanto dividendo da Petrobras como em 2021, o que dá margem para o governo, se quiser, usar esse dividendo para fazer política pública. “Isso é o que seria o correto. O cenário atual não é bom. Petróleo alto demais gera inflação, aumento de juros, dificuldade de retomada do crescimento econômico, mas a guerra é uma coisa que não vai ficar. Deve entrar numa normalidade maior e o preço voltar para os 90 dólares.”

Sobre uma possibilidade de intervenção na Petrobras por parte do presidente Jair Bolsonaro, Pires disse que o grande momento de intervenção foi durante o governo da presidente Dilma, quando fizeram um rombo no caixa da Petrobras avaliado em 40 bilhões de dólares, em valores da época, e a empresa contraiu uma dívida de 100 bilhões de dólares.

“Ali foi o grande auge da intervenção. No governo Michel Temer, a empresa começou a seguir a política da paridade de importação, corrigindo os preços em função do mercado internacional e da taxa de câmbio. Eu espero e torço para que o governo Bolsonaro resista à tentação de intervir na Petrobras, porque esse seria o pior caminho, e resista a fazer políticas de congelamento de preços.Pode-se até criar políticas públicas para esse momento de excepcionalidade, como um plano de subvenção, a mudança do ICMS, continuar discutindo reformas tributárias e também discutir com calma a criação de um fundo de estabilização. Se o caminho for o da intervenção, vai ser um desastre para o país”, disse.

O congelamento dos preços é a pior política possível para o economista. “Sempre que se faz políticas de congelamento o resultado imediato é gerar um desabastecimento. E o desabastecimento de combustíveis no Brasil seria uma tragédia. A gente precisa entender que a Petrobras é uma empresa de economia mista, não uma estatal, e portanto ela tem de respeitar o acionista privado, e o governo deve usufruir da Petrobras através dos dividendos”, disse à Veja.

Com informações da Veja.com

 

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