Conecte-se conosco
 

Destaque

Raízen manteve nota de crédito em escala global BBB

Publicado

em

O rating em moeda estrangeira da Raízen está dois graus acima do Teto-país do Brasil, ‘BB+’

A agência Fitch Ratings divulgou, na semana passada, um relatório de atualização no qual manteve a nota de crédito da Raízen em escala corporativa global de “BBB” e em escala nacional de “brAAA”, ambas com perspectiva estável, mantendo o Grau de Investimento.

De acordo com a Fitch Ratings, o ratings grau de investimento da companhia sucroenergética não têm paralelo no setor global de açúcar e etanol devido a seu conservador índice de alavancagem líquida, à robusta liquidez e à resiliência do fluxo de caixa proporcionada pelo negócio de distribuição de combustíveis.

“A Raízen é a terceira maior empresa brasileira em termos de receita líquida. A significativa contribuição do fluxo de caixa dos negócios de distribuição e a força financeira implícita, em conjunto com o potencial suporte da Cosan e da Shell, também são importantes fatores de crédito”, afirmou a agência.

Os IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Inadimplência do Emissor) da Raízen estão um grau acima dos da Suzano S.A. (Suzano, BBB-/Estável), maior produtora de celulose do mundo e líder na produção de papel para imprimir e escrever, além de segunda maior produtora de papel-cartão no Brasil. A Suzano apresenta geração de caixa mais forte e ampla liquidez, mas a principal diferença é sua alavancagem líquida, mais elevada que a da Raízen, segundo a Fitch.

Os ratings da companhia também estão quatro graus acima dos da FS Indústria de Biocombustíveis Ltda. (FS, BB-/Estável), empresa que, segundo relatório da Fitch, está mais exposta à volatilidade dos preços das commodities e tem liquidez mais fraca que a da Raízen.

A Fitch também atribuiu rating ‘AAA(bra)’ à proposta de segunda emissão de debêntures seniores, sem garantia, da Raízen S.A., que totalizará R$ 1 bilhão e terá vencimento final em 2031. A transação será garantida pela Raízen Energia S.A. Os recursos da emissão devem ser usados para propósitos corporativos gerais.

“Os ratings refletem as fortes posições de mercado da Raízen, maior empresa do setor sucroenergético e segunda maior distribuidora de combustíveis do Brasil, que tem uma estratégia de crescimento qualitativo via investimentos em energia renovável e acesso a clientes finais. A importância da empresa para seus controladores, seu comprometimento com a manutenção de liquidez robusta, indicadores de crédito conservadores e ampla flexibilidade financeira, incluindo geração relevante de EBITDA, posição de caixa e acesso a linhas de crédito no exterior não sacadas em moeda forte, continuam sendo os principais fundamentos do rating”, disse a Fitch em seu relatório

Posição de mercado e crescimento do mercado de energias renováveis

Um dos fundamentos utilizados pela Fitch para o rating é a forte posição de mercado da companhia. A Raízen é líder no setor sucroenergético e a segunda maior distribuidora de combustíveis do Brasil. Segundo a Fitch, a combinação das duas atividades lhe proporciona singular escala de negócios e diversificação, diferenciando-a de seus competidores no país.

“O grupo está menos exposto a riscos do que as demais usinas de açúcar e álcool do Brasil e possui uma estratégia mais forte e mais bem desenvolvida de negócios de energia sustentável e operações internacionais que a de outras distribuidoras de combustíveis do país”, disse a agência.

Outro ponto é a perspectiva de crescimento das energias renováveis. Para a agência, o modelo de negócios da Raízen proporciona sólida base para sustentar a diversificação de suas operações, por meio de investimentos em energias renováveis e acesso a clientes finais globalmente.

“Em energia renovável, a empresa focará o aumento da produção de etanol de segunda geração, biomassa para geração de energia elétrica, etanol não combustível e biogás. No acesso a clientes finais, investirá na expansão do número de lojas de conveniência das marcas Shell Select e OXXO, bem como na penetração das vendas digitais e em logística e iniciativas comerciais para facilitar seu relacionamento com clientes e mercados finais”, disse a Fitch.

Para o mercado de açúcar e etanol a perspectiva da agência é neutra. Isto porque, os produtores brasileiros devem continuar se beneficiando dos altos preços do açúcar fixados para a safra de 2024/2025. De acordo com as projeções da Fitch, o preço internacional do açúcar será de USD20,80 centavos/libra em 2024/2025. A Raízen já fixou 65% dos volumes de açúcar relacionados a cana-de-açúcar própria para a safra 2024/2025 a R$ 116 centavos/libra e cerca de 15% para 2025/2026 a R$ 114 centavos/libra – preços considerados competitivos pela Fitch.

A agência espera que o mercado doméstico de etanol permaneça menos atraente para os produtores brasileiros em 2024, devido a preços mais baixos e forte volatilidade. A Fitch projeta o Brent a USD80/bbl em 2024 e USD70/bbl em 2025. A mudança na estratégia comercial de combustíveis da Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) aumentou as incertezas sobre a velocidade e o tamanho dos ajustes de preços, especialmente da gasolina, importante referência para o etanol.

Rating da companhia está acima do teto-país do Brasil

A Raízen dever gerar EBITDA de cerca de R$13,5 bilhões e CFFO BRL de R$10,7 bilhões no ano fiscal de 2025, de R$13 bilhões e R$10,5 bilhões, respectivamente, no de 2026. Os números, divulgados pela Fitch, estão em linha com o EBITDA de R$ 13,2 bilhões e o CFFO de R$14,2 bilhões calculados pela Fitch para o ano fiscal de 2024.

“O FCF deve ser negativo nos próximos três anos, devido a altos investimentos, de aproximadamente R$30 bilhões. Para o ano fiscal de 2025, espera-se FCF negativo em cerca de R$ 1,3 bilhão, após investimentos anuais de R$10,5 bilhões e dividendos de R$1,5 bilhão”, disse a agência.

 A Fitch ainda projeta índices médios de alavancagem líquida de 1,9 vez para os próximos três anos. Segundo a agência, a Raízen está comprometida com a manutenção de sua alavancagem em patamares adequados durante seu ciclo de investimentos, calibrando investimentos em expansão e distribuição de dividendos de acordo com o EBITDA e a geração de caixa. A exposição cambial é administrável – embora tenha aumentado com emissões realizadas no começo de 2024 (USD1,5 bilhão em notas verdes e securitização de USD617 milhões).

Os ratings da Raízen, segundo a Fitch em relatório, incorporam a força financeira implícita e o potencial suporte de seus acionistas. “A empresa é o segundo maior mercado de distribuição da Shell plc (Shell, IDR AA–/Perspectiva Estável) e importante veículo para o crescimento da anglo-holandesa no setor de energia renovável. Ao mesmo tempo, representa o maior investimento da Cosan S.A. (Cosan, IDRs BB e Rating Nacional de Longo Prazo AAA(bra), todos com Perspectiva Estável), seu outro acionista controlador, cujo portfólio tem outras empresas de grande porte que operam no Brasil. A Raízen também se beneficia da experiência da Cosan nas atividades de açúcar e etanol, bem como da expertise da Shell no negócio de combustíveis”, disse.

O IDR em moeda estrangeira ‘BBB’ da Raízen está dois graus acima do Teto-país do Brasil, ‘BB+’, devido à combinação dos seguintes fatores: 50% do EBITDA, em torno de USD400 milhões, em moeda forte; USD1,4 bilhão em caixa no exterior; cerca de USD1,0 bilhão em linhas de crédito rotativo no exterior que não estão sendo utilizadas.

“Pelas projeções da Fitch, o índice de exportações, o caixa mantido fora do Brasil e as linhas de crédito rotativo não utilizadas no mercado internacional cobririam o serviço da dívida em moeda forte em 1,6 vez nos próximos 24 meses. Estas estimativas estão em linha com a Metodologia de Ratings Corporativos, que permite que a companhia seja classificada até três graus acima do Teto-país brasileiro”, disse a agência.

Natália Cherubin, com informações da Fitch Ratings
Cadastre-se e receba nossa newsletter
Continue Reading