Safra cana
Safra 2022/23 é melhor do que anterior, mas tem possível viés de baixa, segundo consultoria
A safra 2022/23 de cana-de-açúcar Centro-Sul deverá ser melhor do que a anterior, cuja a moagem foi de 525 milhões de t, atingindo 562 milhões de toneladas, segundo estimativa da Datagro.
De acordo com o presidente da consultoria, Plinio Nastari para Reuters, o viés é de baixa para a safra que começa oficialmente em abril, devido às chuvas escassas e irregulares em regiões como Mato Grosso do Sul, Paraná e partes de São Paulo, maior estado produtor de cana do Brasil.
“A safra passa de 525 para 562, mas com viés de baixa, porque não está chovendo nessas últimas semanas, e é um momento crítico (para o desenvolvimento). Tem armazenamento hídrico no solo, mas precisa voltar a chover”, afirmou.
Ainda de acordo com ele, é preciso que volte a chover em abril para que perdas de produtividade sejam evitadas. “As chuvas no Centro-Sul estão muito irregulares; tivemos agora uma estiagem, tem regiões que estão sofrendo muito por falta de precipitações, no Paraná, Mato Grosso do Sul. Tem regiões que estão indo bem, como Goiás, Minas Gerais. Mas regiões de São Paulo também estão sofrendo”, afirmou.
A estimativa de safra está, contudo, mais perto da faixa superior de uma previsão feita pela Datagro em outubro, entre 530 milhões e 565 milhões de toneladas. Apesar da recuperação ante um ciclo atingido por seca e geadas, a safra ainda ficará bem abaixo da verificada na temporada 2020/21, quando a moagem somou 605,5 milhões de toneladas.
Mix de produção depende de desdobramentos da guerra
Segundo Nastari, o mix de produção de açúcar e etanol em 2022/23 ainda vai depender muito dos desdobramentos do conflito entre Ucrânia e Rússia. “Se o petróleo dispara para US$ 130, US$ 140 o barril, o que é uma possibilidade, espera-se que a Petrobras acompanhe”, disse Nastari à Reuters, citando que no momento a defasagem da gasolina da estatal em relação à paridade de importação está em 25%.
Segundo ele, a Petrobras “normalmente mantém defasagem entre 8% e 10%. Ela anunciou que vai esperar um pouco para ver se é turbulência, mas com a situação do conflito, ela não vai sustentar muito tempo um preço tão fora da paridade”.
É possível que, com isso, o preço do etanol tenha que avançar para se equilibrar com o da gasolina. “O preço do etanol, mesmo tendo um aumento de produção, precisa acompanhar o preço da gasolina, senão tem um consumo de etanol muito grande e não tem equilíbrio de oferta”, comentou Nastari.
Com os custos pressionados, com altas entre 32% e 46% em meio a maiores preços de fertilizantes, pesticidas e combustíveis, segundo a Datagro, se a usina não repassar, não sobreviverá.
Com informações da Reuters
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