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Safra 2022/23: Foco do setor canavieiro continua no controle dos custos de produção

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A safra 2022/23 deve ter uma moagem de cana-de-açúcar quase voltando a normalidade. Mesmo tendo sofrido fortes impactos das condições climáticas durante a safra 2021/22, a expectativa do Pecege é que a volta das chuvas em outubro de 2021, melhore um pouco as condições dos canaviais, que encontram-se com desenvolvimento atrasado, falhas decorrentes da seca e incêndios, bem como suportando os impactos negativos da interação de pragas, doenças e plantas daninhas.

“A recuperação da produção agrícola no setor, portanto, é parcial, com uma expectativa de que sejam colhidas 550 milhões da região Centro-Sul brasileira. Tal produção, porém,
mostra-se distante dos 605 milhões observados no ciclo 2020/2021”, afirmam os especialistas do Pecege em mais recente relatório.

Apesar deste cenário e em um mercado com bons preços setoriais, o setor tem feito investimentos para a recuperação dos canaviais. De acordo com os analistas do Pecege, as melhores remunerações dos produtos (açúcar e etanol) induzem maiores níveis de investimento, em especial em novas tecnologias como expansão do plantio de variedades modernas e emprego de produtos biológicos, micronutrientes e adubos foliares.

Custos de produção continuam altos devido aos insumos

Depois de um impacto muito negativo oriundo da redução da produtividade agrícola – limitando a diluição de custos fixos –, espera-se relativa melhora nesse aspecto, em linha com os prognósticos agrícolas. Porém, as fortes elevações dos preços dos insumos agrícolas e industriais devem facilmente superar tais ganhos de escala e
resultar em novos aumentos de custos.

De acordo com análise do Pecege, o fertilizantes a serem usados durante o ciclo 2022/2023 serão adquiridos ainda num momento de alta. O encarecimento causado pelos movimentos no mercado de energia, tensões geopolíticas e eventos climáticos extremos, devem demorar a se dissipar. Portanto, embora exista expectativa de desaceleração, o custo com tais insumos deve sofrer nova elevação.

O diesel, por exemplo, que foi diretamente impactado pela recuperação do preço do petróleo, e seu preço deve permanecer elevado durante a safra 2022/2023; além
disso observam-se riscos adicionais associados, por exemplo, ao aumento de tensões geopolíticas que possam restringir ainda mais a oferta global.

No caso dos defensivos agrícolas, com o governo chinês implementando controles ambientais mais rígidos à sua indústria química, não deve haver aumento relevante de capacidade produtiva. Além disso, a manutenção de elevados preços no mercado de energia tende manter os custos elevados em toda a cadeia de defensivos, bem como a recuperação das cadeias logísticas tende a ser lenta, não favorecendo a redução dos custos de transporte.

De maneira semelhante aos defensivos, insumos químicos utilizados na área industrial serão adquiridos em patamares elevados de preços, contribuindo para um cenário geral de aumento dos custos de produção. Uma vez que estes itens também dependem, em grande medida, do setor químico chinês, acabando por compartilhar fundamentos de mercado semelhantes.

“Excetuando a ocorrência de uma grande valorização do petróleo no mercado global ou nova desvalorização da moeda brasileira, tem-se um cenário em que os preços do setor sucroenergético podem estar se aproximando de um limite, enquanto os custos enfrentados pelas usinas e produtores independente de cana-de-açúcar ainda se elevam”, afirmam os especialistas do Pecege.

Como consequência, ainda que as margens econômicas na safra 2022/23 tendam a se manter em bons patamares, as mesmas devem ser reduzidas em função do encarecimento da produção.

Diante do cenário, o foco do setor continuará sendo, por um tempo, o controle de custos, atrelado à busca por melhoria na eficiência operacional e aumento da produtividade agrícola.

“O aumento contínuo dos custos no setor sucroenergético, ao iniciarem um processo de redução das margens do setor, deve incentivar estratégias que já vinham sendo adotadas especialmente após a pandemia de COVID-19”, afirmam os especialistas.

Investimentos em diversificação devem continuar a ser realizados pelas usinas
sucroenergéticas que estão aproveitando o caixa gerado na safra anterior, buscando garantir melhor rentabilidade da atividade no futuro. Por outro lado, os especialistas destacam que a capacidade de financiamento do setor deve se reduzir em meio a alta das taxas de juros no Brasil.

Além disso, a combinação dos elevados preços do petróleo com a desvalorizada moeda local, em um mercado competitivo, deve manter os preços do etanol elevados. No entanto, é preciso aguardar eventuais medidas que possam vir a ser adotadas pelo governo para conter os preços da gasolina no mercado doméstico, o que impacta negativamente os preços do etanol.

“Desta forma, a safra 2022/2023 da região Centro-Sul no Brasil será de parcial recuperação da produtividade, com foco no controle de custos, e um olhar atento para as medidas macroeconômicas, num ano eleitoral”, afirma o Pecege.

Por Natália Cherubin 

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