A região Centro-Sul do Brasil concluiu a safra 2024/2025 com 621,88 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processadas, volume 4,98% inferior às 654,45 milhões de toneladas da temporada anterior. Apesar da queda na moagem, o período registrou a segunda maior produção da história e um novo recorde na fabricação de etanol, segundo dados da UNICA divulgados nesta semana.
O desempenho no campo apresentou redução significativa nesta safra. O rendimento médio ficou em 77,8 toneladas por hectare, queda de 10,7% em relação ao recorde de 87,1 toneladas/ha alcançado em 2023/24. O estado de São Paulo, responsável por 57,5% da moagem regional, registrou o maior recuo (14,3%), passando de 90,6 para 77,6 toneladas/ha. Nos demais estados, as quedas variaram entre 2,7% em Goiás e 12,7% no Mato Grosso do Sul.
Apesar disso, a qualidade da matéria-prima melhorou, com teor de ATR atingindo 141,07 kg por tonelada, 1,33% superior ao ciclo anterior. “Este foi um ano de desafios agronômicos e climáticos, com estresse hídrico afetando o desenvolvimento da lavoura e incêndios impactando várias regiões produtoras”, explicou Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA.
Produção de açúcar e etanol
A fabricação de açúcar totalizou 40,17 milhões de toneladas, recuo de 5,31% em relação ao recorde histórico da safra passada. Apenas 48,05% da cana foi destinada ao adoçante, com aumento de 1,59 ponto percentual na parcela direcionada ao etanol.
Já a produção do biocombustível alcançou 34,96 bilhões de litros, novo patamar recorde. O etanol de milho foi o grande destaque, com crescimento de 30,7% (8,19 bilhões de litros), representando 23,43% do total. O hidratado atingiu 22,59 bilhões de litros (+10,27%), enquanto o anidro ficou em 12,37 bilhões (-5,63%).
Última quinzena de março
Na segunda metade de março, as unidades processaram 4,56 milhões de toneladas, queda de 10,63% ante igual período de 2024. A produção de etanol somou 546,77 milhões de litros, sendo 168,87 milhões de cana e 377,91 milhões de milho (+24,87%). Do total, 509,82 milhões foram de hidratado (+18,74%) e 36,95 milhões de anidro (-62,63%).
Vendas e desempenho comercial
As vendas totais de etanol na safra atingiram 35,58 bilhões de litros (+8,42%), novo recorde histórico. No mercado interno, o hidratado alcançou 21,73 bilhões de litros (+16,44%), enquanto o anidro somou 12,18 bilhões (+4,35%).
“O consumo de hidratado cresceu 22,87% nos últimos 12 meses, mostrando sua crescente competitividade”, destacou Rodrigues. O executivo ressaltou ainda que o uso do biocombustível proporcionou economia de R$ 6 bilhões aos consumidores e evitou a emissão de 48,4 milhões de toneladas de CO2eq – equivalente às emissões anuais do Equador.
Mercado de CBios
Até 8 de abril, já foram emitidos 11,76 milhões de CBios para 2025, com 22,36 milhões disponíveis para negociação. “O setor já disponibilizou quase 60% dos créditos necessários para cumprir a meta anual”, afirmou Rodrigues. Atualmente, 332 unidades produtoras de biocombustíveis estão certificadas no RenovaBio, representando mais de 90% da produção nacional.
Com 61 unidades ainda em operação no final de março (sendo 23 já iniciando a nova safra), o setor se prepara para o ciclo 2025/2026 mantendo seu papel estratégico na matriz energética brasileira e no cumprimento das metas de descarbonização.