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Tecnologia para extração de petróleo torna negativa a pegada de carbono do etanol
Uma tecnologia amplamente utilizada no segmento petrolífero para ajudar na extração de petróleo pode aprimorar ainda mais a sustentabilidade do etanol, viabilizando a produção inédita do biocombustível com pegada negativa de carbono. É o que afirma o geólogo e professor da USP, Colombo Tassinari.
Trata-se do processo de captura e armazenamento do carbono, conhecido mundialmente como CCS (sigla em inglês para Carbon Capture and Storage), que tem como inspiração técnica a injeção de CO2 nos campos petrolíferos para auxiliar na extração do petróleo.
“A tecnologia de CCS é a mais eficiente hoje para estocagem rápida de grandes volumes de carbono, consta da rota de descarbonização proposta pela ONU e o setor de etanol está muito bem posicionado nesta agenda”, afirma Tassinari, que será um dos palestrantes do ‘Carbonless Summit’, evento marcado para os dias 04 e 05 de novembro na capital paulista. O encontro vai destacar as grandes oportunidades de negócios que a atividade de CCS traz para o setor sucroenergético.
Com a participação de especialistas do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Europa e Arábia Saudita, o evento vai examinar temas como a utilização de tecnologias amadurecidas pelo setor de petróleo para viabilizar o armazenamento de carbono e com isso, aumentar ainda mais a redução de emissões atingida pelo uso do etanol. O etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil já reduz em até 90% as emissões de gases que contribuem para as mudanças climáticas. Essa pegada de carbono pode ser ainda menor, chegando a ser negativa, com a captura e o armazenamento do CO2 gerado durante o processo de produção do biocombustível.
“As mais de 360 usinas que produzem etanol no Brasil têm a oportunidade de fazer do País o líder global nesse mercado, abrindo as portas para o acesso aos créditos de carbono e criando mais uma fonte de receita para as usinas”, antevê Everton Oliveira, um dos organizadores do evento e presidente da Hidroplan.
Renda para as usinas
Para o gestor de ativos Carlos de Mathias Martins Jr., especializado em créditos de carbono e energias alternativas, a atividade de CCS no setor de etanol pode resultar em ganhos financeiros para as usinas tanto por meio da geração e comercialização de créditos de carbono – seja no âmbito do RenovaBio ou no mercado voluntário, como também pela certificação do biocombustível como “zero emissor” ou “emissor negativo”. Isso permite que o etanol seja monetizado com ágio em mercados internacionais que valorizam este atributo.
“Investidores, fundos de investimento soberanos de países, assim como, claro, empresas prestadoras de serviço na atividade de CCS, estão de olho neste mercado. Não faltarão recursos para bons projetos”, conclui Mathias.
“Neste sentido, o Projeto de Lei do Combustível do Futuro chega para estabelecer o marco-regulatório de CCS no país, determinando as diretrizes gerais para a atividade. A nova lei vai dar o arranque definitivo do tema no Brasil, destravando projetos já engatilhados, que avançam agora para a fase de real implantação”, destaca a diretora da CCS Brasil, Isabella Morbach, entidade que participou das discussões técnicas para elaboração da legislação, e que juntamente com a Hidroplan organiza o encontro.
O Brasil tem potencial de captura de carbono em torno de 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, considerando o atual nível de atividade econômica. Neste sentido, o mercado brasileiro de CCS tem perspectiva de movimentar entre R$ 14 e R$ 20 bilhões anuais, com participação significativa do setor da cana, indicam estimativas da CCS Brasil.
Já o mercado mundial de CCS tem potencial para movimentar US$ 3,54 bilhões em 2024, com estimativa de atingir US$ 14,51 bilhões em 2032. A projeção é de Mohammed Gad, CEO e fundador da consultoria saudita Technical Development Solutions (TDS), sediada em Riade, capital da Arábia Saudita, especializada no segmento de CCS. Gad também está confirmado como palestrante no Carbonless Summit.
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