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Ufal desenvolve tecnologia para transformar resíduos da cana em bio-hidrogênio

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Foto: Divulgação
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A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) liderou uma pesquisa inovadora que transforma resíduos industriais, como vinhaça e melaço, em bio-hidrogênio, uma fonte de energia limpa e renovável. O projeto, intitulado Monitoramento automático de reator anaeróbio contínuo para codigestão de vinhaça e melaço e produção de bio-hidrogênio, foi conduzido pela bolsista do programa Jovens Doutores, Fernanda Peiter, sob coordenação e orientação do professor Eduardo Lucena, doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento, ambos da Ufal.

O trabalho contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), integrando o Programa de Pós-graduação em Recursos Hídricos e Saneamento (PPGRHS) da universidade. O financiamento foi viabilizado por meio do Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil.

Concluído em fevereiro deste ano, o projeto investigou, durante dois anos, o uso de subprodutos da indústria sucroalcooleira — vinhaça e melaço — como matéria-prima para a produção de bio-hidrogênio. O processo foi realizado em um reator anaeróbio automatizado e monitorado em tempo real.

Leia também: [Opinião] Safra 24/25: A cana que não desaprendeu o caminho do açúcar, do etanol — e do lucro

Responsável pela implementação da análise, Fernanda Peiter explicou que o objetivo era desenvolver uma tecnologia eficiente e acessível para aproveitar energeticamente esses materiais. “A vinhaça é um efluente de alto volume e com grande potencial poluidor. Quando conseguimos transformá-la em bioenergia, resolvemos dois problemas: o do descarte e o da geração energética limpa”, afirmou.

De acordo com o coordenador do estudo, para cada litro de etanol produzido, são gerados de 12 a 14 litros de vinhaça. “Esse subproduto é frequentemente utilizado para fertirrigação, mas seu uso excessivo pode comprometer o solo e até contaminar lençóis freáticos. Nosso intuito foi propor um destino mais sustentável, usando a vinhaça como insumo para a produção de bio-hidrogênio”, explicou Eduardo Lucena.

A técnica utilizada foi a digestão anaeróbia, processo que ocorre na ausência de oxigênio, no qual microrganismos decompõem a matéria orgânica. “Esse método gera gás hidrogênio, etanol e ácidos que têm valor agregado para a indústria. A codigestão com melaço permite melhorar o rendimento energético, já que um dos substratos é rico em nitrogênio e o outro em carboidratos”, detalhou o professor.

Emissão zero de carbono

No contexto da pesquisa, os estudiosos destacaram que o bio-hidrogênio é considerado uma das fontes mais promissoras de energia limpa, com alto poder calorífico e emissão zero de carbono. “Ele possui três vezes mais energia que a gasolina e, ao ser queimado, emite apenas vapor d’água. Isso faz dele um elemento importante na transição energética global”, pontuou Peiter.

Segundo Lucena, embora o rendimento do bio-hidrogênio por digestão anaeróbia ainda seja inferior ao do hidrogênio verde — produzido por eletrólise da água —, a técnica apresenta vantagens por aproveitar resíduos obrigatórios de tratamento. “Se já há uma obrigação legal e ambiental de tratar a vinhaça, por que não agregar valor a esse processo com a produção de gás energético?”, questionou.

O professor também ressaltou que há espaço para parcerias com o setor produtivo. “Já existem usinas no estado que utilizam vinhaça para produção de biogás. A ideia é acoplar o sistema de produção de hidrogênio para enriquecer esse biogás, formando o chamado biohitano, que tem maior poder de combustão e pode ser usado em turbinas ou motores de geração elétrica”, concluiu.

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