Um dos maiores processadores de cana-de-açúcar de Minas Gerais, a Usina Santo Ângelo concluiu a migração do SAP ECC para o SAP S/4HANA, em um projeto conduzido pela Ábaco Consulting. A decisão foi estratégica, considerando a descontinuidade do ECC em 2027 e do módulo GRC em 2025, e trouxe ganhos em segurança, produtividade e sustentabilidade.
O investimento foi de R$ 12 milhões, com retorno previsto em cinco anos, frente aos custos de manutenção da antiga infraestrutura. O projeto levou nove meses para ser implementado e já apresenta resultados perceptíveis. “Nossa infraestrutura era vulnerável por ser um modelo on premise. Vimos que a migração para o S/4HANA nos permitiria adotar práticas mais atuais, como gestão de riscos e de commodities, além de dar suporte às rotinas de negócios internacionais, que representam 75% da nossa receita”, explica Roberto Borges Rodrigues, gestor de TI da usina. Ele acrescenta que, com o apoio da Ábaco, a empresa ganhou confiabilidade e conseguiu direcionar a equipe de TI para atividades mais estratégicas.
A decisão de antecipar a migração foi motivada não apenas por fatores técnicos, mas também regulatórios e financeiros. Com quase 300 usuários já no novo sistema, os primeiros ganhos se mostraram na usabilidade e performance. O projeto demandou cuidados adicionais porque a usina já operava com um ambiente bastante customizado para o setor agro, com funcionalidades específicas de gestão de fazendas e ativos, o que aumentava a complexidade do ECC. Para viabilizar a transição, foi adotada a abordagem bluefield, modelo híbrido que mantém parte da estrutura anterior. “Essa escolha deu mais performance ao projeto e viabilizou a transição”, comenta Emílio Júnior, diretor comercial da Ábaco.
Com a migração, toda a operação foi levada para a nuvem, eliminando a dependência de servidores locais e otimizando os recursos da equipe de TI, formada por cerca de dez pessoas. O SAP também passou a centralizar processos antes distribuídos em oito softwares diferentes, como coleta de dados de solo, gestão de combustível, estoque e finanças, o que facilitou a integração e o controle. Já é possível observar avanços na previsibilidade da produção, com maior integração entre dados climáticos, qualidade da matéria-prima, custos e preços de mercado.
Nos próximos passos, a usina prevê expandir o uso de funcionalidades como o SAP Fiori, que moderniza a experiência do usuário, e a SAP Business Technology Platform (BTP), que abre espaço para automação, integração de dados e aplicações com inteligência artificial e aprendizado de máquina. “É um projeto complexo, mas viável com bom planejamento, apoio dos usuários-chave e consultoria capacitada. Adiar essa transição pode significar custos maiores e riscos desnecessários”, avalia Rodrigues.
Com a base digital consolidada, a Santo Ângelo já estuda o uso de IA para simulações de fluxo de caixa e modelagem de custos operacionais por meio do SAP Profitability and Performance Management (PaPM). A empresa encerrou 2024 com faturamento recorde e projeta ampliar os resultados nos próximos anos, apoiada em processos cada vez mais integrados e sustentáveis.