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Usinas pedem cota de açúcar maior nos EUA

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A indústria sucroalcooleira quer que os EUA ampliem a cota para o açúcar brasileiro como uma contrapartida para a manutenção da cota de importação de etanol isenta de taxas no Brasil. O pedido foi feito no ano passado, quando Brasília decidiu ampliar a cota para o etanol importado para agradar Washington, mas não houve avanço nas conversas bilaterais desde então, o que deixou o segmento contrariado.

“Nos foi sinalizado várias vezes que haveria um entendimento quando houve a renovação da cota [para o etanol importado], mas tudo era provisório e nunca houve receptividade para isso”, diz Renato Cunha, presidente da Novabio, entidade que representa usinas das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste do país. Essa postura também tem sido defendida pela União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa as usinas do Centro-Sul.

Para Cunha, que também preside o Sindaçúcar/PE, uma não renovação da cota de etanol por parte do Brasil pode levar a “entendimentos que poderão ganhar mais forma” e a “uma agenda organizada entre as partes”.

No último dia 22, o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) anunciou a alocação das cotas de importação de açúcar isentas de tarifa para o ano safra que começa em outubro e concedeu ao Brasil um volume de 152,7 mil toneladas, igual ao de anos anteriores. Vendas acima disso pagam tarifa de US$ 337,92 por tonelada – próxima dos preços atuais da commodity. Na safra atual, o Brasil se beneficiou de uma realocação e viu seu quinhão ser elevado em 13 mil toneladas, mas a mudança vale apenas para esta temporada.

Essa cota representa uma pequena fração das exportações brasileiras de açúcar, que nesta safra devem alcançar cerca de 25 milhões de toneladas. A indústria brasileira se ressente da falta de proporção na alocação das cotas pelos americanos entre os países exportadores. A República Dominicana, por exemplo, produz 530 mil toneladas por safra e tem uma cota de 185,3 mil toneladas.

Segundo contas de uma fonte do mercado, uma cota de açúcar para o Brasil que pudesse igualar o impacto da cota para o etanol importado teria que ser oito vezes maior, de 1,25 milhão de toneladas. Esse é o volume de açúcar que as usinas brasileiras produziriam com a cana que deixaria de ser usada para produzir etanol, substituído pelo importado. O montante porém, equivale a todo o volume que os EUA importam sem tarifa em uma safra e que é distribuída entre os países.

Embora a cota brasileira de importação de etanol não seja destinada a só um país, os Estados Unidos respondem por mais de 90% do produto importado. A maior parte dessas importações de etanol costuma entrar pelo Nordeste, pressionando os preços locais.

Cunha prefere não defender um volume específico para a cota de açúcar e avalia que “esses números deve ser tratados em negociações apropriadas”. Mas ele alerta que uma concessão unilateral pode acelerar o fechamento de usinas e colocar produtores em risco. “Quando o etanol importado toma espaço do nosso, isso também afeta o preço da cana”, afirma.

As usinas do Centro-Sul também são impactadas pela importação, já que parte de seu excedente costuma ser vendido ao Nordeste. No início do ano, porém, o Centro-Sul também importou para seu mercado. De dezembro a abril, a região importou 615 milhões de litros, metade dos 1,14 bilhão de litros importados pelo Brasil de setembro a junho. “A expectativa era de aperto, com consumo em alta e indicações de safra açucareira”, afirma Matheus Costa, analista da consultoria StoneX.

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