Embora até novembro do ano passado o volume de cana-de-açúcar moído na região apresentasse sinais de uma ampliação, as usinas do território chegaram à reta final da safra 2016/17 com redução de 2,4% na produção. No acumulado de 1º de abril de 2016 até 15 de março de 2017, a região processou 37.694.098 toneladas de cana, ante 38.637.306 toneladas do mesmo período do ciclo 2015/16, de acordo com números da Unica (União das Indústria de Cana-de-açúcar). A previsão de entidades regionais ligadas ao agronegócio é de que a produção local siga a mesma tendência na safra 2017/18, iniciada neste 1º de abril. Segundo a Unica, o canavial envelhecido contribuiu para a diminuição da produtividade e afetou os resultados da safra passada. O presidente do Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste), Marco Antonio Viol, explica que as indústrias que passaram por dificuldades em safras anteriores não conseguiram recuperar a área de plantio na temporada recém-terminada mesmo com as boas cotações do etanol e do açúcar em 2016. "Em outros anos, o setor enfrentou problemas críticos e a queda da moagem na safra passada foi em função do pouco investimento na parte agrícola, que refletiu na área industrial." Ele acredita que a baixa taxa de expansão das áreas canavieiras deverá ser mantida, refletindo no volume moído. O território plantado de cana voltada para a produção industrial na região do EDR (Escritório de Desenvolvimento Regional) de Araçatuba teve uma leve diminuição de 0,6%, entre levantamentos realizados pelo IEA (Instituto de Economia Agrícola) realizados em novembro de 2015 e o mesmo mês de 2016. Conforme estimativas do órgão, a área passou de 236.449 para 235.029, no período. Clima Para o presidente da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), Celso Torquato Junqueira Franco, a expectativa é de que o ritmo de renovação do plantio de cana ainda estará abaixo do necessário para refletir em alta da produtividade, contribuindo para o envelhecimento da matéria-prima. Segundo ele, o setor também se preocupa com o fato de a estiagem ter demonstrado indícios de chegar mais cedo na região, com o índice pluviométrico em fevereiro abaixo da média para este mês. "Abril e maio ainda podem ser meses significativos para o desenvolvimento do canavial. Contudo, levando em conta o que já foi observado, não há indicações de que a moagem será maior do que em 2016." Franco estima que até o final da primeira quinzena de abril, 80% das usinas da região estejam em produção. Chuva Conforme monitoramento climatológico da UDOP, com base em informações do Ciiagro (Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas), Araçatuba acumulou 144,1 milímetros ao longo de fevereiro, índice abaixo dos 198,4 milímetros do mesmo período em 2016 e menor que a média de 180,8 milímetros para o mês. Em março, choveu 105,2 milímetros em Araçatuba, conforme o observado até dia 28 do mês passado. O índice se aproxima da média de 105,3 milímetros para o período, porém é inferior aos 149,2 milímetros observados no terceiro mês de 2016. Na avaliação de Franco, a queda de 2,4% na moagem regional não é um índice alarmante. O presidente da UDOP explica que para o setor uma variação de até 5% positiva ou negativa na produção deve ser considerada dentro da normalidade. Apesar disso, o presidente da UDOP afirma que o momento é de cautela para o setor, uma vez que o governo ainda não sinalizou nenhum incentivo tributário para o setor que compensasse o fim da isenção do PIS/Cofins sobre o etanol, retirada em 1° de janeiro deste ano. Centro-Sul Já no Centro-Sul, o panorama é positivo para o setor canavieiro. Segundo a consultoria Datagro, a região deve moer 612 milhões de toneladas no ciclo que se inicia, previsão que indica alta de 1,1% sobre o resultado da safra anterior. "Os canaviais estão se desenvolvendo de forma satisfatória na região Centro-Sul", informou o presidente da consultoria, Plínio Nastari. Ainda de acordo com a consultoria, as indústrias devem destinar mais matéria-prima para a produção de açúcar onde o mix pode chegar a 47,4%. No caso do etanol, a porcentagem deve ser de 46,3%. A previsão do Siran e da UDOP também é de que a safra atual seja açucareira. |
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Fonte: Folha da Região – Araçatuba/SP |