A União da Indústria de Cana-de-açúcar criticou, nesta terça-feira (22/11) o projeto de lei que permite a fabricação de carros movidos a diesel no Brasil. Para a entidade que representa as usina de açúcar e etanol, o projeto contraria o compromisso ambiental assumido pelo país no acordo global do clima.
Em nota, a Unica argumenta ainda que a ampliação do uso de diesel fóssil traz risco à saúde. Atribuindo os dados a "estudos internacionais", informa que as partículas do combustível respondem por 3% das mortes por doenças cardiovasculares no mundo. Atribui também ao produto 5% dos casos de câncer de pulmão e 3% das mortes de crianças de até cinco anos.
"Os veículos a diesel são a maior fonte de óxidos de nitrogênio, que após passar por reações químicas e fotoquímicas na atmosfera com outros poluentes, contribuem para a formação de substâncias, como o ozônio, na baixa atmosfera, ou seja, um gás de efeito estufa e danoso à saúde", diz, no comunicado, Alfred Szwarc, consultor de Emissões e Tecnologia da Unica.
A entidade afirma ainda que a oferta interna do combustível será insuficiente para atender a toda a frota de veículos. Assim, a liberação do diesel nos carros poderia aumentar a demanda pelo combustível importado e ter também um impacto sobre a balança comercial do Brasil.
O projeto foi apresentado pelo deputado Áureo (PRTB-RJ). Na justificativa do projeto, o parlamentar afirma que restringir o consumo de diesel aos veículos de transporte de carga e coletivos não é mais necessário nos dias atuais. Segundo ele, a oferta do combustível aumentou de forma significativa e permite o atendimento a uma frota maior.
O deputado argumenta ainda que a expansão do uso do diesel traria também economia no frete de produtos agrícolas. "Em particular no caso do escoamento da produção agrícola das propriedades de pequeno e médio porte, onde se pratica a agricultura familiar, para os centros urbanos, resultando, também, em maior economia para os consumidores finais", diz.
O texto recebeu parecer favorável na comissão especial em que é analisado. O relator, deputado Evandro Roman, acolheu uma das duas emendas apresentadas, que tratava dos limites da emissão de poluentes pelos veículos a diesel. Ambas tinham sido propostas pelo deputado Bruno Covas (PSDB-SP), vice-prefeito eleito da capital paulista.
Fonte: Globo Rural