O alto nível de produtos da alemã Bayer nos canais de distribuição no Brasil tem causado dor de cabeça também a outras empresas. Na semana passada, a situação levou a inglesa Plant Impact, que desenvolve produtos para terceiros, a considerar a venda de seus negócios globais, dos quais o Brasil representa 50%, para sanar o rombo no fluxo de caixa. A razão: a Bayer, sua maior cliente, não comprou o volume definido em contrato para a safra 2016/17.
“A Bayer está em processo de desestocagem e já afirmou que não será capaz de realizar as compras previstas”, disse Marconi Dias, diretor comercial da Plant Impact no Brasil. “A sede impediu de adquirir novos estoques”. Embora o alto nível estocado no país seja de defensivos, na Bayer o problema é tão grande que chegou a atingir o fertilizante Veritas – produzido pela Plant Impact e comercializado pela Bayer.
Os estoques altos no Brasil fizeram a área agrícola da Bayer registrar, no segundo trimestre, vendas negativas em € 69 milhões, resultado de provisões devido à expectativa de devolução de produtos parados nas distribuidoras ou com validade eventualmente vencida.
As compras do Veritas pela Bayer devem voltar à normalidade só no ciclo 2018/19 – que começará em julho do ano que vem. Mas a companhia não deve comprar o volume que deixou de ser adquirido na safra atual. No ano fiscal 2017 (de agosto de 2016 a julho de 2017), a Plant Impact teve receita de 8,5 milhões de libras e prejuízo líquido de 3,1 milhões de libras.
“Nada muda com a nossa relação com a Bayer até o momento, mas estamos buscando uma alternativa para solucionar caixa”, afirmou Dias. Entre as opções, a Plant Impact considera financiamento ao redor de 7 milhões de libras. Também considera procurar aporte de fundo de investimento ou mesmo a venda do controle.
As atividades na Plant Impact estão em ritmo normal. “É um cliente bastante importante e queremos seguir com o contrato”, disse. A Plant Impact tem um contrato de desenvolvimento de produtos e exclusividade com validade de 10 anos com a Bayer que vence em 2024. Segundo o executivo, há mais quatro produtos sendo desenvolvidos para a alemã.
Procurada, a Bayer disse que “não comenta rumores de mercado, especulações, nem relações contratuais com seus parceiros”. Segundo a múlti, o contrato com a Plant Impact e a comercialização do produto Veritas pela Bayer no Brasil permanecem em vigor. (Valor Econômico)