A safra recorde de açúcar na Índia e na Tailândia está pesando sobre os produtores no Brasil, o maior fornecedor mundial do adoçante.
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), até nove usinas podem não moer cana em 2018/19 devido a problemas financeiros, juntando-se a um grupo de cerca de 80 unidades que interromperam a moagem desde 2008.
O quadro se agrava, segundo a entidade, porque o preço do açúcar está abaixo do custo médio de produção no Brasil após uma queda nos preços globais neste ano, tornando ainda mais difícil para algumas usinas financiar a compra de cana e manter suas fábricas. O Brasil tinha cerca de 330 usinas em 2017, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Com a superprodução no sudeste asiático, que derrubou o preço da commodity no mercado global, criando a perspectiva de outro superávit no próximo ano, os fundos de hedge estão se preparando para mais perdas e já realizam apostas de quedas de preços por cinco meses consecutivos.
“A Índia vai se tornar um inimigo do mundo do açúcar, já que, basicamente, é ela quem produz e lança no mercado esse excedente”, disse o corretor da ED&F Man Capital Markets, Michael McDougall, em Nova York. “Acho que isso vai pressionar algumas usinas brasileiras a abandonar os negócios”.
As empresas açucareiras no Brasil podem enfrentar prejuízos se os preços continuarem sendo negociados de 10 centavos a 11 centavos de dólar por libra-peso, disse o diretor executivo do grupo de açúcar Virgolino de Oliveira, Joamir Alves, em São Paulo. Como a maioria das outras empresas no Brasil, a GVO irá direcionar a maior parcela possível de cana para a produção de etanol em 2018/19.
Apenas esse ano, o açúcar bruto caiu 23%. Na ICE Futures, em Nova York, os contratos futuros de açúcar para entrega em julho subiram 0,2%, indo para 11,63 centavos de dólar por libra-peso, na quinta-feira, após caírem mais de 0,8%. O preço chegou a 10,93 centavos em abril, o menor desde setembro de 2015.