O programa Rota 2030, de benefícios para o setor automotivo, é positivo ao introduzir uma nova política industrial, com incentivos fiscais para os gastos em pesquisa e desenvolvimento e eficiência energética. A avaliação é da agência de classificação de risco Moody’s.
“A nova política e decreto são positivos para o crédito das montadoras no Brasil, incentivando novos investimentos no setor e alinhando-as melhor ao movimento global em direção à eletrificação dos veículos”, avaliaram as analistas Carolina A. Chimenti e Marianna Waltz.
A medida provisória que criou o Rota 2030 foi assinada no dia 5 de julho. A Moody’s lembra, no relatório, que as montadoras com operações no Brasil poderão deduzir 10,2% dos seus gastos totais com pesquisa e desenvolvimento dos seus impostos de renda federais e taxas de contribuição social. O governo espera que a nova política eleve em R$ 5 bilhões (US$ 1,4 bilhão) os investimentos anuais do setor automotivo, proporcionando até R$ 1,5 bilhão em incentivos fiscais anuais.
A Moody’s ressalta que o Rota 2030 tem como objetivo aumentar a eficiência energética dos veículos brasileiros em 11% até 2022, incorporar tecnologias de auxílio à condução até 2027 e “rotular” os automóveis de acordo com seus níveis de eficiência energética e segurança.
“O Rota 2030 beneficiará o setor automotivo brasileiro como um todo, oferecendo incentivos fiscais em um momento que as montadoras estão retomando o trabalho em turnos e os investimentos para aumentar a produção e atender a demanda do país”, avaliaram.
As analistas também compararam o Rota 2030 com o Inovar-Auto. Segundo elas, a principal vantagem está na ausência de uma tarifa sobre veículos importados, o que torna o mercado interno brasileiro mais atraente para montadoras sem produção local. No Inovar-Auto, válido até 2017, a alíquota do Imposto Industrial (IPI) era de 30% para forçar as montadoras a terem fábricas no país. Mas desde o início de 2018, com o fim do Inovar-Auto, as importações aumentaram 29%, mas representaram 13% do total de registros, abaixo dos 21% de 2012.
Outro benefício do Rota 2030, segundo as analistas da Moody’s, é que permitirá o melhor aproveitamento da infraestrutura de produção e distribuição de etanol para desenvolver veículos híbridos, o que pode ser mais acessível internamente do que os veículos elétricos que usam somente bateria.
Ainda assim, elas não esperam um aumento da produção ou das vendas de automóveis movidos a combustíveis alternativos no médio prazo, devido as limitações de infraestrutura para recarga dos veículos elétricos, consideráveis investimentos das montadoras nessas iniciativas e menores retornos desses veículos em relação àqueles com motores de combustão.
Fonte: Valor Econômico