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Dados preliminares expõem déficits estruturais do agronegócio brasileiro

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Números prévios do Censo Agropecuário de 2017 computados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam gargalo em infraestrutura do agronegócio brasileiro. Os dados ligados ao maquinário agrícola foram apresentados pelo consultor em Agronegócios Carlos Cogo a executivos do Banco DLL, em Porto Alegre, na conferência Agronegócio: Riscos e Oportunidades em 2018/2019. 

De acordo com o levantamento apresentado por Cogo, de uma frota total que soma 1.226.634 tratores em operação hoje no Brasil, 52% está sucateada – sendo que 42% dessas máquinas têm mais de 20 anos e 10% estão na faixa entre 16 e 20 anos de uso.  Já tratores com até 10 anos de operação representam 38% da frota nacional.  

Em relação a colheitadeiras, o sucateamento é ainda maior, chega a 59% das máquinas das 172.864 que trabalham na colheita da safra brasileira – realidade que leva a perdas significativas no processo de colheita de grãos tanto em volume como em qualidade. Segundo Cogo, são 78.937 (48%) máquinas com idade acima de 20 anos, 18.956 (11%) com tempo de uso entre 16 e 20 anos e 51.763 (31%) com até 10 anos.  “Enquanto nos Estados Unidos há um trator para cada 36 hectares, no Brasil essa conta é de um trator para cada 96 hectares. Essa proporção se torna inviável para um país que planta três safras por ano”, alerta o consultor em Agronegócios, destacando que o ideal para o Brasil seria uma máquina para cada 40/45 hectares cultivados.

O cenário nacional, no entanto, é favorável à aquisição de novos equipamentos, uma vez que não há fatores impeditivos para a renovação da frota. “Tivemos uma grande safra de grãos combinada com preços que remuneram o agricultor, bem como linhas de crédito atrativas”, afirmou o superintendente comercial do AGCO Finance, Paulo Schuch, banco de fábrica das marcas Massey Ferguson, Valtra, GSI e Precision Planting. O executivo destaca que o mercado conta atualmente com muita inovação no setor de máquinas e equipamentos agrícolas e esses avanços vêm ao encontro da necessidade do agricultor de ampliar cada vez mais a sua capacidade de produção por unidade de área. O conhecimento das demandas a partir da avaliação do perfil do produtor e de sua atividade é o que permite um atendimento personalizado e eficiente, diferenciais do banco de fábrica para a oferta de soluções financeiras adequadas. “Temos um nível de serviços que outros bancos não conseguem prover, que vai desde o relacionamento até a agilidade na liberação do crédito”, afirmou Schuch.

 Além de tratores e colheitadeiras, o Brasil também figura no vermelho quando o assunto é capacidade estática de armazenagem da safra agrícola. Para uma safra que beira 230 milhões de toneladas, a capacidade de estruturas para estocar essa produção é de apenas 166 milhões de toneladas. Somente no Centro-Oeste, de onde sai grande parte da produção nacional de grãos do país, essa conta está negativa em 42,1 milhões de toneladas.  “Quanto maior a safra mais a curva de déficit se acentua, e chega a um ponto em que a prática do ‘eu tiro a soja e boto milho e vice-versa não poderá mais ser feita”, afirma o consultor. Segundo Carlos Cogo, apenas 16% da capacidade total de armazenagem hoje no Brasil encontra-se dentro da porteira.

Os dados se repetem na irrigação e confirmam os números expostos por Cogo em fevereiro último: são atualmente no Brasil 6,9 milhões de hectares irrigados entre todas as modalidades: gotejamento, aspersão, microaspersão, carretel, entre outros. O pivô central é o método com maior abrangência de área, responsável pela irrigação de 1,43 milhão de hectares. O Rio Grande do Sul detém a liderança na irrigação, com 1,40 milhão de hectares irrigados, seguido por Minas Gerais, 1,14 milhão de hectares, e São Paulo, 1,10 milhão de hectares sob algum tipo de sistema.

 

Tabela de frete reduz exportações em julho

 

 A tabela de frete definida pelo governo federal por meio da MP 832 após a greve dos caminhoneiros produziu resultados negativos para a balança comercial em julho. O consultor Cargos Cogo apresentou números que comprovam os efeitos da medida sobre o setor exportador: os embarques de todas as commodities apresentou recuo de 12% no mês passado. “Há muito tempo não víamos uma queda tão expressiva acima de dois dígitos”, pontuou.

O especialista lembrou que a tabela instituída com valores mínimos por quilometragem e carga não agradou caminhoneiros tampouco usuários. “Alguns caminhoneiros admitem que a tabela pode não funcionar como esperado, pois a maioria das transportadoras não quer pagar o preço mínimo e a medida pode criar um mercado paralelo”, afirmou Cogo. “É muito simplista pensar em tabelamento que leve em consideração apenas distância e carga”, complementou, destacando que em economias globalizadas não há histórico de tabelamentos bem-sucedidos.

No agronegócio, o impacto do tabelamento pode ir muito além da redução das exportações. Cogo prevê que o aumento entre 30% a 45% do custo do frete após a aprovação da tabela mínima de preços poderá reduzir a competitividade das commodities agrícolas no mercado internacional e elevar o custo de escoamento interno de produtos agropecuários. Segundo ele, já há produtores que não conseguem chegar a um acordo com as tradings sobre o prazo do pagamento, o que tem atrasado as vendas no spot e antecipadas para a safra 2018/2019. Algumas tradings, inclusive, estão sugerindo pagamento 50 a 60 dias depois, alegando que buscam acertar o escoamento com uma transportadora. “Há o risco de que a falta de insumos comprometa a próxima safra, em um efeito cascata que pode ter consequências para a produção de grãos na safra 2018/2019”, afirmou Cogo, ressaltando que no porto de Paranaguá (PR), responsável pelo escoamento de 45% dos fertilizantes importados, há toneladas do insumo paradas.

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