Empresas brasileiras envolvidas nas cadeias de produção de açúcar e etanol poderão ser impactadas negativamente depois que o novo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, surpreendeu os mercados com um decreto que mantém os combustíveis isentos de impostos federais, disseram analistas na terça-feira.
A indústria de açúcar e etanol, bem como os comerciantes internacionais de açúcar, esperavam amplamente a retomada dos impostos federais sobre gasolina e etanol, conforme indicado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada. Mas um dos primeiros atos do governo foi publicar um decreto na segunda-feira mantendo os combustíveis isentos. Em resposta, os contratos futuros de açúcar bruto em Nova York caíram quase 2% na terça-feira.
“A política venceu a economia”, disse a corretora Marex em nota, conforme divulgado pela Reuters. “Em nossa perspectiva, esta medida pode ter efeitos negativos no setor de S&E, pois mantém os preços do etanol abaixo da previsão do mercado, enquanto a expectativa era de aumento dos preços do etanol no início de 2023”, disse o Citi Research para a Reuters.
Como os impostos federais – Pis-Cofins – costumam ser mais pesados para a gasolina, seu retorno foi amplamente visto como positivo para o etanol, que poderia ganhar mercado, e consequentemente positivo também para os preços do açúcar, já que as usinas teriam um incentivo para produzir mais do biocombustível e menos açúcar.
O grupo sucroalcooleiro Unica disse que o novo governo se tornou “cúmplice” do ataque ao meio ambiente iniciado no governo anterior, acrescentando que a medida contradiz o discurso de Lula na COP 27 da ONU, encontro do clima em novembro.
Informações da Reuters, com edição e tradução RPAnews