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Mercadante detalha como o BNDES pretende se tornar um “banco verde”

Brasília- DF 15-03-2016 Aloizio Mercadante, durante coletiva no MEC. Foto Lula Marques/Agência PT
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O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse nesta semana que a instituição financeira do futuro é verde, digital, inclusiva, tecnológica e “reindustrializante”.

Em um evento sobre desenvolvimento sustentável organizado pelo banco, Mercadante afirmou que é preciso, guardadas as devidas proporções, aprender com as recentes políticas dos Estados Unidos e União Europeia para alavancar a indústria por trás da economia de baixo carbono.

“Essas economias estão fazendo política industrial, repensando a relação entre estado e mercado, buscando novos padrões de regulação, especialmente marcos de regularidade fiscal pós-pandemia, e o Brasil precisa olhar para essas experiências”, disse.

Em 2022, a instituição financeira registrou lucro recorrente de R$ 12,5 bilhões, alcançando R$ 41,7 bilhões de lucro líquido.

Sob nova direção, quer voltar ao patamar de desembolsos que já chegou a 2% do PIB, e planeja dobrar o tamanho do banco até 2026.

Segundo Mercadante, o BNDES será um centro de formulação para dar suporte à estratégia brasileira de “reindustrialização”.

Energia renovável em destaque

Uma das frentes é a energia renovável. Na corrida tecnológica, EUA e UE estão adiantados com seus programas de incentivos bilionários para disputar o mercado de baterias, entre outras tecnologias de transição energética.

“Precisamos entender esse desafio e tentar recolocar o Brasil para atrair investimentos e disputar essas possibilidades. É um horizonte bastante complexo e nós estamos atrasados”, afirma.

O banco já tem uma carteira de renováveis com 10% dos financiamentos no Brasil para energia eólica e 2% para solar, mas quer ir além. Com cerca de R$ 8,6 bilhões de investimentos projetados para 2023, Mercadante afirma que há “grandes possibilidades na área da energia solar fotovoltaica”.

Mas a grande oportunidade – e desafio – está no hidrogênio verde (H2V). O presidente do BNDES avalia que, embora o Brasil tenha uma matriz energética e um potencial de geração renovável que viabilizam o H2V, o custo de capital é um problema.

“A Alemanha, por exemplo, está financiando todas as plantas nesse setor a juro zero. E nós estamos com uma taxa de custo muito elevada e pouco competitiva”, pondera.

Outros enfoques

Emergência climática e combate ao desmatamento também estão no horizonte. Uma das iniciativas que o banco pretende fortalecer é o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), além de apoiar a reorganização da defesa civil.

Reconhecendo o custo elevado dos desastres naturais – causados pela emergência climática –, o BNDES planeja um edital específico para aprimorar tecnologias na área de prevenção.

No combate ao desmatamento, o banco começou um programa em fevereiro que usa imagens de satélite para bloquear empréstimos a propriedades rurais desmatadas ilegalmente. A ideia é impedir o financiamento “antes de entrar no banco”.

O controle ocorre por meio de uma parceria com o MapBiomas, que monitora em tempo real todos os biomas brasileiros usando satélites de alta resolução e gera alertas e laudos com imagens antes e depois de desmatamentos.

Desde o dia 9 de fevereiro, as informações geradas pela plataforma serviram como base para negar 58 pedidos de empréstimos que somavam R$ 24,8 milhões e eram destinados a imóveis rurais com desmatamentos em 14 estados, no total de 948 hectares – equivalente a cerca de 1,3 mil campos de futebol.

Para Mercadante, a pauta de rastreabilidade virá e é preciso modernizar a agenda. O banco também quer começar a financiar programas de produção de mudas, reflorestamento, e produtos brasileiros que se apresentem como desmatamento zero na pauta de exportação.

Mercado

O discurso de reindustrialização verde e compromisso com sustentabilidade ambiental do governo Lula (PT) tem agradado segmentos da indústria que querem investir em novas energias no país. A bola da vez é o hidrogênio.

“O Brasil tem uma escolha a fazer. Ele não é o único que pode fornecer hidrogênio verde para o resto do mundo. Pelo custo marginal baixo, temos uma vantagem no momento zero, mas essa vantagem tem que ser encorajada”, defende o chefe de relações governamentais e ESG da Siemens Energy para a América Latina, Henrique Paiva.

Em entrevista à newsletter Diálogos da Transição, da EPBR, ele defendeu uma política industrial direcionada para incentivar as rotas de baixo carbono, a exemplo do que ocorreu para eólica no início dos anos 2000, ou para o etanol na década de 1970.

Olhando para os possíveis parceiros comerciais e investidores, o Brasil também precisa melhorar sua mensagem, de forma a dar segurança sobre qual será sua estratégia para o novo energético.

Paiva participou na semana passada de uma reunião da comissão mista do Encontro Econômico Brasil-Alemanha, fechada a alguns agentes do mercado e governos dos dois países.

Ele conta que o encontro mostrou representatividade e consistência de agendas, com diversas oportunidades de parcerias. Um desafio do país, no entanto, é dar garantia sobre as informações que são repassadas ao mercado. “Dar confiança para o tipo de informação que mandamos lá para fora é algo que também vai nos abrir portas”, expõe.

A Siemens Energy está desenvolvendo plantas de hidrogênio verde na América Latina e Paiva afirma que grandes projetos estão previstos para o Brasil em 2024 e 2025.

“Cada vez mais os projetos se mostram mais maduros. Tem uma fase do entendimento dos atores da cadeia de valor, o papel do financiamento governamental também começa ficar um pouco mais claro. É uma evolução natural de aprendizado que esse novo mercado terá”, completa.

Em 2022, a instituição financeira registrou lucro recorrente de R$ 12,5 bilhões, alcançando R$ 41,7 bilhões de lucro líquido. Sob nova direção, quer voltar ao patamar de desembolsos que já chegou a 2% do PIB, e planeja dobrar o tamanho do banco até 2026. Segundo Mercadante, o BNDES será um centro de formulação para dar suporte à estratégia brasileira de “reindustrialização”.

Fonte: EPBR/Nayara Machado

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