Três fazendas das cidades de Jaguaquara, no sudoeste da Bahia, Juazeiro, no Norte do Estado, e Guaratinga, no extremo Sul, foram ocupadas por integrantes do Movimento Sem Terra (MST) neste fim de semana. Mais de 500 famílias estão em áreas consideradas improdutivas pelo movimento. As informações foram divulgadas pelo G1 Bahia.
A ocupação da fazenda Jerusalém, em Jaguaquara, aconteceu na madrugada de domingo (23). Na manhã desta segunda-feira (24), cerca de 200 famílias estão no local. A fazenda Jerusalém, de acordo com o MST, tem um decreto de desocupação desde 2010. Ela já foi ocupada, os integrantes saíram e voltaram a ocupar a área no domingo.
A Polícia Militar informou que a ocupação aconteceu de forma pacífica e que não houve confronto. Afirmou também que a ocupação foi iniciada com cerca de 80 pessoas, mas no fim da tarde o número subiu para mais de 200.
A ocupação em Juazeiro aconteceu na comunidade do Salitre, na zona rural, também no domingo. O MST informou que cerca de 200 famílias estão no local, que tem pouco mais de 4 mil hectares. Algumas áreas do Salitre já foram ocupadas em outras oportunidades pelo grupo.
Em Guaratinga, 118 famílias estão na área da fazenda da Mata Verde, na zona rural. Essa ocupação aconteceu no sábado (22) e o grupo alega que a área é improdutiva.
Invasão na Embrapa: MST inicia desocupação
Nesta sexta-feira (21), militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que estavam ocupando a área da Embrapa em Petrolina, Pernambuco, começaram a deixar o local depois do pedido de reintegração de posse determinado pela Justiça.
A saída dos invasores havia sido determinada na quarta-feira, 19, pela Justiça de Petrolina. No dia seguinte, um oficial da justiça realizou a intimação das lideranças do movimento para a desocupação em um prazo de 48 horas. A Embrapa confirmou que a saída dos sem-terra foi iniciada “de forma tranquila” e tinha a expectativa de que a retirada total acontecesse até o final da noite deste sábado.
O MST decidiu em assembleia geral cumprir o prazo de 48 horas estabelecido pela ordem judicial. As famílias estão se deslocando para uma área provisória que foi cedida pelo governo. Uma equipe do Incra Nacional será enviada para fazer o cadastramento das famílias e fornecer lonas e cestas básicas para o novo acampamento.
A invasão do centro de pesquisas da Embrapa Semiárido causou grande repercussão por se tratar de área pública, produtiva e destinada a melhoramento de técnicas agrícolas que beneficiam especialmente os pequenos produtores da região. Conforme a Embrapa, a unidade desenvolve experimentos e multiplicação de material genético básico de cultivares (sementes e mudas) adaptados para cultivo em áreas com baixa incidência de chuvas, como o Nordeste.
O MST também iniciou, na sexta, 21, o processo de desocupação das áreas invadidas da Suzano em Aracruz, no Espírito Santo. O plano de desocupação prevê que as famílias do movimento devem deixar a área até a próxima quinta-feira (27).
Apesar da decisão judicial de reintegração na última terça-feira (18), a ação do movimento não está relacionada à decisão judicial, mas sim a uma promessa do governo federal. De acordo com os militantes, a desocupação será concluída até o final da próxima semana, seguindo os protocolos necessários para a saída das famílias da área.
Governo criticou MST
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, criticou a nova onda de invasões do MST. Segundo Padilha, o movimento tem outras formas de luta que podem apresentar mais resultados. “Eu já disse: discordo de qualquer tipo de invasão de áreas produtivas, sobretudo de áreas que estão desenvolvendo pesquisas, como forma de luta. Acredito que o movimento tem outras formas de luta que podem conquistar ainda mais a sociedade para uma causa tão importante que é a reforma agrária”, afirmou.
“O Ministério do Desenvolvimento Agrário está desde o começo dialogando com a agricultura familiar e os movimentos que estão na área rural para construir junto um programa de fortalecimento de assentamentos”, complementou.
Na última quinta-feira (20), os líderes do MST foram recebidos pelo ministro da Fazenda,Fernando Haddad (PT), e ainda foram atendidos pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), que abandonou um evento em Londres a mando de Lula para resolver a crise. O movimento, porém, ampliou a lista de exigências ao governo.
Agora, o MST quer a nomeação de mais sete superintendentes do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a instalação de uma mesa de negociação com a participação do governo federal para deixar terras invadidas da Suzano, além de cobrar de Haddad mais verbas públicas para a compra de terras destinadas à desapropriação.
De acordo com o MST, os recursos são insuficientes para atender às necessidades da reforma agrária. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, expressou sua preocupação em relação às recentes invasões de terras promovidas pelo MST, afirmando que essa não é uma estratégia eficaz. No entanto, ele destacou que o governo está empenhado em encontrar uma solução para o problema e que o impacto com o MST deve chegar a um acordo positivo.
Múcio também enfatizou que o presidente Lula e o ministro Paulo Teixeira estão preocupados com a situação e empenhados em buscar uma solução. O governo acredita que as invasões podem ter o efeito contrário do desejado, atrasando o cronograma de reforma agrária que estava sendo montado.