A Petrobras estuda investir na Raízen, joint venture formada por Cosan e Shell, segundo informações publicadas pelo jornal O Globo, neste final de semana. Fontes do setor afirmam ao jornal que estão em análise diferentes possibilidades, como a entrada da estatal como sócia ou a compra de ativos, movimento que marcaria sua volta ao setor de etanol – estratégia já destacada pela presidente Magda Chambriard.
Para um analista que não quis se identificar, a entrada da Petrobras na Raízen poderia ser um primeiro passo para sua volta ao setor de distribuição. “Tudo o que for necessário, seja no B2B (venda de empresa para empresa), para o grande consumidor, seja uma venda para o consumidor final em postos de combustíveis, seja na direção do gás, nós queremos portas abertas para optar pela melhor agregação de valor possível”, disse Magda.
A Raízen é uma das principais produtoras de etanol de cana-de-açúcar do Brasil e a única no mundo a produzir em escala comercial o etanol de 2ª geração, a partir do reaproveitamento da biomassa. A companhia opera 29 usinas e também atua na distribuição de combustíveis com a marca Shell no Brasil, Argentina e Paraguai, somando mais de 8 mil postos revendedores.
Segundo as fontes ouvidas pelo Globo, a ideia da Petrobras é se tornar um ator relevante no mercado de etanol neste primeiro momento. O interesse da Petrobras esbarra, entretanto, na cláusula de não competição com a Vibra (antiga BR Distribuidora), válida até 2029, no setor de distribuição. Por isso, estão em estudo alternativas como separação ou acordos específicos de gestão dos ativos.
Enquanto isso, a Cosan busca novos sócios para seus negócios. O presidente da companhia, Marcelo Martins, afirmou em teleconferência com analistas que as prioridades são reduzir o endividamento e buscar um portfólio mais equilibrado. A Cosan encerrou o segundo trimestre com dívida de R$ 17,5 bilhões e prejuízo de R$ 946 milhões.
Segundo Martins, trazer um sócio estratégico para a Raízen é uma das alternativas em avaliação, em alinhamento com a Shell. “Trazer um sócio estratégico é uma opção de que gostamos. Trazer alguém que tenha alinhamento com a nossa estratégia e com a da Shell também é relevante.”
Martins afirmou ainda que a Cosan “considera a venda parcial de ativos”. A empresa, que é dona de Rumo, Compass, Moove e Radar, desfez-se de suas ações da Vale no início deste ano, em um negócio que gerou cerca de R$ 9 bilhões.
No processo de ajustes, a Raízen já encerrou as operações da usina Santa Elisa (SP), transferiu contratos para a São Martinho, vendeu 55 usinas de geração distribuída para a Thopen Energia e a Gera Holding, e ainda negocia a venda de usinas em Mato Grosso do Sul e São Paulo.
“Temos conversas em andamento já há algum tempo, e outras são mais recentes. Nosso objetivo é, até o final do ano, ter uma indicação clara de quais negócios eventualmente vamos monetizar para levantar a quantidade de recursos que consideramos viável e adequada para este ano. O esforço de desalavancagem da Cosan não termina este ano. Ele continua. Nosso objetivo é chegar a uma dívida próxima de zero na holding”, disse em teleconferência.
Cosan e Raízen, procuradas pelo jornal, não comentaram as negociações com a Petrobras. A estatal também não comentou.
Com informações de O Globo