Depois de três semanas consecutivas de desvalorização, os preços do açúcar voltaram a subir na sexta-feira, impulsionados por uma correção técnica após o mercado atingir níveis considerados “sobrevendidos”. A alta, no entanto, ocorre em meio a um cenário de pressão global sobre as cotações, refletindo o aumento da produção no Brasil e as projeções de um novo superávit mundial.
O contrato de açúcar bruto com vencimento em março de 2026 fechou em alta de 0,15 centavo de dólar, ou 1,05%, para 14,43 centavos de dólar por libra-peso. Já o contrato de açúcar branco com vencimento em dezembro deste ano subiu US$ 1,70, ou 0,41%, para US$ 415,70 por tonelada.
Na quinta-feira, o contrato futuro do açúcar em Nova York chegou ao menor valor dos últimos cinco anos, enquanto em Londres o açúcar branco atingiu o piso mais baixo em quase cinco anos. O movimento de queda tem sido atribuído, principalmente, ao crescimento da produção brasileira e às estimativas de excesso de oferta global.
Segundo projeção da consultoria Datagro, a produção de açúcar na região Centro-Sul do Brasil deve crescer 3,9% na safra 2026/27, alcançando o recorde de 44 milhões de toneladas. Já o BMI Group estima um superávit global de 10,5 milhões de toneladas em 2025/26, enquanto a Covrig Analytics projeta 4,1 milhões de toneladas de excedente no mesmo período.
Produção brasileira continua sustentando o mercado
Os números da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) reforçam a tendência de maior oferta. No primeiro quinzenário de outubro, a produção de açúcar no Centro-Sul somou 2,484 milhões de toneladas, alta de 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A proporção da cana destinada à fabricação de açúcar também aumentou: 48,24% da moagem foi convertida em açúcar, ante 47,33% no mesmo período de 2024. Com isso, a produção acumulada até meados de outubro na safra 2025/26 atingiu 36,016 milhões de toneladas, um avanço de 0,9% sobre o ciclo anterior.
Índia pode ampliar exportações e pressionar preços
Outro fator baixista para o mercado é a perspectiva de recuperação da safra indiana. Chuvas abundantes durante a monção devem impulsionar a produção do país, tradicionalmente o segundo maior produtor mundial de açúcar.
De acordo com o Departamento Meteorológico da Índia, o volume acumulado de chuvas até 30 de setembro foi de 937,2 milímetros, 8% acima da média histórica — o maior índice em cinco anos. A Federação Nacional das Usinas Cooperativas de Açúcar da Índia projeta que a produção de açúcar em 2025/26 cresça 19%, alcançando 34,9 milhões de toneladas, sustentada pelo aumento da área cultivada.
O avanço viria após uma forte retração de 17,5% em 2024/25, quando a produção caiu para o menor nível em cinco anos, 26,2 milhões de toneladas, conforme dados da Associação das Usinas de Açúcar da Índia (ISMA).
Informações da Barchart

