A Cosan concluiu na noite de segunda-feira (3) uma oferta de ações (follow-on) com captação de R$ 1,8 bilhão, segundo apurou o Estadão/Broadcast. A operação integra um amplo plano de capitalização de R$ 10 bilhões da holding que controla empresas como Raízen e Compass.
Com a nova emissão, a companhia já levantou R$ 9 bilhões e deve concluir, nos próximos dias, uma segunda venda de ações estimada em cerca de R$ 1 bilhão, de acordo com fontes ouvidas pela Agência Estado. As informações sobre essa nova tranche devem ser tornadas públicas nesta terça-feira (4).
Na oferta encerrada ontem, foram vendidas 362,5 milhões de ações a R$ 5,00 por papel, valor previamente definido. Segundo o Estadão/Broadcast, a demanda dos investidores institucionais foi dez vezes superior ao volume ofertado. Do total captado, metade (R$ 900 milhões) ficou com investidores de varejo e a outra metade, com institucionais — grupo no qual a Cosan deu prioridade a quem já possuía ações da empresa.
De acordo com uma das fontes citadas pela Agência Estado, mesmo com a priorização, muitos investidores ficaram de fora, o que pode indicar forte procura também na segunda oferta, prevista para esta semana.
O preço de R$ 5,00 por ação foi considerado atrativo, com desconto de cerca de 20% em relação ao valor de mercado, segundo gestores ouvidos pelo Estadão/Broadcast. As apresentações para investidores (roadshows) começaram em 24 de outubro e terminaram no dia 3 de novembro.
Do total emitido, 50% dos papéis terão lock-up de dois anos e os outros 50%, de 100 dias. A demanda foi liderada por gestoras locais, enquanto investidores estrangeiros ficaram com cerca de 15% da parcela institucional.
Além da oferta a mercado, a capitalização da Cosan inclui a venda de 1,45 bilhão de ações, no valor de R$ 7,25 bilhões, adquiridas por BTG Pactual, pela gestora Perfin e pelos family offices Aguassanta e Queluz, ligados à família do empresário Rubens Ometto.
Uma segunda oferta, de aproximadamente R$ 1 bilhão, deve ser fechada em 11 de novembro, também a R$ 5,00 por ação, mas sem lock-up. Embora o desenho inicial previsse uma captação de até R$ 2,75 bilhões (550 milhões de ações), a Cosan decidiu reduzir o lote para completar os R$ 10 bilhões necessários à capitalização.
A estrutura da operação foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 30 de outubro. Após a transação, o controlador Rubens Ometto permanece como sócio majoritário, com 50,01% das ações ordinárias, mantendo também a presidência do conselho. Já BTG e Perfin passam a deter, em conjunto, 49,99% das ações ordinárias.
Os três acionistas firmaram acordo de governança, e, juntos, passam a controlar 55% do capital social da Cosan.
Redução de dívida e coordenação da oferta
A injeção de capital faz parte da estratégia da companhia para melhorar a estrutura de capital e reduzir o endividamento. A dívida total da Cosan deve cair de R$ 23,7 bilhões, no segundo trimestre, para R$ 13,7 bilhões após a capitalização.
Nos últimos meses, o grupo realizou venda de ativos para reforçar o caixa, incluindo a participação bilionária na Vale e usinas da Raízen, sua joint venture com a Shell no setor de energia renovável.
A operação foi coordenada pelo BTG Pactual, com participação de Bradesco BBI, Santander e Itaú BBA. Na nova oferta, o Citi também integrará o grupo de coordenadores.
Matéria baseada em informações publicadas pelo Estadão/Broadcast, de autoria de Cynthia Decloedt e Altamiro Silva Junior.

